Capítulo 12 - Um sentimento chamado: Gratidão

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Estava muito surpreso de ver Ricardo em um Museu, não eu esteja julgando, até porque eu não posso julgar ninguém ne, minhas condições perante a sociedade não permitem tal absurdo. Mas imagine você encontrar uma pessoa digamos que um tanto troglodita ou rustica, em um ambiente "sofisticado" e de muita cultura.

- O que você está fazendo aqui? – Perguntei para Ricardo logo de cara.

- O mesmo que você, admirando a cultura e a arte. – Disse ele se divertindo da minha confusão mental.

- Você? – Disse com espanto, e até um pouco alto, porque algumas pessoas me olharam com cara de quem não havia gostado, até porque estava em um ambiente onde deveria estar em silêncio e deixar a arte falar por si só.

- Sim eu, porque o espanto? – Disse Ricardo cochichando para que ninguém nos olhasse com cara feia novamente.

- Me desculpa, mas você não faz o tipo de que gosta de arte e essas coisas do gênero! – Disse olhando para uma escultura de uma mulher com um vaso de barro em sua cabeça.

- Você está tirando conclusões precipitadas de mim, você só me conhece por fora, e não por dentro. – Disse Ricardo me fazendo ficar todo desconcertado.

- Me desculpa se pareceu um tanto quanto arrogante da minha parte, e até intromissão, mas é que você meio que já me tratou mal, e isso fez com que eu criasse uma ideia de como você era. – Disse isso, e fomos caminhando para a próxima obra, que era uma réplica de um quadro de Diego Rivera.

- Eu que te peço desculpas por ter sido tão grosso com você e ter te tratado mal. – Disse Ricardo parando de caminhar e entrando em minha frente. – É que eu já sofri muito na vida, e quanto menos pessoas entrar na minha vida, melhor para lidar com a dor da perda.

Agora eu entendi todo o motivo para Ricardo ser fechado e grosso daquele jeito, não era legal o jeito que ele tratava as pessoas, mas foi a única forma como seu mecanismo de defesa para não ter que sofrer outra perda. Gostaria de saber que perda era essa que o havia deixado tão frio assim, mas estávamos engatinhando em um diálogo, então não podia forçar a barra já de início, se construíssemos uma amizade, com o tempo eu saberia do que ele estava falando.

- Entendendo, sei que é seu mecanismo de defesa, para não se magoar, mas isso acaba magoando as pessoas que tentam aproximação de você. – Disse.

- Exatamente é esse o objetivo, eu magoo-as para que elas não entrem em minha vida, quando você já passou por perdas, é difícil se abrir para novas pessoas, porque a todo momento você fica na paranoia de que aquela pessoa vai embora, e as pessoas que eu perdi foram embora para sempre, e não para outra cidade, estado ou país. – Disse Ricardo se sentando em um banquinho que tinha em frente a um quadro que me apaixonei, era uma mulher com uma sombrinha e uma criança.

- Ricardo, não viva no passado, viva o presente, eu tenho certeza que ele tem coisas maravilhosas preparadas para você, mas tudo depende de como você deseja receber isso. – Disse olhando em seus olhos. - Lindo esse quadro. – Disse.

- Esse quadro se chama "O passeio" ou então "Mulher com sombrinha", ela possui outros nomes também, está é Madame Monet e o seu Filho, durante os Verões 1875 e 1876 e que representam o jardim da sua nova casa em Argenteuil e campos cobertos de papoilas perto de Colombes e Gennevilliers. Na verdade, o pintor Claude Monet, usou sua esposa e seu filho de inspiração, enquanto eles caminhavam pelo jardim para retratar essa obra, e o que mais impressiona é a realidade e os pontos de detalhes maravilhosos. – Disse Ricardo, fazendo sua contribuição sobre a história da obra, e isso me impressionou, porque jamais imaginaria que Ricardo fosse tão alienado em obras e soubesse sobre sua história.

O PERIGO MORA AO LADO (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora