Pedro continuava em cima de mim, e eu não tinha reação nenhuma, não sabia o que ele estava fazendo, não sabia se aquilo era sério mesmo, ou mais uma de suas brincadeiras, eu olhava fixamente para seus olhos, e ele também estava olhando fixo para os meus olhos. Quando Pedro estava a poucos centímetros de chegar perto da minha boca, a campainha tocou. Mais do que de pressa eu joguei Pedro para o lado e fui atender a porta, e Pedro ficou lá jogado no chão com a coberta.
Eu não sabia se ficava feliz por terem interrompido aquele momento, ou se ficava bravo. Pedro era um rapaz muito lindo e com músculos na medida certa, era um deus grego por assim dizer. Mas ainda estava muito cedo para acontecer qualquer coisa, nós tínhamos acabado de nos conhecer, não fazia nem 24 horas que conhecia ele.
Só podia ser brincadeira com minha cara, o que Ricardo estava fazendo na minha porta, se ele tivesse vindo para me insultar ele ia ouvir com certeza. Eu não via motivos para Ricardo vir a minha porta se não ser um ogro.
- Pois não o que deseja? – Já abri a porta mostrando que não estava para a brincadeira. Ele deu um sorriso de deboche e me olhou.
- Quanta agressividade, eu só vim... – Ricardo parou de falar quando viu Pedro levantando do chão com a coberta e se jogando no sofá, ele simplesmente ficou encarando Pedro por uns 10 segundos mais ou menos, e depois olhou na minha direção com a cara mais fechada que sinal vermelho. – Minha mãe pediu para perguntar se você tem açúcar para emprestar. – Disse ele de forma seca.
- Só um minuto que vou pegar. – Disse me dirigindo a cozinha e indo buscar um pacote de açúcar. Quando voltei os dois continuavam se encarando e eu sem entender nada. – Aqui está.
- Obrigado, e desculpa atrapalhar o casal. – Disse Ricardo e foi embora, só soube que ele tinha entrado em casa, quando ouvi o estrondo da batida da porta do seu apartamento. Fechei a porta e Pedro ficou calado, não falou nada depois que eu entrei, como eu sou curioso e não gosto de ficar sem saber o que aqueles dois tinham, eu me manifestei.
- Pedro, o que aconteceu entre você e Ricardo. – Disse me sentando na ponta do sofá ficando de frente para Pedro. Ele pareceu desconfortável com minha pergunta.
- Ah nada demais, já passou, deixa isso para lá. – Disse ele olhando para televisão e mexendo o pé mostrando sinal de desconforto e inquietação. Como eu não queria forçar a barra eu deixei para lá, mas eu ainda iria descobrir o que tinha de errado com eles. Voltamos a assistir a série e aos poucos Pedro foi se soltando de novo e fazendo piadas em relação a série.
Quando foi mais ou menos umas 4 da tarde Pedro foi embora, e não tocamos mais no assunto da minha suposta virgindade e nem sobre o ocorrido dele com Ricardo. Eu fui arrumar a cozinha, lavei a louça e passe uma vassoura pelo apartamento, arrumei a sala, desconectei as coisas e levei para meu quarto e depois fui tomar um banho.
Depois que tomei banho resolvi dar uma passadinha na casa de Dona Cleide para entregar seu prato e conversar um pouco com ela. Deixei um bilhete caso minha mãe chegasse e não me visse em casa, e fui para o apartamento de Dona Cleide. Chegando em seu apartamento, toquei a campainha e a mesma veio me receber.
- Gab, que bom que você veio? – Disse Dona Cleide, dando espaço para eu entrar.
- Como eu havia prometido vim para conversarmos e trazer seu prato. – Disse lhe entregando o prato.
- Que bom que você trousse porque você leva de novo com mais comida, está precisando comer mais. – Disse ela rindo.
- Dona Cleide assim a Senhora vai me deixar gordo. – Disse rindo e acompanhando ela na brincadeira.
Dona Cleide tinha feito um bolo de cenoura com cobertura de chocolate, meu bolo preferido, pão de queijo e um suco para acompanhar. Conversamos muito, Dona Cleide contou como eram as coisas na sua época, como eram os bailes de antigamente, como conheceu seu esposo. Até chegarmos em uma história muito triste, em que eu fiquei com o coração apertado.
Ela começou a contar sobre a história de Ricardo, ele não era filho dela, ela não podia ter filhos e depois de muito esperar na fila de adoção ela pegou Felipe com 4 anos de idade, e ele tinha muitos traumas de infância, mas ela não mencionou quais. Segundo Dona Cleide o jeito de Felipe fechado e carrancudo era por ter sofrido muito quando era criança, e apesar dele ter tido todo carinho do mundo depois que Dona Cleide e seu Falecido Marido o pegaram, ele ainda assim tinha seus medos.
Fiquei com o coração partido por saber que parte da infância de Ricardo foi de grande trauma e sofrimento para ele, Dona Cleide afirma que mesmo assim, ele é um ótimo filho para ela, que ele é um doce, só trata as pessoas de forma indiferente por ter medo de se apegar as pessoas e elas partirem, então ele tenta manter distância para não se machucar. Como eu não queria ficar mais naquele assunto triste eu mudei completamente.
- Dona Cleide, sobre o açúcar, nós só tínhamos aquela marca lá em casa, eu não sabia se a senhora usava, era esse mesmo? – Disse, logo depois tomei um gole do meu suco.
- Que açúcar você está falando Gab? – Disse Dona Cleide se servindo de um pouco de suco.
- O açúcar que Ricardo foi lá em casa pegar, que você tinha pedido.
- Mas eu não pedi açúcar nenhum. – Disse Dona Cleide dando uma risadinha como de quem não estava entendendo nada da história.
Eu fiquei muito confusão, se Dona Cleide não tinha pedido para Ricardo ir buscar açúcar lá em casa, então porque será que ele tinha ido na minha casa?
VOCÊ ESTÁ LENDO
O PERIGO MORA AO LADO (Romance Gay)
RomanceGabriel é um jovem que tinha um sonho de se formar em uma Universidade Pública, seu sonho muda e da lugar a necessidade quando ele volta para sua cidade e muda de moradia com sua mãe, nesse novo apartamento ele vai conhecer um cara que vai mudar sua...