O Baile

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            Olhei meu reflexo no espelho do guarda roupa

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            Olhei meu reflexo no espelho do guarda roupa.
— Perfeito. – sorri satisfeita, era a noite do dia 20 de setembro, dia da revolução farroupilha (o dia do gaúcho, como era popularmente conhecido).
     Como de costume desde que me entendia por gente íamos ao Centro de Tradições Gaúchas, CTG, para o baile. Eu sempre adorara, dançava no CTG, desde bem pequena, como prenda mirim na invernada infantil, e também durante a adolescência, assim como minhas irmãs e primas e primos também. Como todos os gaúchos, a tradição era mantida com orgulho em nossa família, passada de geração em geração.
— Que linda a prenda do papai!– meu pai sorriu da porta, retribuí o sorriso.
— O senhor também está muito guapo...
— E eu tô parecendo uma botijão de gás! – Lu disse entrando no quarto – Um botijão com capa!
     Não pude conter a gargalhada, pior é que ela tinha razão, a barriga imensa de quase nove meses, a fazia parecer realmente um patinho.
— Você está linda, filha. – meu a pai abraçou e beijou o topo de sua cabeça.
      Júlia havia ido se arrumar na casa de Benjamin, para ajudar com as crianças, agora que Ben finalmente conseguirá a guarda dos irmãos.
— Vamos nos atrasar! – mamãe chamou da sala.
    Dei uma última olhada no espelho, respirei fundo e saí do quarto, não tinha visto Daniel o dia inteiro, ele disse que iriamos conversar naquela noite, eu estava extremamente nervosa, minhas mãos suavam. Chegamos pouco depois das oito, estava animado alí dentro, risos, conversas, música e dança, acho que todo o gaúcho é literalmente escandaloso por natureza kkkkkkk!
Por quase uma hora procurei Daniel em todo o canto, lá pelas dez meus pés já estavam doloridos de tanto dançar, já tinha dado não sei quantas voltas no salão com parceiros diversos, pai, tios, primos, amigos de escola, naquele momento dançava com Benjamin, enquanto Júlia bailava com nosso pai.
— Quem você está esperando acabou de chegar. – Ben me girou para que eu visse Daniel, parado na soleira, vestindo uma camisa polo azul claro e uma bombacha pampeana extremamente justa.
      Aquele homem era uma delícia! Meu cérebro pervertido exclamou me fazendo errar os pés, oque fez Benjamin rir alto, e Daniel me encarar como se soubesse meus pensamentos mais safados. Dei graças quando a música parou, Júlia veio e levou Benjamin ainda rindo para longe, no que fiquei agradecida. Esperei Daniel se aproximar, quando uma nova música começou, mas ele não se mexeu, amuada fui para um lado do salão deixando espaço para os casais.
— Que bico é esse? – vovó me perguntou quando me sentei, preferi não responder. Precisava respirar.
    Com passos largos e sem olhar para ele, fui até o banheiro, estava retocando o batom, quando Aline entrou, nos olhamos pelo espelho, seus olhos me avaliaram, mas ela não disse nada, lavou as mãos na pia e se foi. Daniel a tinha trazido? Foi o que me passou pela cabeça, eles estavam juntos de novo? Era isso que ele iria me falar, bom eles tinham uma filha juntos, suspirei...

                           ★★★

                         Daniel

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                         Daniel

      Ana está linda demais, seus olhos pousam nos meus e sei exatamente o que ela pensa, assim que percebe ela se envergonha e pisa na barra do vestido, sorrio. A música termina, Júlia arrasta Benjamin pra longe, a deixando alí. Ela me olha perguntando porque ainda estou parado no mesmo lugar. Uma nova música começa, vejo seus lábios formando um biquinho, isso me lembra de quando éramos crianças. Amuada ela vira as costas e se afasta, outra coisa que vou ter que explicar.
      Quando decido ir atrás dela, alguém me para.
—Delegado, como vai a investigação de abgiato? – lacônicamente, informo que não temos nenhuma novidade, tento me desvencilhar mais uma vez, logo fico cercado, vejo Ana indo até o banheiro, logo depois vejo Aline sair de lá.
     
                           ★★★

         Sem ser vista decidi  voltar para casa, sai  do banheiro e segui  rápido para a escadaria lateral, desci a passos largos segurando a barra da saia.
  — Ah que merda! – era só o que me faltava a meio caminho meu salto ficou presso no degrau, puxei o pé com força e nada.
— Precisa de ajuda? - Fernando inquiriu, antes da palavra não sair da minha boca, Daniel rosnou do alto da escada.
— Pode deixar, vereador. Eu cuido da minha mulher.
     Não vou negar meu coração deu um salto de felicidade ao ouvir aquelas palavras, no entanto a presença de Aline deixará claro a situação. Fernando me olhou, os olhos muito azuis indecifráveis e depois foi embora, tentei me soltar novamente, tudo o que eu não
queria era ficar alí.
— Droga!! - sem escolha escorreguei o pé para fora do sapato, e, continuei a descer as escadas até o térreo.
    Atrás de mim a sonora gargalhada de Daniel ecoava, me fazendo tremer de raiva, que homem odioso! Deus eu o amava tanto, que mal podia respirar.
Cheguei ao beco atrás do prédio mancando feito uma doida, pra piorar havia começado a chover.
  — Maria Ana!! - Daniel veio atrás de mim, mas continuei andando - Espera...
   Ele segurou meu braço me forçando a encará-lo.
— Ana...
— Tudo bem – falei a voz embargada – vocês tem uma filha, e tudo o mais...
— Ana...
— Sério, eu entendo você tem uma família, uma mulher...
— Ana!
—Daniel, eu entendo...
— Meu deus mulher da pra calar a boca um minuto e me deixar falar.
    Arregalei os olhos e o fitei.
— Aline assinou os papéis do divórcio.
    A chuva escorria pelo meu rosto escondendo as lágrimas que eu tentava a custo conter.
— Ana, você ouviu oque eu disse? – Daniel me perguntou, os olhos tentando adivinhar meus pensamentos, assenti, incapaz de falar coisa que fosse.
   Aline assinara os papéis do divórcio, isso queria dizer que...
— Daniel...
  Ele sorriu, aquele sorriso que formava leves covinhas em suas bochechas, depois se agachou apoiando um joelho na calçada molhada.
— Maria Ana, eu tenho amado você toda minha vida, e sempre vou amar, por favor, casa comigo – ele pegou o sapato que eu havia deixado para trás e o colocou em meu pé.
— Daniel, eu amo você. E tudo o que mas quero é ser sua pra sempre. Sim eu me caso com você.
   

                      O som da chuva aumentava lá fora, uma canção embalando nossos corpos em um ritmo tão natural quanto o tempo

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           O som da chuva aumentava lá fora, uma canção embalando nossos corpos em um ritmo tão natural quanto o tempo.
     Seu corpo sobre o meu, num encaixe perfeito, me dava a certeza de que havíamos sido feitos um para o outro, e nada poderia mudar isso.
Enfim eu havia encontrado meu felizes para sempre.

                             ★★★

Agradeço a todos que tem acompanhado essa história, foi um longo caminho, mas finalmente essa jornada está chegando ao seu felizes para sempre

Meu Conto De FadasOnde histórias criam vida. Descubra agora