Capítulo 1 - O Cara da Academia

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- Pegou tudo? – Surgiu meu tio na porta do meu mais novo antigo apartamento.

- Peguei. – Aquelas palavras saíram da minha boca fazendo um eco abafado no aparamento vazio, e no meu coração que estava do mesmo jeito que aquele apartamento, Vazio. Minha vida estava uma bagunça, tudo aconteceu muito rápido, não deu nem tempo de processar o que estava acontecendo, mas vou tentar contar do meu jeito.

Há um ano eu tinha passado em uma universidade publica no estado de Minas Gerais, para fazer Jornalismo, estava muito feliz, no começo foi difícil me adaptar a uma cidade pequena já que sempre morei em São Paulo, mas depois se tornou fácil, fiz bastantes amizades e me adaptei a cidade de um pouco mais de 150 mil habitantes. Quando vim passar minhas férias em São Paulo, comecei a notar um comportamento meio que diferente no meu pai, e comecei a investigar, resumindo a história descobri que ele tinha uma filha de 5 anos, e ele manteve ela escondida de toda a família, para minha mãe foi um baque muito grande, afinal eles eram casados há 21 anos. Isso também me deixou muito abalado e decidi encerrar minha matrícula na faculdade e voltar pra São Paulo e ficar com minha mãe.

Depois de ter feito toda a mudança de Minas para São Paulo, agora tínhamos uma segunda mudança para fazer, minha mãe tinha comprado um apartamento em um bairro vizinho ao antigo em que morávamos, convidei alguns amigos meus para ajudar a carregar as coisas e ajeitar o apartamento. Eu ainda não conhecia o prédio que moraríamos nem nada do gênero, então aquela seria minha primeira visita ao apartamento.

Se tem uma coisa que eu não gosto é fazer serviços domésticos, não que eu seja porco, mas eu sou muito preguiçoso, e graças a Deus minha mãe já tinha ido limpar o apartamento. Então só ficamos encarregados de fazer a mudança, já que no outro dia pela manhã o montador chegaria para ajeitar os moveis, e colocar cada qual em seu lugar. Quando passei pela portaria, fui observando o prédio, sempre quis morar em prédio, como tinha morado a minha vida toda em casa estava empolgado apesar de tudo que estava acontecendo. Notei que o prédio tinha 2 quadras, sendo uma poliesportiva e outra de areia, tinha uma piscina grande com bastantes cadeiras para tomar banho de sol, tinha churrasqueiras espelhadas pelo condomínio, tinha sala de ginastica, salão de jogos, sauna e academia. E foi nesse momento que eu vi o garoto que se tornaria um problema na minha vida. Troquei um olhar com ele, que estava de cara fechada, mas não menosprezava sua beleza, ele era o típico homem com cara de cafajeste que fazia você ter ótimas fantasias, era alto, malhado pelo esporte e academia, pele bronzeada, olhos negros assim como o seu cabelo, que o deixava mais sexy com o corte jogado para o lado parecendo estar bagunçado, sua boca.... Vermelha como uma cereja tirada do pé na hora certa. Mas minha hipnose foi interrompida.

- Gabriel? – Disse meu amigo Vinícius acenando com sua mão na frente do meu rosto. – Nossa onde você estava, estou te chamando faz tempo. – Completou.

- Ah, oi Vini – Disse tentando manter o foco em meu amigo. – Eu estava pensando na vida, sabe como é né?!

- Hum sei, mas tenta manter o foco, sua mãe vai precisar muito de você agora. – Disse Vini me fazendo acreditar que ele tinha acreditado na história que contei.

- Vocês vão ficar aí de conversinha ou vão me ajudar aqui. – Falou Marcelo carregando um caixa grande.

Depois de ter carregado todas as caixas, meus amigos foram embora, algumas caixas ficaram no corredor, enquanto eu tentava arrumar espaço dentro do apartamento para facilitar a vida do montador, sai do apartamento e fui para o corredor para buscar as caixas, abaixei para pegar a caixa, e quando virei para ir em direção ao apartamento, colidi em algo, só depois que estava no chão com a caixa em cima do meu peito que vi, eu tinha colidido com o Cara da Academia do prédio, fiquei uns 10 segundos sem reação, olhando para o Rapaz, até eu voltar ao ouvir sua voz.

