O perfume enlouquecedor (parte 2)

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(...) Mas as perguntas que me cercavam eram essas: __ Por que eu não puxei conversa? Por que eu não perguntei o seu nome? Por que não elogiei aqueles olhos? E a principal de todas... O que eu estava fazendo ali, que ainda não tinha voltado pra buscar o pão de queijo e as respostas dessas perguntas!

Eu fui, apressei os passos no receio dela já ter ido embora, e quando cheguei, infelizmente ela já havia ido embora. Era evidente a minha cara de decepção, tão evidente ao ponto da moça do balcão perceber que o meu olhar procurava algo, ou alguém, que já não estava mais ali. __ Oi, você tá procurando a moça que derrubou os biscoitos né?! E com um sorriso de canto a canto, eu mexi a cabeça positivamente, ao que ela respondeu: __ Fica tranquilo, ela vem todos os dias. Bingo! A batalha ainda não estava perdida, mas também sequer havia começado, se é que posso chamar algo bom de "batalha".

Voltei para o estágio e logo de cara fui interrogado pelas outras estagiárias e funcionárias, que sequer imaginavam o que havia ocorrido, mas podiam afirmar com precisão, apenas olhando o brilho dos meus olhos, que algo mudou. Sim, aquela quarta feira simples, comum, em poucos minutos se tornou o ponto de partida de uma história que daria muitas e muitas voltas. Peguei o ônibus para a faculdade e acreditem, eu, que sempre fui o bagunceiro da turma, me contive em um silêncio assustador e reflexivo. Como podia uma pessoa desconhecida mexer com todo um ciclo sentimental? Eu não sabia o seu nome, mas em pensamento, já marcava até a viagem do casamento. Por toda a viagem eu pensei dezenas de situações cuja protagonista era a moça desastrosa que eu encontrei naquela tarde.

Quase chegando na faculdade, fui interrompido por uma SMS, e assustei quando vi o número. O que faria uma pessoa que nunca se importou comigo, que sequer respondia minhas mensagens, que diga-se de passagem, sempre foram fofas e apaixonadas, lembrar de mim naquele momento, dizendo que estava com saudades?! Por um instante meu cérebro travou entre o passado e o presente. Respondi a SMS com toda a educação que sempre tive, acompanhado de uma simples pergunta: __ Lembrou que eu existo?! E prontamente ela respondeu, o que me assustou novamente. __ Vamos fazer algo neste final de semana? - Meu Deus, a pessoa que sempre corri atrás estava me chamando pra sair! Mas era difícil esquecer todas as dezenas de foras e vácuos que eu ganhei dela. Deixei pra responder no outro dia.

DIA 02 - O reencontro ::

Quinta feira, mesma rotina de sempre, mas o ânimo para o estágio estava diferente. A ansiedade era tanta que nem almoçar eu fui, lanchei pelo centro. O relógio marcava 15h, e eu já não via a hora de voltar naquela padaria. Era hora do lanche, nem era a minha vez, mas me prontifiquei a pagar o lanche, justificando que eu tinha que ir para escolher. Ótima desculpa! E fui. Já fazia 20 minutos que eu estava dentro da padaria batendo papo e enrolando, ao ponto de até a dona perceber que eu esperava alguém.

Ela nem havia entrado e aquele cheiro gostoso já tinha me nocauteado no balcão. Era ela. A moça do sorriso perfeito, do olhar indescritível, das covinhas no canto da boca e no queixo. Pra alguns, nem era tanto assim, mas pra mim, as outras mulheres simplesmente sumiram, próximo a ela. Eu não podia perder aquela oportunidade, e antes que ela derrubasse a prateleira novamente, me antecipei: __ Moça, só queria dizer, que eu estou aqui, caso você destrua algo ou derrube a padaria inteira. Ela riu! E eu fiquei bobo alegre. Droga! O assunto não saia. De cara, já me apresentei e perguntei o seu nome, e ela docemente respondeu: __ Esquece meu nome, pode me chamar de Juh! E conversa vai, conversa vem, descobri que naquele final de semana, ela iria numa balada, comemorar o aniversário da amiga. Nos despedimos, e eu fui embora.

O sorriso novamente era evidente, se não fosse por um detalhe. Como eu vou falar com ela amanhã? Eu não pedi o número do telefone. Se bem que obviamente ela não passaria para um recém conhecido. Percebi que aquela padaria se tornaria o ponto de encontro dos próximos dias. Mas e daí?! Alguma coisa me fazia crer que valeria a pena. Celular toca, nova SMS, com o seguinte texto: __ Está descontando os vácuos que eu te dei? Preciso saber se você vai querer sair comigo nesse final de semana! (...)

Se apega, sim!Onde histórias criam vida. Descubra agora