O passado me ligou (parte 3)

19.4K 433 22
                                    

(...) Alguma coisa me fazia crer que valeria a pena. Celular toca, nova SMS, com o seguinte texto: __ Está descontando os vácuos que eu te dei? Preciso saber se você vai querer sair comigo nesse final de semana! Novamente não respondi. Sim, eu não só estava descontando as diversas vezes que ela me tratou de forma indiferente, com desprezo, e as vezes até falta de educação, como, pela primeira vez, o fato dela falar comigo não tinha tanta importância, diante daqueles belos olhos que o destino havia colocado em meu caminho, Juh!

Sexta feira já! Como de costume, voltei e a encontrei novamente na padaria. Dessa vez estendi um pouco o assunto. Eu já sabia onde ela trabalhava e que ela gostava de bolachinha recheada de goiabada (ela só comprava isso). Contei pra ela sobre meu estágio, meu curso, e ela me confessou que tentaria Direito no próximo ano, o que de fato me arrancou um sorriso de orelha a orelha, não tinha como ficar melhor. Na verdade, tinha sim!
Eu sempre tive bom humor, adorava fazer os outros rirem, e usei isso a meu favor, inventei uma história absurda pra pedir o celular dela: "__ Juh, essa cidade anda muito perigosa né?! E você, como será uma futura advogada, sabe que segurança é tudo. Eu formatei meu celular e não tenho nenhum número. Vou atravessar a cidade agora, e se acontecer algo comigo, não terei pra quem ligar... me passa deu número, só por segurança mesmo". Sinceramente eu não acreditei que tinha falado tamanha idiotice, e já esperei uma resposta do tipo: "__ Liga pro 190". Mas ela riu, e aquela risada me provou que tinha sim, como ficar melhor! Aquele sorriso revelou um par de covinhas, e valeu meu dia, minha semana, meu mês. Ganhei seu telefone.

Nos despedimos, voltei pro estágio, e após uns 20 minutos, lá estava eu mandando a primeira mensagem. Cuidei para que a conversa não tivesse um fim inesperado e caísse no tédio. Cada frase era cuidadosamente escrita visando arrancar um sorriso do outro lado da tela, e eu imaginava aquele sorriso, sorrindo do lado de cá. As mensagens foram interrompidas por uma ligação, era aquela outra moça, que agora, por um milagre divino exigia minha atenção. Talvez ela estivesse com o ego doendo pelo fato de não me ter mais a disposição né?! É aquela velha história, ela sempre soube o seu valor na minha vida, mas nunca acreditou que pudesse me perder. E estava perdendo! Atendi ela.

__ Oi Camila, tudo bem?!
E logo veio a resposta já esperada:
__ Não me atende por que? Te fiz algo?!
Confesso que minha vontade foi de responder que sim, me fez de trouxa por muito tempo. Mas me contive e mudei de assunto:
__ Não fez não. Muito trabalho, vida corrida. Respondi.
__ Vamos numa balada amanhã? Vai ser top, e você sempre reclamou que eu não te chamo pra nada. Completou ela, ironicamente.
__ Uai Camila, tá sem companhia pra sair? (E dei uma risadinha).
Ela respondeu: __ Não, estou com saudades apenas.
__ Muito obrigado, mas vou estudar esse final de semana. Completei, me esquivando.
Encerramos o assunto e desligamos. Eu dei o primeiro passo nas etapas da superação. Por um instante, tive certeza de que a bagunça deixada por ela, no meu coração, já estava sendo organizada.

Mas, voltando às mensagens com a Juh, surgiu a possibilidade de ver ela naquele final de semana. Ela me falou o nome da festa que iria. Bingo! Na hora eu disse que por coincidência eu também tinha comprado ingresso pra essa festa. Óbvio, que eu não tinha ingressos, tampouco sabia onde era, mas isso era detalhe. Só tinha um pequeno problema (...)

Se apega, sim!Onde histórias criam vida. Descubra agora