Andava hesitante. Subia as escadas até a entrada principal como se estivesse indo para a forca. Não que houvesse elas, mas a sensação poderia ser a mesma, sim?
Minhas sapatilhas clicavam no mármore. Minhas mãos tremiam sob a saia, que por acaso estava sendo retorcida e amassada entre meus dedos. Levanto a trava da porta em formato de uma cabeça de leão e bato três vezes contra a porta.
Uns instantes depois a porta se abre e uma senhora com um conjunto rosa e branco aparece. Seu chapéu com uma longa pena fechava o visual elegante de uma mulher poderosa e rica. Claro, era viúva de um conde.
- Olá. Sou a Srta. Grainville. Vim para a vaga de...
- Claro. - ela me corta. Seu olhar percorre minhas roupas.
- Aqui senhorita. Seus pertences. - viro-me e encontro um lacaio com minha pequena mala em suas mãos.
- Pode colocar lá no quarto das empregadas Adrian. Só isso.
Ele acena educadamente. - Claro, senhora. Com sua licença.
Adrian some pela porta e a Condessa Wichester caminhava com sua cabeça erguida. Era um sinal para segui-la? Apresso-me e fico ao seu lado.
- Seu papel é claro como a luz do dia. Cuidará de minha neta e de sua educação.
Engasgo. - Educação?
Ela inclina um pouco a cabeça em minha direção sem ao menos fazer contato visual.
- Sim. Ela não poderá freqüentar sua escola e a professora não pode dar aulas particulares, o que é o cúmulo do ridículo. Deixo fortunas naquela escola e o mínimo que deveriam oferecer era pela menos um mês de ensino particular para minha neta. - ela respira fundo. Caminhamos por um longo corredor até chegar a uma salinha. Poderia dizer que era o salão azul, pela quantidade de azul que tinha em um cômodo tão grande. Acabei descobrindo alguns tons que não conhecia.
- Enfim. - continua ela. - Logo conhecerá Madalena. Gostará dela, garanto. Um doce de menina. Não tenho tempo para educar a menina, tenho muitos afazeres.
Penso quais seriam os afazeres de uma condessa. Tomar chá com as amigas?
- Sente-se. Desculpe-me, seu nome?
- Helena, Sra Wichester.
Ela senta graciosamente em um sofá pequeno, enquanto sentava em uma pequena poltrona em sua frente. Surpreendo-me ao ver que uma empregada entra com uma pequena bandeja de prata.
- Quero que fique constantemente vigiando minha pequena bisneta. - ela pega sua xícara da mão da criada e sorve um gole do chá.
- Bisneta? - pego minha xícara e falo um pequeno obrigado. A criada acena com a cabeça e se retira.
A condessa abre muito os olhos. - Oh! Que confusão. Ela é filha de meu neto, retornará da guerra semana que vem, aquele idiota. Disse que não precisava provar nada, mas receio eu que era para provar a si mesmo...
Ela fica em silencio alguns segundos olhando para o nada. - Oh! Onde eu estava?
- Sua bisneta...
- Não fale asneiras! Não quero parecer mais velha do que já sou. Ter uma bisneta me faz parecer uma velha senil e caquética. Para todos os efeitos eu tenho dois netos.
- Claro condessa. - aceno com o pedido estranho da senhora.
- O que fez aceitar minha proposta?

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Cartas não Respondidas
Romance2° LIVRO DA SÉRIE 'AMOR E GUERRA' PLÁGIO É CRIME! Helena Grainville era uma mulher diferente. Antes do pai falecer e da mãe gastar toda a herança com sua irmã, ela aprendeu a arte da medicina. Por ser proibido o ensino para mulheres, ela aprendeu co...