O início do fim (parte 15)

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Celular tocou, era Camila!
Achei estranho, pois era mais fácil receber uma ligação da Megan Fox do que dela. Atendi:
__ "Oi, tá ocupado?!" Disse Camila, com a voz serena, aparentemente tranquila e longe.
__ "Não tô não. Pode falar meu bem." Respondi.
__ "Não é nada, só queria conversar mesmo. Desculpa pela falta de educação ontem, eu não estava legal."
__ "Percebi mesmo. Você tá bem agora? Precisando de algo?" Perguntei, estranhando aquele telefonema surpresa.
__ "Estou sim! O que vai fazer no final de semana? Anima um açai, como antigamente?"
Era de se assustar. Camila me convidando pra sair, passivamente?! Não saímos desde o acidente do pai dela. Pelo tom de voz percebi uma Camila que há tempos eu não ouvia, era a mesma de quando eu a conheci, me apaixonei. É a mesma que eu ficava horas admirado, queria engolir de tanto amor. Mas também era a mesma que tanto me fez sofrer. Aceitar ou não? Eis a questão.
__ "Posso te confirmar na quinta? Tenho um compromisso e preciso ver se consigo adiar. Pode ser?" Perguntei, mas com uma vontade enorme de dizer um sim de imediato.
__ "Claro! Se não der, entenderei perfeitamente. Vamos nos falando meu bem." Finalizou Camila, e desligamos.

Fernanda, que estava no canto da mesa, apenas mexeu a cabeça num sinal de negativa, e de forma clara e objetiva travou meu cérebro com uma única frase:

__ "Eu prefiro ver você feliz do jeito que está, e com quem está, do que ver você passando tudo o que passou. Mas de qualquer forma, devemos ir atrás de quem gostamos não é mesmo?! Só toma cuidado, eu posso não estar aqui no próximo tombo."
Ela tocou meu rosto de leve, como se quisesse me dizer algo engasgado, e saiu.

Me senti no meio de uma sinuca de bico, entre uma nova paixão, e um amor antigo. De certa forma, apesar da Juh ter entrado repentinamente na minha vida e me feito um bem danado, era por Camila que eu morria, e de certa forma, ela sabia disso. Eu estive do lado dela nos piores momentos, sempre fui aquele cara que fazia questão de estar presente, de cuidar, proteger, demonstrar. Já dizia o velho ditado que é pra frente que se olha, mas eu não poderia simplesmente ignorar um passado tão cheio de histórias boas, pelo menos pra mim. Eu queria sair com ela, pois olhando nos olhos, eu seria capaz de descobrir com qual Camila eu estaria lidando.

Meus pensamentos foram interrompidos pela campainha. Atendi a porta e um garotinho me entregou um pacote. Nem deu tempo de perguntar nada e o pirralho ja saiu correndo. No canto superior do pacote tinha um pequeno bilhete, entrei pra dentro enquanto abria o pequeno envelope, e de caneta vermelha eu li:
"Nossa noite foi perfeita! Desculpa por ontem. Gosto de você. Bjos, Juh."
Abri o presente e me deparei com um belo livro, e era justamente um que eu havia comentado com ela ainda nas nossas conversas da padaria. Ela acertou em cheio! Aquele presente veio como um sinal, que retornou meus pensamentos para o ponto em que foram retirados agora pouco.

Mandei uma mensagem respondendo o bilhete, com um "arzinho" pervertido: "Eu também gostei. Vamos repetir?"
De imediato o celular apitou e a mensagem dela dizia: "Vamos, me busca hoje no trabalho". Bingo!
Eu só precisava pegar o carro emprestado com meu pai novamente, e levá-la para algum lugar mais confortável que um banco de carro. Só de imaginar, já dava pra arrepiar. Se dentro de um carro já fizemos tudo aquilo, imagine num quarto?!

Juh estava se tornando mais presente, de certa forma, e percebi que indiretamente ela sentia-se protegida comigo. Ao mesmo tempo, eu sentia uma necessidade tremenda em resolver esse impasse com a Fernanda. Ela estava mudando, eu também! E só de imaginar a possibilidade de nos perdermos em meio à essa bagunça, já me tirava o sono.

(CONTINUA...)

Se apega, sim!Onde histórias criam vida. Descubra agora