Maçã Envenenada

2.3K 295 6
                                    

Namorado?
Que merda eu tinha acabado de fazer? Alí parada entre dois homens que me olhavam com incredulidade visível, senti o tamanho do problema em que me metia. Como você é estúpida, Maria Ana Schmidt!
- Pois é. - confirmei, tomando o delegado Medeiros pela mão o arrastei comigo antes que ele pudesse dizer algo que tornasse a situação ainda mais ridícula - Vamos, amor.
Andei a passos largos, tentando me afastar o quanto antes, e só parando quando senti um aperto raivoso em minha mão.
- Aí! - reclamei o encarando zangada.
- Oque pensa que está fazendo? - inquiriu entre dentes, pelo brilho em seus olhos azuis, pude medir o tamanho de sua irritação.
- E-e-eu - gaguejei sem saber oque dizer.
- Você é maluca. - afirmou - Mais do que isso, conheço bem o seu tipo.
- Hum? - do que esse homem estava falando?
- A inocência não combina com você, senhorita Schmidt.
Ele se foi sem olhar para trás, me deixando com a pergunta na ponta da língua, de que diabos está falando, e qual é o meu tipo afinal?
Fiquei com isso me corroendo a alma, o resto do dia, oque me deixou num mau humor infernal, pobre Benjamin que era obrigado a me aturar e também os clientes que só de olhar para minha cara já se encolhiam. E para piorar ainda tinha aquela história do Samuel com a loira desconhecida.
Naquela noite demorei para pegar no sono, fiquei me revirando na cama, e quando por fim adormeci tive um sonho perturbador, era o dia de meu casamento, um lindo sol brilhante iluminava o dia, tudo estava perfeito, a maquiagem, meu cabelo, o vestido era lindo, mas quando cheguei na igreja não havia noivo, eu tinha sido abandonada no altar. Acordei sobressaltada, o rosto molhado de lágrimas, e um vazio no peito. Ver Fernando com Sílvia me afetou mais do que eu gostaria de admitir.

 Ver Fernando com Sílvia me afetou mais do que eu gostaria de admitir

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.


                  ¤¤ ¤¤¤¤ ¤¤¤

Cheguei pontualmente as nove horas da manhã, no fórum da cidade.
- Vai precisar de um advogado? - meu primo Cláudio inquiriu ao me ver.
- Acho que não. - afirmei, Cláudio era defensor público e trabalhava no fórum, era também o irmão mais velho de Samuel.
Será que ele sabe oque está acontecendo? Me perguntei. Talvez devesse assuntar depois.
Quando entrei na sala de audiência, o delegado Medeiros já tinha chegado. Cogitei lhe dar um bom dia, cortês mas o modo frio com que me olhou me fez desistir. A audiência foi rápida.
- Certo dona Maria Ana Schmidt - o juiz Paulo Senger, se pronunciou depois de tirar suas conclusões - e o senhor também doutor Daniel Medeiros. Ambos iram participar das palestras de conscientização de trânsito do Detran todos os sábados, começando amanhã, e além disso dona Maria Ana, também terá de pagar uma multa no valor de ... e perderá pontos em sua carteira de motorista.
Merda! Teria que pedir dinheiro emprestado com papai.
Depois da audiência, fui procurar Cláudio, mas não o encontrei, desci até o estacionamento e vi o delegado Medeiros, falando no celular, ao me ver ele franziu o cenho como se esperasse que eu dissesse algo, o ignorei. Precisava falar com meu pai, então dirigí até a casa da família, o velho e aconchegante chalé que meu bisavô tinha construído.
- Olha só quem decidiu aparecer! - minha mãe dramátizou assim que entrei na cozinha.
- Eu estive aqui não tem nem dois dias. - retruquei beijando seu rosto.
- Vai ver sua avó, sabe que ela sente tua falta.
Eu também sentia dela, minha avó Vera, era a mãe de meu pai, ela morava alí desde que meu avô falecera a dois anos vítima de um câncer no estômago. Vovó sempre fora uma mulher ativa mais depois de ficar viúva, seu brilho natural se apagará um pouco.
- Bom dia, vovó.
- Bom dia, querida. - sorriu - você está com olheiras, e mais magra.
Sorri, vovó era uma raposa astuta.
- Oque houve? Temos que conversar.
- Está bem, vou falar com papai depois conversamos com calma.
        Meu pai ficou satisfeito em me ver aceitar finalmente o empréstimo que me oferecerá tantas vezes.
  — Orgulho demais não é bom, filha. - me beijou os cabelos
— Obrigada, papai. Te amo.
     Meu pai era um homem bonito de 65 anos, com raros cabelos brancos e olhos castanhos claros, quase verdes. Um homem como poucos, ainda apaixonado pela primeira mulher que namorou, mesmo depois de mais de trinta anos de casamento. Sempre desejei ter algo como aquilo, amor.
   

Meu Conto De FadasOnde histórias criam vida. Descubra agora