A minha melhor amiga estava diferente (parte 19)

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Tocou, tocou e nada dela atender. Liguei mais umas 4 vezes, sem êxito, ela não atendeu.
Pois bem, se ela queria falar comigo, ela não se incomodaria se fosse acordada na madrugada.
Virei o carro e fui em direção à casa da Fer. Chegando lá, conscientemente encontrei o pai dela na porta, tirando o carro para ir trabalhar.
__ Sr. Francisco, desculpa a hora, mas a Fer ta ai? Perguntei, enquanto o pai dela manobrava o carro na garagem.
__ Uai, eu achei que ela estaria com você. Um moço de carro buscou ela ontem a noite, e até agora a criatura não voltou.
__ Comigo não! Eita Fernanda! Retruquei, com um ar de preocupação.
__ Entra e espera lá dentro, a mãe dela acabou de passar um cafézinho. Disse o pai dela, que na sequência foi embora trabalhar.

Entrei e ja fui especular a mãe dela, que provavelmente sabia quem havia buscado a Fer, e onde ela estaria. 
__ Dona Isabel, onde a Fer foi? Por que ela ainda não voltou? Perguntei, ainda na porta.
A mãe da Fer era aquele tipo de mãe que acobertava a filha, e sempre me dava um esporro quando nós fazíamos alguma merda.
__ Ela saiu com uma amiga, deve ter dormido lá. Me respondeu, dando uma risadinha.
__ Eu já sei que ela saiu com um rapaz, Sr. Francisco me contou na porta. Respondi.
__ Eita homem fofoqueiro! Senta aí, toma café que logo ela chega. Disse Isabel, enquanto começava a organizar a casa, nas primeiras horas da do dia.

Ali permaneci, por mais ou menos umas 2 horas, esperando. Debrucei os braços sobre a mesa, abaixei a cabeça e cochilei. Minha mãe já sabia onde me encontrar quando eu  demorava a chegar. Até nisso as famílias eram confidentes e provavelmente a mãe da Fer já havia comunicado minha mãe, para minimizar as preocupações.
Algumas vezes eu chegava até a acreditar que ambas faziam questão de nos cutucar, na esperança de ver eu e a Fer juntos. Ela era o Xodó de casa, e eu, muito querido na casa dela.

No meio do meu cochilo, fui tocado nos ombros, e na sequência veio aquela voz inconfundível no meu ouvido:
__ Tem um colchão no meu quarto, vamos pra lá dormir, você me parece cansado.
Era ela, Fernanda! Abri os olhos vagarosamente  e olhei pra ela. Já eram quase 7 horas, e acreditem, ela estava linda, e com um sorriso de orelha a orelha.
__ Onde você estava? Quem veio te buscar? Por que me ligou? O que queria? Por que está chegando agora?! Perguntei, em tom de interrogatório. E logo fui interrompido:
__ Calma, não era nada, ou melhor, já passou!
Respondeu Fernanda, que simplesmente me deu um beijo na testa estará foi para o quarto.
O que diabos havia acontecido com aquela menina?! Era perceptível que ela estava diferente. E aquilo, de certa forma, me preocupou.

Confesso que nunca me imaginei em um relacionamento com a Fernanda, mas também nunca me imaginei longe dela, ou dividindo ela. A simples possibilidade dela se envolver com outra pessoa, me deu um nó na garganta, capaz de esquecer, inclusive, a noite maravilhosa que eu tinha passado com a Juh.
Permaneci ali, sentado na mesa, enquanto um turbilhão de coisas passava na minha cabeça. Um homem sabe muito bem quando a possibilidade de perder ronda a sua vida, e pela primeira vez em anos, eu pude perceber o quanto fui idiota com aquela mulher, que por muitas vezes, foi o meu tudo. Lembrei das vezes em que o colo dela foi o meu Porto seguro, das vezes em que os puxões de orelha me deram uma direção e percebi que ela sempre esteve ali, até mesmo quando eu me portava como um babaca! Mas por que esteve lá havia me mandado aquela mensagem? O que ela tanto queria me dizer? E por que eu deixei pra segundo plano, quem sempre me tratou com prioridade?! Eu senti pela primeira vez, que estava perdendo a Fer, ou talvez já tenha perdido, embora ela tenha tentado me mostrar isso em cada detalhe.
__ Quer um conselho de mãe? Me perguntou Isabel, interrompendo meu pensamento.
Apenas olhei pra ela, e como num momento mágico, ela interpretou meu olhar e continuou.
__ Eu sempre vou torcer pela felicidade da minha filha, mas eu sei que ainda dá tempo de mudar isso. Coração de mãe não falha.
Aquelas palavras entraram e permaneceram gigantes no meu subconsciente. Levantei imediatamente, como quem havia entendido o recado e fui para o quarto dela.

Cheguei lá, ela já estava de pijama, sentada em frente o espelho, tirando a maquiagem. Percebi também que ela sorria enquanto olhava para olhava celular, em meio à uma possível troca de mensagens com alguém. Fiquei na porta, observando cada movimento dela. Observei os cabelos, a maneira como ela fazia bico pra limpar olhava batom, o jeito como ela se sentava. Droga! Eu não estava olhando pra ela como aquela amiga parceira, eu estava olhando como um homem olha pra uma mulher, inspirado.
__ Entra, ou vai ficar ai me espionando? Perguntou Fer, com um sorriso de canto.
__ Fer, podemos conversar?
__ Podemos, mas só quando eu acordar. Preciso descansar minha beleza pra amanhã. Me respondeu, enquanto mergulhava na cama.
__ Tem compromisso amanhã? Perguntei, curioso.
__ Sim! Vou ao cinema com meu namorado. Se você quiser chamar a sua e ir com a gente, serão bem vindos.
Ora! Fernanda me convidando numa boa pra um programa de casal? Que diabos aconteceu com essa mulher na última noite?!
__ Não vai dar mais piti em relação a Juh?
__ Eu nunca me preocupei com ela, só você não percebia, mas enfim, vamos? Retrucou Fer com outra pergunta.
__ Fer, quero conversar com você antes. Posso?
__ Venha mais tarde, e conversaremos. Respondeu, virando de lado pra dormir.

Fui embora, e durante todo o trajeto, fui preenchido com pensamentos estranhos. Eu estava confuso, preocupado, com um nó na garganta. Cheguei em casa, coloquei o celular pra despertar as 13h, pra acordar e ir bater aquele papo serio com a Fer. Eu precisava saber o que estava acontecendo e se, de fato, ela sentia algo por mim. Sempre fui lerdo em relação a isso. Deitei, e antes de pegar no sono, tive a idéia de levar uma pelúcia pra Fer, afinal, ela amava ursos e sempre comentava o quanto gostava, quando eu comprava pra alguém. Coloquei o lembrete no celular eu adormeci.

13h, despertador toco, levantei, tomei um banho, me vesti como se estivesse indo para uma encontro. Peguei o carro, passei na loja e escolhi um urso gigante. Eu sabia que ela ia amar, e até imaginei a reação dela quando me visse com isso, provavelmente iria pular no meu pescoço como sempre fazia.

Fui pra casa da minha melhor amiga, com um sorriso de orelha a orelha (...)

Se apega, sim!Onde histórias criam vida. Descubra agora