O namorado folgado (parte 20)

9.4K 411 83
                                    

(...) Fui pra casa da minha melhor amiga, com um sorriso de orelha a orelha. Durante todo o trajeto, imaginei o que falaria pra ela naquele momento. Eu não queria assustá-la, até porque nem eu sabia definir aquele sentimento estranho. O medo me consumia, e só de pensar na possibilidade de não tê-la mais por perto, nos momentos mais importantes, já me dava um nó na garganta.

Parei o carro na porta, fiquei uns 5 minutos parado na porta, matutando as possíveis frases e justificativas que eu poderia dar pra ela. Não é comum alguém aparecer na casa de outra pessoa e dar uma pelúcia sem motivos, ainda mais sabendo que essa mesma pessoa entrou num relacionamento no dia anterior. Mas foda-se! Era a Fer, e ela merecia.

Peguei o urso, e entrei na ponta dos pés, pra ela não escutar. A mãe dela, quando viu, deu apenas uma piscadinha ela com um sorriso no canto da boca me direcionou ao quarto.

__ Ela acabou de sair do banho, vai lá! Ela deve estar quase pronta. Disse Isabel, me desejando sorte sem ao menos saber os meus interesses.

Eu sempre entrava no quarto dela sem bater, e dessa vez não foi diferente, senão pelo fato de uma surpresa inesperada. Fernanda estava lá, procurando uma roupa, somente de lingeri, com o guarda roupas aberto, e a cama toda bagunçado. Vidrei! Embora eu já tenha visto ela diversas vezes de biquíni, que é praticamente a mesma coisa, fiquei imóvel, observando. Eu nunca havia reparado em uma pequena marquinha que ela tinha abaixo do bumbum, parecido com um morango. Fiquei ali, até ela virar, e com o seu jeito Fernanda de ser, interromper meu raciocínio.

__ Perdeu alguma coisa na minha bunda?! Disse ela, vindo em minha direção pra cumprimentar, sem se importar com o fato de estar de lingeri.

__ Não, não. É que, é que (...) disse eu, desconcertado.

__ Estou brincando com você, bobão! E me beijou no rosto, fazendo aquele estalinho de sempre.

__ Trouxe algo pra você Fer!

__ Mas não é meu aniversário, oras! Me respondeu, espantada.

__ Eu quem disse que precisa de data especial pra presentear quem a gente gosta?! E prontamente estiquei a mão, lhe entregando aquele urso.

Com um sorriso de orelha a orelha, ela pulou em mim, pra agradecer, me beijando repetidas vezes na bochecha.

__ Amei! Agora me diga, você tá doente? Precisa de alguma coisa? Alguma das suas peguetes recusou o presente? Enfim, o que te deu? Me perguntou, acrescentando ao final:

__ Ahh, desarma essa barraca que eu sou sua amiga! Me disse, se referindo ao volume da minha calça, após ela me abraçar de lingeri.

Fiquei envergonhado, mas como era a Fer, entrei logo na brincadeira. Afinal, nos dávamos tão bem ao ponto dessas zoeiras serem costumeiras.

__ Eu comprei exclusivamente pra você! Precisamos conversar sério, inclusive sobre essas ereções. E demos aquela gargalhada gostosa.

Embora o momento estivesse propício pra falar tudo pra ela, eu travei, e enquanto pensava numa forma de falar o quanto ela era especial pra mim, o destino novamente colocou um pequeno obstáculo no caminho. Eu sempre soube que o tempo não perdoa indecisões, mas nunca estive apto a engolir essa frase, e realmente ele não perdoa.

__ Fer, seu namorado chegou! Gritou dona Isabel da cozinha, provavelmente no intuito de me alertar, caso precisasse.

__ Peça pra ele entrar mãe! Retrucou Fer do quarto, complementando:
__ Diga, o que tanto precisa falar comigo?

Eu sabia que bastaria apenas uma frase ali, em meio as entrelinhas, que seria o suficiente pra ela entender o que eu queria dizer. Mas eu não tinha o direito de interromper aquela felicidade, embora momentânea, da pessoa que sempre foi um oceano pra mim, mesmo eu sendo idiota ao ponto de retribuir a contra gotas.

__ Outro dia te conto. Agora vá se arrumar pra sair com seu namorado. Respondi pra Fer, no intuito de não interferir na relação deles.

__ Isso mesmo, sair com o SEU NAMORADO! Respondeu uma voz vindo do corredor, num tom irônico.

Era o namoradinho dela, e ele continuou.

__ Inclusive Fernanda, você deveria saber que não devemos receber as pessoas de lingeri, no quarto. Disse o tal.

__ Ele é meu melhor amigo, e ele eu receberia até pelada, nunca tivemos nada. Para de paranóia. Respondeu Fer, me defendendo.

A situação estava descambando pra um lado que eu sabia que não ia prestar, então, resolvi me retirar imediatamente.

__ Bom Fer, eu vou indo, depois a gente se fala.

Me despedi dela e sai, em direção a porta. Próximo ao portão eu senti uma mão tocar o meu ombro. Era o namoradinho dela:

__ Você não me engana. Eu não quero mais saber de você dando idéia na minha namorada. Me disse em tom ameaçador.

Respondi de imediato, retirando a mão dele do ombro:

__ Ela é minha amiga, e eu falarei com ela quantas vezes eu quiser. E se você pisar na bola com ela, eu te parto no meio!

Fomos interrompidos pelo pai dela, que perguntou se estava tudo bem. Respondemos que sim. O recado estava dado, mas eu sabia que aquele rapaz era uma ameaça inclusive para a minha amizade com ela.

Entrei no carro e fui embora, cantando pneu. Enquanto dirigia, pensava num jeito de falar com a Fer, inclusive a respeito desse cara. Ele não era o cara ideal pra ela. Parei no semáforo, e percebi algo estranho. Um carro estava me seguindo, já fazia algumas quadras. Reduzi um pouco, afim da pessoa perceber que eu notei, mas ela continuou. Haviam 4 homens dentro do carro, que não me parecia estranho. Minha cabeça estava cheia, e naquela altura, talvez eu é quem estivesse ficando bitolado.

O caminho de casa tinha umas ruas se muito movimento, que frequentemente eu passava, e não seria diferente naquele dia. O carro continuava atrás, quando resolvi reduzir a quase encostar no carro. Droga! Era o ex namorado da Juh com alguns amigos. Rapidamente eles ultrapassaram e me fecharam, não deu tempo de manobrar e meu carro acabou "morrendo ali". A rua não tinha casas, e dificilmente alguém me ajudaria ali. Do carro, saíram 3 marmanjos, e o ex, com um pedaço de ferro na mão...

Se apega, sim!Onde histórias criam vida. Descubra agora