- Presta mais atenção por onde anda, e tira essa bagunça do corredor. – Disse o Tal Rapaz de forma ríspida.

Eu fiquei sem reação até ver ele se afastando, então recuperei meus sentidos e comecei a arrumar as coisas que tinham caído de dentro da caixa, fiquei pensando a primeira pessoa que fala comigo no prédio nem foi para dizer "Seja Bem-Vindo" e sim para me chamar a atenção, fiquei com um pouco de raiva, pela forma que fui tratado, então só depois me dei conta de que o cara era meu mais novo vizinho.

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Depois de organizar tudo, eu fui tomar um banho, estava necessitando tirar aquele suor e aquele cansaço do meu corpo. Sempre fui do tipo de pessoa que pensa nos problemas quando se está em baixo do chuveiro, parece que se torna um momento único e especifico para pensar na vida, e meus pensamentos eram de como minha vida tinha mudado drasticamente, como em um piscar de olhos você consegue ver tudo o que você construiu e sonhou se transformar em pó. Por mais que minha mãe "não quisesse que eu voltasse para ficar com ela, eu a conhecia e sabia que no fundo ela nunca admitiria que precisava de mim, minha mãe é o tipo de pessoa que esconde os sentimentos para ninguém ter dó e ficar perguntando se ela está bem ou não, e em termos eu meio que consegui ser assim com meus sentimentos, por mais que eu estivesse arrasado por ter deixado tudo, eu não falava pra ninguém, até porque não queria que minha mãe se preocupasse com meu bem estar, ela já tinha muita coisa pra se preocupar.

Quando sai do banho, fui ver meus e-mails, facebook e o valor da minha tão sonha viagem pra Orlando – USA, enquanto estava mexendo no meu notebook ouvi a campainha tocar, então fui rapidamente atender.

- Olá, meu nome é Cleide. – Disse uma senhora de mais ou menos 50 anos, cabelo castanho escuro, pequena de mais ou menos 1,60 de Altura, Olhos castanhos bem claros, um sorriso de deixar qualquer pessoa encantado, roupas simples, mas bem cuidadas, e carregava um bolo em suas mãos.

- Oi, meu nome é Gabriel. – Disse da mesma forma simpática ao qual ela me cumprimentou.

- Eu vim te trazer um Bolo de Boas Vindas, é um bolinho simples, mas é de coração e tenho certeza que você vai gostar muito. – Disse ela sem tirar o sorriso do rosto. – E se precisar de qualquer coisa é só tocar a campainha do 803.

- Muito Obrigado Dona Cleide, nem precisava se incomodar, mas agradeço a recpção calorosa da Senhor, pode deixar que qualquer coisa eu chamo a senhora, e muito obrigado pelo Bolo, tenho certeza que estará delicioso. – Disse de forma simpática.

- Então até mais Gabriel. – Disse ela se despedindo.

- Até mais Dona Cleide.

Fechei a porta e coloquei o bolo em cima da mesa de jantar, claro que já ia comer, estava com muita fome, só depois que me dei conta de que ainda não tinha comido nada, minha mãe não estava ajudando na mudança porque estava trabalhando, aliás estava vendo que moraria sozinho, porque minha mãe mais do que nunca para esfriar a cabeça se afundou no trabalho, minha mãe era Empresaria no ramo do comercio alimentício, e ela tinha 3 lojas, então ela passava o dia todo em seu escritório e só voltava pra casa tarde da noite. Mas voltando ao bolo, cortei um pedaço e vi que era meu favorito, bolo de cenoura com cobertura de chocolate, com certeza eu e Dona Cleide seriamos ótimos amigos, ela havia me conquistado pelo estômago.


O PERIGO MORA AO LADO (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora