Madrugada de insônia (parte 25)

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(...) - Rapidamente veio a resposta:

"OK, vou te explicar por aqui. Eu acho melhor a gente se afastar um pouco, eu não sei o que eu quero pra minha vida ainda. Ta tudo uma bagunça."

Aquela resposta me deixou perplexo. Ora, a menina me abraçou de tal forma no hospital, que parecia que o nosso mundo havia se entrelaçado. O olhar demonstrava uma sintonia perfeita, e nos dávamos tão bem. O que de fato havia acontecido para essa mudança repentina de comportamento?

- Continuei a conversa via mensagens:

"Como assim? O que está acontecendo Juh? Você está diferente. Amanhã terei alta e vou na sua casa, para conversarmos pessoalmente."

- Ela repondeu:

"NÃO VENHA! Por favor, não venha. Não temos mais nada pra conversar, eu já tomei minha decisão."

"OK". Era minha melhor resposta para aquele momento.

Na vida, quando gostamos, temos que ter confiança e cumplicidade na pessoa que está conosco. Se por ventura, deixarmos nossos medos superarem e se sobressairem sobre nossos sentimentos, a chance de perder pessoas importantes em nossas vidas, é enorme.

Naquele momento eu já não tinha cabeça pra mais nada. Só pensava em sair daquele hospital e me dirigir pra casa dela, pra só assim, entender o que de fato estava acontecendo com ela.

Nessas horas, eu sempre recorria ao meu porto seguro, que era a Fer. Mas naquele momento, havia um pequeno obstáculo entre nós, e por mais que eu não acreditasse que aquilo duraria muito, eu sentia que estava perdendo ela também.

Aquela última noite no hospital ia durar uma eternidade, era fato. E como o melhor horário pra se pensar na vida, é ao anoitecer, antes de pegar no sono, aproveitei disso pra esclarecer alguns pontos importantes, como aquela "ameaça" do namoradinho da Fer, no portão da casa dela, pouco antes do ocorrido, e como o ex da Juh sabia onde eu estava naquele momento.

Talvez eu estivesse exagerando, mas aquele cara me dava nojo, e não era somente pelo ciúmes da Fer. Apesar de parecer meio ogro com ela, eu me importava muito, e só pela ideia de imaginar aquele cara dormindo com ela, aumentava minha insônia.

02h40 da madrugada, e nada do sono chegar. Então, resolvi fazer algo que costumeiramente eu fazia, e que deixava ela se doendo de raiva. Talvez assim, eu pudesse contabilizar o quanto ela estava distante, caso não atendesse a ligação. Resolvi ligar pra Fer.

Telefone tocando, e eu já imaginando ela resmungando do outro lado, antes de atender:

__ Se estiver tudo bem com você, se prepare, porque eu vou te mandar pra UTI quando te encontrar novamente! Você é doente? Olha as horas!
Respondeu Fer, ao atender o telefone brava.

Aquela braveza me arrancou um sorriso de orelha a orelha. Era a minha Fer que estava ali!

__ Não aconteceu nada, eu estou com saudades apenas! Retruquei.

__ Você, com saudades de mim? Meu Deus! Pede pra sua mãe correr atrás do médico, porque você tá delirando de febre!
Respondeu Fer.

__ É muito amor envolvido. Faltou você aqui, pra gente virar a noite conversando sobre coisas inúteis e meus relacionamentos frustrados.
Respondi, soltando uma risadinha de fundo.

__ Me poupe, todos relacionamentos seus são frustrados. Aliás, você só se relaciona com putas e interesseiras. Hahaha"

Fer era aquele tipo de amiga que você podia estar na merda, que ela permaneceria ali até você ficar bem, mas nunca perderia a piada.

__ Por falar em pessoas interesseiras, como tá seu namoradinho?!
Perguntei, jogando o verde.

__ Ele tá bem, inclusive me convidou pra passar um final de semana com ele em Escarpas, no próximo mês.
Respondeu Fer.

__ E você vai? A gente sempre combinou de irmos juntos lá, e agora você vai com ele? Aff Fernanda!
Retruquei, puto da vida.

__ Pois é, mas você sempre preferiu sair com suas namoradinhas. Agora eu vou com meu namorado.
Respondeu Fer.

A conversa se estendeu por quase uma hora, e ali conversamos sobre tudo. Percebi que dessa vez, Fer não usou muito o namorado pra me passar ciúmes, pelo contrário, respondeu calmamente as perguntas, sem entrar muito no mérito. Inclusive, se esquivava quando eu me referia ao namorado.

Meu sensor de perigo subiu de nível após essa conversa. Será que ela estava começando a gostar dele? Ou de fato, o carinho que sentia por mim, havia diminuído ao ponto dela compreender que sempre fomos somente amigos, e assim permaneceria.

Peguei no sono, e fui acordado pela minha mãe, assim que o médico chegou no quarto pra liberar a minha alta médica.

Chegou o dia de esclarecer algumas coisas!

(...)

Se apega, sim!Onde histórias criam vida. Descubra agora