Capítulo 8 - Um motivo chamado Prato

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Sim, era Ricardo que estava na porta do meu apartamento, ele estava com uma camiseta Preta e uma bermuda azul marinho, ele estava simplesmente muito lindo. Eu ainda com cara de besta olhando para Ricardo parado segurando a porta, só voltei para terra depois que Ricardo falou.

- Não vai me convidar para entrar?

- Desculpa, pode entrar. – Disse dando passagem para ele, depois que Ricardo entrou, fechei a porta e segui pulado na frente dele para conduzir ele até a sala.

Ricardo sentou em uma poltrona que ficava do lado esquerdo da sala, ao lado do sofá onde me sentei, perguntei se ele queria alguma coisa para beber, ele respondeu que não, como a televisão estava ligada ficamos olhando para ela, mas eu tinha certeza que assim como eu, ele não prestava atenção em nada.

- Então, como está seu pé? – Perguntou ele sem tirar os olhos da televisão.

- Estou bem, sinto um pouco de dor depois que passa os efeitos do remédio, mas ainda bem que só foi luxação, e nada mais grave. – Falei olhando para ele, mas o mesmo continuava com os olhos na televisão, Ricardo estava muito nervoso, ele não parava de esfregar uma mão na outra e balançar as pernas.

- Que bom. – Disse ele me olhando pela primeira vez, me perdi naquele olhar, acho que até babei. Depois que me recompus resolvi arriscar e tirar a dúvida que eu tinha a alguns dias.

- Ricardo, eu posso te perguntar uma coisa?

- Pode. – Respondeu ele se arrumando na poltrona e me dando total atenção.

- Porque você veio me pedir açúcar aquele dia? – Disse olhando fixamente para ele, automaticamente Ricardo perdeu a cor. – Para sua mãe eu sei que não foi. – Disse concluído e eliminando a possibilidade de ele mentir de novo. Ricardo estava mexendo a boca para responder, mas ele foi literalmente salvo pelo gongo, a campainha tocou e tive que ir atender. Quando fui abrir a porta era Pedro.

- Resolvi ir no mercado buscar chocolate, também resolvi comprar .... – Pedro parou de falar quando viu quem estava na sala. – O que você está fazendo aqui?

- Não te devo satisfação de nada. – Disse Ricardo se levantando e ficando cara a cara com Pedro, o clima não estava na bom.

- Gente, calma por favor, não briguem. – Resolvi me mexer e ficar no meio dos dois.

- Relaxa Gabriel, esse aí não ia dar nem para o começo, e ele sabe disso. – Disse Ricardo debochando da cara de Pedro.

- Quer tentar a sorte? – Disse Pedro dando um passo à frente e Ricardo acompanhando o movimento fazendo o mesmo. – Garanto que dessa vez não será como da última.

- PAROU! – Gritei para espanto de todos, inclusive o meu. – Se vocês quiserem se pegar vão lá para fora, aqui não.

- Desculpa Gabriel. – Disse Pedro se desarmando.

- Eu já estava de saída mesmo. – Disse Ricardo passando igual bala por nós e batendo a porta depois de sair do apartamento.

Eu respirei fundo e tentei relaxar, se tem uma coisa que eu odeio é briga, tenho pavor, não vejo necessidade ema brigar, quando se pode resolver tudo na conversa. Pedro ainda estava muito bravo, ele continuou em pé segurando a sacola do mercado, vi que seu olhar era um misto de raiva e tristeza.

- Pedro, está tudo bem? – Perguntei.

- Está, acho melhor eu ir embora, eu atrapalhei seu momento com aquele cara. – Disse ele com tristeza na voz

- Não teve momento nem um com Ricardo. – Disse me levantando e ficando próximo dele.

- Desculpa, se teve também não é da minha conta. – Disse ele levantando a cabeça e olhando nos meus olhos.

- Pedro, me conta o que houve no passado com você e o Ricardo. – Disse colocando a mão em seu ombro. Pedro ficou um tempo em silêncio, eu respeitei o momento dele e decidi que não pressionaria mais nada, se ele quisesse contar eu estaria ali para ouvir. – Pedro se não quiser contar eu vou entender.

- É que esse assunto é um pouco delicado e eu não gosto de tocar nele. – Disse Pedro pegando minha mão de seu ombro e segurando firme.

Pedro passou o resto do dia comigo, ele fez almoço, até se ofereceu para me ajudar a dar banho, mas eu recusei (deveria ter deixado né?), Pedro era um amor comigo, eu sabia ele que ele gostava de mim, mas eu não queria dar falsas esperanças para ele, o que estava acontecendo era que eu estava divido entre dois caras, um bruto e um cavalheiro. Mesmo eu sabendo que não teria chances com Ricardo, ainda assim ele mexia comigo, mas também eu não poderia dar chance para Pedro sendo que ele não tinha chegado em mim, tudo bem que o jeito dele cuidar e se importar comigo já era prova mais que suficiente que ele gostava mesmo da minha pessoa, mas eu gosto de papo reto. Papo esse que resolvi ter com Ricardo, ele tinha salvo pela chegada de Pedro na minha casa, mas eu iria atrás da minha resposta.

Minha mãe havia me mandando mensagem avisando que chegaria tarde em casa hoje, acho que ela estava saindo com alguém, e esperava que fosse isso mesmo, ela precisava seguir em frente na sua vida amorosa. Não contei para minha mãe sobre meu pé para não estragar a noite dela, ela precisava focar mais nela.

Estava deitado no sofá assistindo TVZ quando a campainha tocou, fui igual um saci, pulei até a porta, fui todo feliz pensando ser Ricardo que teria voltado para me ver, mas dei com a cara da porta. Era a Dona Cleide, fiquei feliz com a presença dela, mas se fosse o filho dela teria ficado muito mais.

- Oi Gab, fiquei sabendo que você machucou o pé e vim te ver e te trazer um pedaço de torta de frango. – Disse Dona Cleide com seu sorriso rotineiro e estendendo o prato para me mostrar. Se ela ficou sabendo foi porque Ricardo a contou.

- Oi Dona Cleide, muito obrigado pela sua preocupação, e não precisava em se incomodar em trazer nada, só sua visita já estava ótima. – Disse a cumprimentando com um beijo na bochecha e a convidado a entrar.

Dona Cleide entrou, ela fez um café para acompanhar a torta, ficamos conversando por um tempo, depois assistimos a novela das 6, assim que a novela terminou Dona Cleide se despediu e foi para sua casa prometendo voltar amanhã.

- Gab, agora eu tenho que ir, vou sair com uma amiga ainda hoje, mas amanhã eu venho ver você. – Disse ela caminhando até a porta.

- Tudo bem Dona Cleide, muito obrigado por ter vindo me ver, vou ficar esperando a senhora amanhã. – Disse me despedindo dela e abrindo a porta.

- Pode deixar que venho sim. – Disse ela por fim e indo embora.

Voltei para o sofá e resolvi ver meu Snapchat, Instagram e facebook. O tempo não passava de jeito nenhum e Ricardo não saia da minha cabeça, a ideia dele ter ido na minha casa para buscar açúcar e ter mentindo, depois ter ido para me ver estava me dando uma ponta de esperança. Queria muito falar com ele, mas não podia chegar assim do nada, precisava de um motivo para ir até a casa dele. Quando olhei para a mesa, vi o prato que Dona Cleide tinha trazido a torta, ali estava meu motivo para ir à casa dele, eu iria devolver o prato.

O PERIGO MORA AO LADO (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora