O primeiro beijo (parte 5)

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(...) Travei! Não era possível que ela estivesse ali.
"__ Rafa, essa é a Camila, a amiga que faltava." Me respondeu a Juh.
Virei e confirmei. E agora?!
"__ Oi Camila, tudo bem?!" Minha cara ficou automaticamente roxa de vergonha e constrangimento por ela estar ali.
"__ Sim, estou. Não sabia que você conhecia a Juh!" Respondeu ela, abraçando ironicamente a moça pela qual eu estava teoricamente apaixonado.
"__ Sim, conheci ela recentemente." Era inevitável que Juh percebesse o desconforto entre ambas as partes, e imediatamente ela mesmo resolveu interferir na conversa:
"__ Rafa, Camila. Vou deixar vocês conversarem melhor, depois eu volto".
Mas antes que ela fosse embora dali, segurei o braço dela e com um belo sorriso respondi levemente para a Camila:
__ Nós não temos mais nada para conversar. Eu vou com você Juh"!

Deixei Camila lá parada, com um olhar que me fuzilava a distância. À partir de agora, a certeza de que ela tentaria acabar com a minha história era eminente. Eu sentiria na pele a fúria de uma mulher, cujo ego foi ferido. Mas quer saber? Foda-se. Ela devia ter pensado nisso antes, quando a única prioridade na minha vida era fazê-la sorrir. Eu era o tipo de rapaz que se ela espirrasse pelo telefone, eu levava remédios para ela, às 03h da manhã, de bicicleta (na época não tinha carro), na outra ponta da cidade. Eu era aquele tipo de rapaz que estava sempre presente, independente se ela queria ou não a minha companhia, e acho que só agora a Camila se deu conta de que estava me perdendo. E pela primeira vez na vida, eu entendi aquele velho ditado, na qual é necessário se perder, para se encontrar. Ela me perdeu, e eu me encontrei!

Já no outro canto da balada, retomei a conversa com a Juh, mas evitei tocar no assunto referente à Camila, mesmo ela insistindo muito. O olhar dela me hipnotizava enquanto eu falava. Era um papo tão gostoso que poderíamos passar a madrugada toda ali, e mesmo assim faltaria tempo para tantos assuntos. Estávamos sentados nos bancos altos do balcão. Eu não conseguia tirar os olhos daquela boca,e óbvio que ela percebeu isso. Puxei o banco pra mais próximo dela, e de quebra ela apoiou uma das mãos sobre meu joelho. Pausamos a conversa, por alguns segundos eu perdi a voz, era olho no olho, e eu só desviei o olhar quando percebi uma pequena "mordida" que ela deu na própria boca, bem no cantinho, era a hora! Calmamente levei minha mão direita em seu ombro, e delicadamente deslizei até a nuca. A mão esquerda encaixou na cintura dela, de forma que eu pude puxá-la para bem próximo à mim. Era nosso primeiro beijo! O tempo parou, já não me importava mais nada. O mundo poderia acabar naquele instante. Permanecemos ali por longos minutos.

Tinha algo mais naquele beijo, não era possível tamanha sintonia num beijo só. Eu seria capaz de esquecer meu nome, mas não esqueceria aquele momento. Fomos interrompidos pela amiga, que resolveu chamá-la pra ir ao banheiro justo naquela hora. Por que diabos mulheres não vão ao banheiro sozinhas? kkkk'. Fiquei ali pensando, enquanto as duas sumiam no meio do povo, em direção ao banheiro. O ambiente estava tranquilo, tudo dentro dos conformes, naquele canto só estava eu e mais umas 8 pessoas. Percebi que tinha uma moça no canto, próximo à mesa de sinuca, cabeça baixa, aparentemente chorando, mas a iluminação estava forte e não deu pra ver quem era. Juh estava demorando tanto, que cheguei a pensar que tinha encontrado alguém pelo caminho, ou que algum outro homem estava amolando ela, impedindo de chegar até aqui. Droga! Eu estava com ciúmes de alguém que eu acabara de beijar. Resolvi esperar mais um pouco.

A moça que estava sentada se levantou, e eu tomei um baita susto. Era Camila! Maquiagem borrada, olhos vermelhos de tanto chorar e uma cara tão triste, como eu nunca havia visto. Foi automático, me levantei na mesma hora, preocupado e fui em sua direção. O que tinha acontecido com ela? Eu nunca tinha visto ela chorar! Me deu uma sensação tão ruim, que corri pro lado dela:
__ Camila, o que aconteceu? Você está bem?! Perguntei.
__ Estou sim Rafa, obrigado por perguntar. Ela me respondeu, com uma voz tão suave e doce.
__ Está precisando de alguma coisa? Por que está chorando?
__ Nada Rafa. Estou indo, se cuida!
Ela me deu um beijo no rosto, e se dirigiu à saída. Aquela não era a Camila que eu havia conhecido. Fiquei preocupado.

Juh ainda não havia chegado, então resolvi ir atrás dela, e pra minha surpresa, ela já não estava mais no banheiro, e sim, numa roda de amigos próximo à entrada. Fui até lá, cheguei bem próximo ao ouvido dela, mas fui cortado pela amiga, que me segurou pelo braço e disse baixinho:
__ O ex namorado dela chegou na festa, Ela não quer aparecer com outro, na frente dele. Espere um pouco e ela vai te explicar melhor.

Se apega, sim!Onde histórias criam vida. Descubra agora