9 - Red.

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 ''As coisas boas acontecem apenas para aqueles que sabem esperar e passar pela guerra de cabeça erguida.'' 

Coloquei o tubo de terra no novo vaso e fiz um buraco no meio colocando as novas flores que a senhora Styles havia comprado. Depois do café Harry sumiu, segundo o seu pai ele havia saído para estragar a sua vida. 

A guerra interna entre pai e filho era clara. O lugar em que Harry deveria enfim descansar é o lugar onde ele travava uma nova briga com aquele que deveria apoia-lo.

Levantei da grama onde estava ajoelhada e analisei a minha nova arte com as flores que me fizeram sorrir. 

- É você poderia ser paisagista. - Assuntei-me e ouvi a risada de Harry.

- Nossa. - Murmurei levando a mão ao peito. 

- Venha, vamos entrar. - Mandou e assenti colocando as coisas no lugar. - Precisarei de sua companhia hoje em uma coisa.

- Posso saber o quê? - Perguntei receosa.

- Tem aquela maldita festa ao ar livre que a burguesia faz todos os anos, você sabe, para manter as aparências. - Gesticulou. 

- Aparências? 

- É para lembrar que estamos felizes e estamos na merda do poder. - Resmungou jogando duas pedras de gelo em seu copo.

- Não tenho nenhuma roupa. - Murmurei. 

- Pedi para colocarem algo em seu quarto. Quero você pronta em uma hora, uma das mulheres que arrumam minha mãe irá lá para arrumar seu cabelo e maquiagem. 

- Tudo bem. 

- Uma hora. - Lembrou.

- Tá bom. - Resmunguei seguindo para o quarto enquanto balançava as mãos e escutei sua risada novamente. 

      *Uma hora depois.*

Olhava para o espelho tentando encontrar algum traço de que ainda era eu. Não me via assim há anos e isso era realmente uma imagem difícil nos dias de hoje.

Meu cabelo estava brilhoso, cheiroso e bem cuidado. Suas ondulações naturais em meio ao liso, sua cor castanha reavivada. Minhas bochechas carregavam o avermelhado de uma pele saudável e com um pouco de blush, meus olhos haviam sido realçados com o delineado preto e meus cílios aumentados com a mascara. 

Usava um macacão vermelho de calça e um casaco preto por cima, nos pés trazia saltos também vermelhos e sofisticados. Essa não era eu, mas eu assumiria esse papel por hora.

- Red?

- Já estou indo. - Respondi desviando meu olhar do reflexo e peguei a bolsa saindo do quarto. Harry se encontrava na sala usando um de seus ternos caros e caminhava de um lado para o outro com as mãos nos bolsos. 

- Você esta linda querida. - Olhei para o lado sobressaltada e avistei Anne e o pai de Harry que me encarava da mesma forma que sempre fazia quando me via. Era desconcertante, sujo e nojento.

- Tenho que concordar. - Harry murmurou aproximando-se e para a minha surpresa sua mão se encaixou na curva das minhas costas e seus lábios vieram de encontro a minha orelha. - Esta linda... Red.

Olhei para ele conforme voltava para trás e seus olhos encontraram os meus. Seu rosto estava próximo, sua mão confortavelmente em minhas costas e seus olhos pela primeira vez desde que o conheci expressavam sinceridade e uma certa alegria e então eu me vi sorrir. 

+++

Logo que chegamos a um dos pontos mais lindos da cidade onde sempre ocorriam essas festas, fomos guiados para a mesa de Harry e sua família. 
Sentei-me admirando tudo em volta e Harry me entregou uma taça de champanhe. 

- Lindo não é? - Sussurrou olhando a fonte iluminada e assenti bebendo um gole do conteúdo na taça.

- Sim, é lindo. - Afirmei virando-me para ele e o mesmo sorriu. 

O jantar começou a ser servido e com o por do sol as belas luzes se ascenderam deixando uma visão ainda mais bonita.
Assim que todos terminaram de jantar, falarem sobre os seus negócios e sobre os seus interesses como todos os anos havia chegado a hora de soltar os balões. 

Eles costumavam chamar de ''balões da esperança'' deixava o céu bonito e levava luz e esperança para quem pudesse vê-los. 

Harry acendeu nosso balão e seguramos um de cada lado. Eu me sentia patética. Que esperança isso traria para aqueles que realmente precisavam?

Quando chegamos ao três todos soltamos os balões e então inesperadamente Harry abraçou-me. Olhei para ele que admirava os balões com brilho no olhar. E se isso fosse diferente? E se ele fosse diferente?

- Senhor? - O motorista de Harry aproximou-se. 

- Sim?

- Parece que mais um grupo tentou escapar, foram interceptados quase na saída da cidade. - Disse e vi o brilho dos olhos de Harry sumirem e ele voltou a se tornar o que era. 

Nos retiramos sem avisar ninguém e Harry me colocou para dentro do carro enquanto o motorista seguia para onde se encontrava o grupo de pessoas. 

Minhas mãos suavam frio. O que aconteceria com elas agora? Eu não poderia ver isso. 

- As cores. - Harry pediu assim que chegamos e me manteve parada ao seu lado. 

- Pink - Rosa.

- Purple - Roxo.

- Brown - Marrom.

- White - Branco.

As pessoas falavam suas cores como se fossem os seus nomes, mas o último me fez levantar a cabeça e perder completamente a cor do meu rosto.

- Golden - Dourado

O último... Era o meu pai.

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Mais um, espero que gostem, votem e comentem. Beijinhos :)

The Other Side. H.SOnde histórias criam vida. Descubra agora