Nós

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Entramos no bosque em meio a chuva , sem medir consequências , ele me puxava pela mão . Nos arredores de Hale , distante da civilização , quase na fronteira . Uma pequena propriedade sombria descansava entre seus muros escuros . Uma casa de dois andares que precisava de uma reforma urgente .
Lucius soltou minha mão e entrou , fiquei imóvel . Ele apenas virou se para trás sem expressão.
- Feche a porta . - Sussurrou .
Sem o que dizer , fiquei em silêncio esperando alguma reação ou alguma palavra . Lucius tirou o casaco e se apoiou na lareira , seus cabelos escorriam água .

- Tem ideia do que você fez ? - Ele sussurrou.
- Você tem ? - Rebati.
- Sim , diferente de você eu calculo cada movimento. Achou que iria se livrar de mim Mary ? - Ele suspirou fundo.
- Achei . Thomas . - Fui irônica .
- Lilian , Lilian tudo absolutamente tudo exige consequências . O que houve em Hale é uma consequência! E continuará assim até que você volte a sã consciência que é minha esposa . - Ele falava com uma certa preguiça.
- O que inocentes têm a ver com isso ? - Perguntei.
- O mesmo que tiveram em Londres . - Lucius respondeu.
- Não sujo minhas mãos com sangue inocente , ao contrário de você.  - Rebati.
- Corbusier ? O que ele fez pra você?  - Ele riu .
- Isso não é da sua conta . - Resmunguei.
- Hipócrita . Lilian pare de se esconder atrás de uma imagem limpa de boa moça , porque você não é . Pode enganar seus pais e todos esses idiotas mas , a mim não. - Ele parecia nervoso.
- Não estou aqui para ouvir suas críticas injustas , eu não sou boa ? Você sim , sempre foi . Lucius o homem que ama brincar de Deus ! Decide a vida e a morte , controlador de tudo , juiz da vida . No fundo você não passa de um garoto mimado , doente que justifica os erros em cima da dor que não consegue superar porque é fraco . - Gritei virando me para a porta.
- Se você ultrapassar a porta , seus pais são os próximos. - Seu tom era calmo , virei me para ele com ódio.
- Faça isso . E eu ... - Lucius me interrompeu.
- Eu ? Não tenho nada pra você destruir. - Ele riu .
- Não esqueça . Sou mãe da sua filha e criei como meu , o filho que você mesmo deixou órfão e quase o matou .  - Eu disse apontando o dedo em seu rosto .
- Sua va... - Ele resmungou mas dessa vez eu o interrompi .
- Vadia?  Era um caminho melhor a ser seguido que ficar ao seu lado . - Sorri , despedaçada por dentro.
- Na primeira chance que teve resolveu brincar de casinha com um babaca . - Ele estava furioso . - Devo lhe desejar Parabéns ? Sra. Winderclok . - Lucius me olhava com raiva .
- Mando lhe um convite ! - Sorri , quase chorando.
- Você o ama ? - Ele sussurrou.
- Amo . - Menti.
        Lucius continuou me encarando esperando alguma reação minha , apenas fiquei em silêncio.
- Você o ama ? - Ele repetiu , olhando fundo em minha alma.
           Me aproximei de seu rosto , tocando sua pele fria e translúcida . Eu não queria chorar , mas meus sentimentos sufocados eram maiores enquanto a chuva era impetuosa lá fora.  Lucius me afastou de si como uma defesa . Tentei tocar seu cabelo mas ele segurou minhas mãos.
- Eu viajei milhas por você , matei por você , eu construí seus sonhos em cima dos meus , coloquei você no pedestal mais alto da minha vida . Pra você jogar fora como um vestido fora de época... - Ele parecia perplexo como se não acreditasse .
- Também fiz sacrifícios por você , minha vida foi um deles , não acha o bastante ? Não eu não estou jogando fora , estou reconstruindo o que nós destruímos. - Sussurrei .
              Lucius me puxou para si com força , me aninhei em seu abraço molhado . Meu coração acelerou e meu espírito entrou em estado de paz .
              Seus lábios tocavam minha testa , levantei o rosto e eles tocaram os meus lábios . Os dedos dele entravam em meu cabelo com segurança e cada vez mais deixávamos claro a urgência daquele momento. Suas mãos eram firmes arrancando a barreira de roupas entre nós , quando enfim estávamos prontos para nosso culto . Ele deitou enquanto seus olhos desnudavam minha alma ainda vestida de orgulho , eu tinha aquele homem inteiro pra mim , subi sobre seu corpo o olhando em aprovação , Lucius pós as mãos em meus quadris e fez seu ritmo , minha necessidade daquele homem era tanta que logo aquilo se tornou frenético .
             Me inclinei para beija lo , ele me puxou outra fez para si , rolando por cima do meu corpo e me tomando sobre seu controle.  Quando se ama alguém o prazer da carne alcança o espírito o levando ao êxtase . Como em todo ritual a bênção final era quando aquele estado absoluto era alçando e repousavamos sobre o outro recuperando a respiração .

- Não eu não amo Jack . - Sussurrei sobre sua boca . - É você , apenas você . - O beijava .

          Adormeci sobre seu peito , enquanto Lucius acariciava meus cabelos e afundava seu rosto neles .
         A claridade do dia cinzento me incomodava , revirei para um lado e para o outro abrindo os olhos.  Estava deitada em uma cama desconhecida.  Lucius estava sentado à minha frente com uma xícara fumaçante, ele me olhava pensativo .

- Bom Dia.  - Disse .
- Subi com você , não acordou e nem se moveu um instante . - Ele disse .
- A meses eu não dormia assim . - Respondi.
- Foi uma noite agradável como todas ao seu lado . - Seu tom era sério.
- Preciso voltar a Hale . - Disse levantando - Onde estão minhas roupas ? - Perguntei.
- Primeiramente precisamos conversar.  - Ele tomava algo naquela xícara com paciência.
- Sobre o que?  - Perguntei.
-  Nós?  - Lucius era retórico.

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