28 - Red.

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“A verdade é inevitável quando chega a hora da colheita.”

Eram quase três da manhã quando sua sombra apareceu em minha porta, meus olhos continuavam abertos, secos encarando a sombra que permaneceu ali por alguns minutos até que eu me levantasse em direção a ela.

Meus dedos alcançaram a maçaneta fina que girou em seguida e ele deixou de ser apenas uma sombra. Harry suspirou pesadamente encarando meus pés descalços que ousaram dar um passo em sua direção.

- Eu amo você Red, de uma forma que eu não conseguiria explicar a ninguém. – confessou com sua voz rouca camuflada em uma amargura infinita.

- Eu não consigo dizer o que é isso que aprendi a sentir por você Harry, não posso dizer que é amor, mas também não posso dizer que não é. – sussurrei deixando toda tristeza transparecer em minha voz.

Porque eu não queria ama-lo, eu não deveria ama-lo. Não ele, não quem ele era, porque eu sabia que aquela pessoa na cozinha com a arma na mão, aquele era quem ele era e eu não podia amar isso.

Ainda sim, meu corpo continuou em direção ao seu, até que meus dedos tocassem a pele macia de seus peito, sua pele se arrepiou e meu coração começou a bater mais forte em meu peito.

Suas mãos se fecharam em torno da minha cintura e ergui minha cabeça para encontrar seus olhos. Nossos lábios se tocaram e meu corpo foi erguido do chão.

O caminho até o seu quarto foi feito lentamente enquanto seus lábios devoravam os meus com voracidade após tantos dias afastados.

Quando minhas costas encontraram seu colchão macio, suas mãos subiram pelas minhas coxas puxando a camisola que cobria meu corpo.

Ergui minhas costas e levantei meus braços deixando que meu corpo ficasse exposto para ele e nossos lábios voltaram a se unir.
O apertei com minhas pernas tentando ter o máximo que conseguiria dele enquanto sua calça era desajeitadamente empurrada por suas pernas.

Quando enfim nossos corpos nus se encontraram seu toque se tornou mais profundo e firme, seus dedos traçavam cada pedaço de pele, sua atenção se voltou para os meus seios que foram contornados com delicadeza antes de serem tomados por sua boca.

Um suspiro saiu de minha boca mostrando minha aprovação com o seu movimento e seus dedos continuaram desenhando minha pele até minha intimidade.

Lá os desenhos se tornaram mais claros, os cinco dedos foram substituídos por dois que pressionaram meu clitóris e deslizaram para dentro de mim fazendo-me apertar seu braço e remexer meu quadril em direção aos seus dedos.

Sua boca voltou para o meu pescoço marcando a minha pele enquanto seus dedos entravam em mim e seus polegar alcançava meu clitóris. O ar se tornou pesado e os gemidos não contidos preenchiam o quarto.

Seus olhos encontraram os meus, prazer, suplica e dor se misturaram no exato momento que seus dedos foram substituídos e ele se encaixou em mim unindo seu quadril ao meu.

Me abracei ao seu corpo enquanto ele investia contra mim firme e lento permitindo-me sentir cada sensação aos poucos.

Nossos corpos se tornavam um só, com calma no silêncio da noite Harry me segurou, me amou e me acalmou em seus braços.

Quando nossos corpos suados chegaram ao seu ápice continuamos ali, conectados um ao outro em silêncio, meu formigava em cada lugar por onde passou o seu toque e quando uma gota quente pingou em minha costas e seu abraço se tornou mais forte.

De alguma forma eu sabia, que o fim estava chegando, seja ele qual for.

Na manhã seguinte ele não estava mais na cama quando acordei, havia apenas um bilhete e uma carta na mesinha ao lado da cama.

Preguiçosamente me levantei depois de saber pelo bilhete que ele havia saído para uma reunião do conselho. Me permiti um banho quente antes de colocar meu macacão vermelho que estava sobre a cadeira do quarto e seguir para a cozinha com a carta dobrada e guardada em meu bolso.

O silêncio continuou me acertando em cheio quando olhei para a cozinha vazia. Eu ainda podia sentir a manhã do dia anterior. Orange havia acabado de passar um café fresquinho, e estava animada para que eu experimentaste o seu bolo de milho.

De repente ela comentou das suas lembranças, sua filha que um dia teve o mesmo café da manhã, sobre como os olhos dela brilhavam quando via o bolo da mãe pela manhã. Ainda me lembro do seu semblante dolorido ao dizer que não sabia onde estava sua filha, não sabia há muito tempo.

Ainda podia sentir a hora do almoço, quando ela me repreendeu por deixar o molho ficar azedo e por não ter guardado corretamente as sobras do dia anterior em potes na geladeira.

Ainda podia sentir o momento em que seu semblante se tornou preocupado e aflito quando Harry pediu que ela ficasse escondida pelo resto do dia, de como ela sorriu e beijou meu rosto alguns momentos antes, como ela sabia que não passaria por mais um dia.

Ainda podia sentir seu olhar triste, sua silenciosa despedida e sua decepção com quem lhe apontava a arma. Seu inferno havia acabado.

E então eu chorei, sozinha na cozinha em me permitiu chorar, me permiti sentir toda a tristeza por que eu sabia que meu inferno também estava chegando ao fim.

The Other Side. H.SOnde histórias criam vida. Descubra agora