A Fernanda tem alguém?! (Parte 9)

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(...) No caminho, especificamente na choperia da esquina, olhei pro lado, enquanto o semáforo não abria, e vi Fernanda com alguém. Tentei ver quem era, mas as buzinas dos carros de trás me interromperam, o sinal estava aberto. Pensei em voltar, mas já estava atrasado. Apesar de parecer bobo, aquela situação me deixou com uma sensação estranha, sei lá! Eu não estava acostumado em vê-la com outros homens. Apesar dela ser linda, carismática e uma excelente amiga, capaz de conquistar qualquer um que ela queira, somente em pensar na hipótese dela dando atenção pra outro, me doeu na alma.

Mesmo "encabulado" com aquilo, eu segui sentido hospital, pra buscar Camila. Antes, passei na loja do centro e comprei uma pelúcia de sapo. Ela amava sapos, e pra ocasião, um mimo não faria mal. Comprei também uma caixinha de chocolates. Pronto! Cheguei no Hospital, sentei na recepção e todos passaram a me olhar com aquele sapo enorme, acredito que a maioria ali achou que eu estava esperando alguma criança apaixonada em bichos. Enquanto ela não chegava, voltei meu pensamento para a choperia, era inevitável, por incrível que pareça, que eu estava com ciúmes da Fer, mas isso não entrava na minha cabeça, éramos amigos. Resolvi ligar pra saber quem era o rapaz que estava lhe acompanhando:

__ "Alô. Fala meu bem. Atendeu toda feliz.
__ "Fernanda, onde você tá?" Perguntei, pra ver se ela mentiria pra mim.
__ "Estou por aí! Por que?!" Ela me respondeu ironicamente.
__ "Por aí nada! Eu acabei de te ver. Quem é esse cara com você na choperia?!" Indaguei ela, num tom exagerado, por sinal.
__ "Ah, é um amigo! Ele resolveu me fazer companhia enquanto você cuida da sua ex." E soltou uma risadinha, obviamente sabendo que eu estava puto da vida.
__ "Tá bom Fernanda. Curta muito então. Beijo." E desliguei o celular.

Ela odiava que desligava o celular na cara dela. Então, já era de imaginar que ela me retornaria a ligação e acabaria comigo, aos gritos e xingamentos, do jeito mais fofo possível. Fiquei ali olhando pro celular e nada de ligação. Ora, o que essa menina tem?! Nem discutir como antigamente ela sabe. Era certo a ligação dela, mas, pela primeira vez, ela não retornou. Se a intenção foi passar ciúmes, ela havia conseguido. E sinceramente, eu nunca torci tanto para que fosse somente intenção de me passar ciúmes. Eu não sei qual seria a reação de ver a Fer namorando, acho que eu não aceitaria, mesmo sabendo que ela esteve comigo em todo o meu namoro e os meus "rolos" frequentes. A porta do quarto abriu, voltei meus pensamentos pra Camila, que saiu abatida, na companhia de sua mãe. Eu, que estava acostumado ver aquela mulher com um sorriso lindo, maquiagem e roupas provocantes, quase não a reconheci. Óbvio que eu não esperava que ela saísse do hospital como se sai para uma balada, mas era perceptível a tristeza aparente.

Tentei esconder o sapo, mas o maldito pé ficou aparente, e ela logo percebeu. Depois de tantos dias, eu consegui arrancar uma mini risada daquele rostinho encantador.
__"Você não muda né?!" Me indagou Camila.
__ "Eu passei em frente a loja e senti que esse sapo estava precisando de companhia, e como você tem vários, é mais que justo que abrigue ele também!" Respondi, em tom de piada, e consegui arrancar outro sorriso.
__" Vamos?!" Ela me chamou, passou os braços sobre os meus ombros e seguimos em direção a porta.

Eu sempre fui o tipo de cara que acreditava que a missão de fazer a pessoa feliz era exclusivamente minha, e sempre me esforcei pra isso. Seguimos em direção da casa dela, mas antes, obviamente eu tinha que passar na porta da choperia pra ver se a Fer já tinha ido embora. Inventei uma desculpa sobre a troca do caminho e passei novamente. Fernanda ainda estava lá, e pelo visto, feliz, pois estavam rindo tão alto que da porta dava pra escutar! Fechei a cara e seguimos embora. Arrumei o quarto e a cama pra Camila descansar, coloquei o seu filme favorito, que era "Amizade Colorida", a mãe dela fez pipoca pra gente, e ficamos ali, assistindo. Camila adormeceu.

Peguei meu celular e fui ver as atualizações das Redes Sociais. Engasguei com a pipoca, ao ver uma foto da Fernanda, beijando o carinha da choperia, com a legenda "Me faz bem"! Meu estômago deu uma revirada básica e senti um nó no meio da garganta. O que aquela menina estava arrumando? Como assim, beijar e postar?! Era certo que no outro dia, logo cedo, eu iria na casa dela tirar essa história a limpo. Apesar de não ter direito a isso, eu me autorizei a exigir  explicações, mesmo que ela não me deva nenhuma satisfação.

Amanheceu e lá estava eu, com os olhos cravados na TV e no relógio, sem dormir. Camila acordou melhor. Me despedi dela e fui direto pra casa da Fernanda. Parei na porta, e percebi que tinha uma moto diferente ma garagem. O irmão dela não havia trocado de moto nos últimos dias. De quem seria aquela moto?! Eu até cogitei a possibilidade de ser o rapaz que estava na choperia com ela, mas a Fer que eu conhecia não ia levar um cara recém conhecido pra casa, sabendo que o seu pai era super bravo, tampouco deixar ele guardar a moto na garagem. Mas eu estava enganado! Olha só quem saiu acompanhado do pai dela, com um papo aparentemente amigável...

CONTINUA.

Se apega, sim!Onde histórias criam vida. Descubra agora