Era uma piada eu tinha certeza.
— Bom, senhorita Mariana - aquela era a terceira vez que ele trocava meu nome, comecei a pensar que era proposital - já que segundo o relatório a senhorita não tinha nenhum resquício de álcool no organismo,e, como afirmou não ter sofrido nenhum mal súbito, faça o favor de relatar porque, estava dirigindo de forma tão imprudente.
O encarei, por Deus, eu realmente detestava aquele homem. O pior é que sim, havia um motivo por trás daquele acidente estúpido e, para meu desgosto se chamava Fernando Eich. Naquela manhã, Fernando falava na rádio municipal, como vereador isso fazia parte de sua rotina, foi por acaso que liguei o radio do carro e, ouvi quando ele confirmava sua futura candidatura a prefeito, e também seu casamento com Sílvia, a filha do atual prefeito. Sim, nosso relacionamento tinha chegado ao fim, pelo menos para ele, mas para mim era difícil. Ainda que meu orgulho me impedisse de derramar sequer uma lágrima, eu ainda sofria por ele.
— Senhorita Mariana?? - o delegado Medeiros me intimou com impaciência.
— MARIA ANA. - frisei
— E então? - ele ignorou minha irritação com uma expressão neutra.
— Foi um lapso. - garanti, com sinceridade - sou uma motorista responsável, na verdade nem eu sei oque houve.
— Ok, o juiz vai decidir sua punição. A senhorita será informada da data da audiência.
Assinei o depoimento. E me precipitei para a porta apressada. Oque não lhe passou despercebido:
— É sempre tão apressada, senhorita, talvez esse tenha sido o motivo de seu lapso.
Me voltei com a mão sobre a maçaneta.
— Na certa alguém deve estar a sua espera. - comentou com um meio sorriso que eu odiei de imediato.
— Na certa.- concordei, dando - lhe as costas saí de vez da sala.
Aquela estava sendo uma semana e tanto, respirei aliviada quando a sexta-feira chegou, mas com ela vieram mais problemas, a máquina de café quebrou, mandei para o concerto, mas seria um gasto que no momento me deixaria no vermelho, sem falar no empréstimo com o banco, papai já tinha me oferecido ajuda, no entanto eu não queria recorrer a isso, desejava vencer com meu próprio esforço.
— As coisas não vão bem né? - Benjamin perguntou, confirmei.
— Os lucros são bem menores do que previ. - Oque vou fazer, pensei o cérebro fumegando.
— Já pensou em disponibilizar Wi-Fi? - Benjamin inquiriu
— Oque? - questionei meio perdida.
Benjamin se sentou e se pôs a explicar sua idéia.
— Você podia disponibilizar Internet por um custo mensal, como nos clubes sabe, ter sócios que paguem uma taxa mensal fixa.
Era um plano simples, que poderia dar certo, em um momento de crise, eu decide arriscar.
— Acho que podemos por essa sua idéia em prática.¤¤¤¤ ¤¤¤ ¤¤¤¤
Minha audiência foi marcada para uma semana e meia depois, no trabalho as ideias de Benjamin começavam a tomar forma, Júlia aparecía com frequência, havia mesmo um clima entre os dois, apesar dela negar veementemente. Luísa, me preocupava imensamente e por isso decide intervir fui até a serralheria conversar com meu primo Samuel. Mas para minha surpresa o vi saindo de carro com uma loira, que me pareceu conhecida, oque fazer? Me perguntei, segui os dois, na maior descrição que pude é claro.
Como da outra vez, quando Luísa o seguira, eles foram para o sítio hotel.
— Que filho da P... - desculpe tia Sônia, eu não podia acreditar aquele infeliz estava mesmo traindo a minha irmãzinha.
Saí do carro e os segui para dentro do prédio. Aquela mulher, eu sabia que conhecia, só não me lembrava de onde. Escolheram uma mesa reservada no restaurante do hotel, do lugar em que me escondi Sam ficava de costas para mim, oque me permitia analisar melhor os dois.
— Quem é você? - questionei para mim mesma, eu tinha certeza de conhecer a sujeita. De repente um estalo, o aniversário de nove anos dos gêmeos, aquela mulher estava lá eu tinha absoluta convicção.
Era fácil de saber, tinha só que dar uma olhada nas fotos, peguei o celular e decide tirar uma foto dela para comparar.
— Então além de motorista imprudente a senhorita também é uma perseguidora.
— Oque?? - questionei enquanto ele tomava o celular das minhas mãos.
Merda! Eu tinha sido pega no flagra, e o pior era ter que olhar para aquele sorrisinho do delegado Medeiros.
— Perseguição é crime senhorita Mariana.- ele afirmou, franzindo o cenho para a foto que eu acabara de tirar - sua ficha corrida só aumenta.
— Não tenho que lhe dar satisfação do que faço ou deixo de fazer, senhor delegado. E para ajudar na sua falta de memória constante, Meu nome é Maria Ana e não Mariana.
Passei por ele, e ao fazê-lo não pude evitar sentir seu perfume, para minha surpresa tive que lutar contra o desejo de fechar os olhos e aspirar seu cheiro. Que merda, é essa me questionei zangada, aquele homem era detestável, bonito, sexy, mas arrogante e insuportável. E eu o odiava.
Saí do restaurante e cruzei os corredores direto até o lobby, onde para meu maior desgosto, dei de cara com Fernando.
— Ana!? - aquele idiota estava usando a camisa azul que eu tinha lhe dado de aniversário, que raiva. Como eu havia pensado quando a escolhi ela destacava o azul de seus olhos.
— Oque tá fazendo aqui? - questionei
— Bom, eu tô ficando aqui por um tempo. - é claro anui, ele tinha se mudado para o hotel depois de sair do nosso antigo apartamento. - eu...
— Amor, anda! Vamos chegar atrasados.- Sílvia apareceu do nada e se enroscou nele - Ana, oque faz aqui?
A encarei, ela estava com aquela cara de cadela defendendo o território. Fernando me encarou, como se soubesse a resposta e foi por isso que acabei fazendo a maior cagada possível.
— Vim encontrar uma pessoa.
A incredulidade estampada na cara de ambos, me fez ferver de raiva e humilhação.
— É mesmo?- Sílvia sorriu com falsidade.- Um namorado suponho.
— supõe certo.- afirmei, ao mesmo tempo me perguntando oque estava fazendo.
— Maria Ana! - me voltei, o delegado Medeiros estava às minhas costas com meu celular na mão e aquele seu sorriso.
— Obrigada - ironizei ao receber o aparelho.
— Então ele é a pessoa que veio encontrar? - Sílvia sorriu, do que ela tava falando? O delegado Medeiros me olhou esperando uma resposta minha.
— Claro. - afirmei, oque mais eu podia fazer.- É ele, meu namorado.
— Namorado?
— Namorado?
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Meu Conto De Fadas
RomanceDepois de vários relacionamentos fracassados, Ana não acredita mais no amor, mas a chegada de um implicante forasteiro vai mexer com sua pacata rotina e com seu coração.