Meu Conto De Fadas

Por Trás Do Espelho

          Ficamos deitados na semi escuridão do quarto. Nossas respirações se normalizando juntas. Me perguntei no que ele estaria pensando. Tão silencioso, tão sério, fitando o teto como eu costumava fazer todas as noites até adormecer exausta.
— Ana... Ele me girou em seus braços para que ficassemos frente a frente. – Eu te...
     O som estridente do celular dele tocando interrompeu o que quer que fosse dizer. Se afastando encontrou o aparelho no bolso do jeans e o atendeu. Continuei calada, observando suas reações ao que ouvia.
— Eu tenho que ir... Não era o que eu queria ouvir mas foi o que ele disse,com uma expressão fechada marcada pela luz dos postes na rua. — Ana...

  Fiz um gesto para dispensar suas explicações, não precisava delas agora, estava farta delas. Ele me encarou magoado e confuso.
— Vai embora.
     E ele foi. Me enrosquei nas cobertas e dormi. Sentindo seu perfume impregnado no ambiente, e com a certeza de que teria que lutar pelo o que eu queria, Daniel Medeiros.

                        ★★★

        Milagrosamente Sílvia deu um novo depoimento e retirou as acusações contra Benjamin. Depois de dois dias angustiantes para Júlia ele foi solto. Mamãe estava tão aliviada que se pôs a organizar um jantar de comemoração. E eu me ofereci para convidar O delegado Medeiros, eu o amava verdadeiramente e não deixaria esse amor escapar por entre meus dedos sem uma boa briga. Eu não seria a Ana chorona nunca mais. Decidi.

                
                     ★★★★
                     

                     Daniel

      Minha cabeça lateja. Novamente Aline havia aprontado um das suas, tinha ido só Deus sabe pra onde deixando Eduarda sozinha, por sorte Samuel a acolhera em casa até eu chegar. Aline jamais havia se prendido a nada nem mesmo a nossa filha. Estou atolado em pensamentos quando a porta abre, Ana entra me deixando sem fôlego.
    Me levanto as mãos nos bolsos no jeans sem saber oque devo dizer ou fazer depois de a ter deixado daquele jeito. Minha boca está seca, tenho que dizer algo, mas...
— jantar hoje no chalé dos meus pais. – ela fala depois de fechar a porta atrás de sí.
  — Ana, eu...
Ela se aproxima e me beija de leve nos lábios.
— 19:00hs.
    Fico parado enquanto ela vai embora como uma brisa de verão. Ainda tínhamos que conversar, mas por hora me permiti sorrir feito um guri apaixonado pela guria mais linda da escola.

                        ★★★

    — são quase sete.
      Olhei o relógio sobre a bancada da cozinha, de fato. Voltei a me concentrar em bater a maiose cuidando para que não desandasse. Do outro lado da mesa Júlia descascava as batatas com um grande sorriso no rosto, sua felicidade me deixava feliz também. Para o bem dela minha família havia acolhido Benjamin de bom grado, e da minha parte sabia que era merecido, Ben era uma ótima pessoa a quem coisas ruins haviam acontecido.
— Daniel chegou. – Luíza anunciou da porta, meu coração disparou, tenho certeza que todas ouviram, pois me encararam expectantes.
    Baixei a cabeça e continuei a bater a maionese, tentando acalmar meu coração um pouco que fosse.

                      ★★★

  Quando entrei na sala, Daniel conversava animado com meu pai, sobre a final do campeonato gaúcho, fiquei parada observando suas expressões, até que seus olhos me encontraram.
  Nos fitamos por um instante mágico, ele tinha muitas coisas pra me dizer eu percebi, parecia angustiado com isso, sorri para lhe dizer que estava tudo bem, que não desistiria dele no primeiro obstáculo.
— Bom – meu pai falou – se quiserem ficar a sós, podem subir para o quarto.
— PAI!!!– exclamei roxa de vergonha, Daniel se segurou um segundo antes de começar a rir.
    
        
                      ★★★

     O jantar foi alegre e divertido, fiquei feliz por Ben e minha irmã, Lu e Sam também haviam se entendido finalmente e com o novo bebê prestes a chegar seus votos de amor se solidificação.
      Daniel também parecia diferente percebi, seus olhos tinham um brilho descaradamente sensual, ou talvez fosse só minha impressão, anuí quando nossos olhares se cruzaram mais uma vez.
     Pouco depois das dez Eduarda, acabou pegando no sono e Daniel se despediu carregando a filha até o carro. Dormi no meu antigo quarto na casa dos meus pais naquela noite, pensando no que ele me disse antes de sair:
- Precisamos conversar, dona.
      Conversar?

      Olá meninas, estamos chegando a reta final dessa história, obrigada por acompanharem até aqui, apesar da demora nas postagens, espero que gostem do final