- A senhora tem que me ajudar! – suplico á minha vó, que tomava seu chá tranquilamente em uma poltrona em sua biblioteca. Uma semana se passara depois daquele potente beijo.
- Meu querido. Da última vez que ajudei a escolher uma esposa para ti acabou sendo um fracasso. Vai negar? – ela ergue uma sobrancelha grisalha para mim.
Suspiro derrotado. – Não. Mas na próxima...
Ela ergue uma mão enluvada com um anel de rubi em seu dedo anular. Calo-me ao seu pedido silencioso.
- Por favor, não quero uma riquinha mimada em minha casa. Estou farta de todas aquelas: "sou frágil demais para isso..." ou melhor "preciso comprar um chapéu ou um vestido pois este que uso está fora de moda..."
- A senhora faz isso... – aponto delicadamente. Ela me encara com seus olhos azuis furiosos.
- Não faço! E me ofende que compare a essas meninas ridículas à minha pessoa. – ela suspira dramaticamente – Meu neto, sabe que eu não nasci nesse meio. Sou de uma família pobre que por acaso estava passando em uma vila onde seu avô passeava. Foi amor á primeira vista e... Sofremos com isso. Seu pai foi contra toda sua família e quando finalmente nos casamos, fiz de tudo para ser aceita nesse circulo tão seleto que é a sociedade.
Encaro minhas botas perfeitamente engraxadas. – Não sabia disso vó.
Ela sorri. – Eu sei... Quero que se case com quem ama Edward. Seu pai não foi afortunado com o amor em seu casamento e olhe no que deu.
Grunhi com as memórias que me assombravam às vezes. Gritaria, brigas e incontáveis tapas. Mamãe e papai nunca foram amorosos um com o outro. O que os ligava era eu e somente eu. O que os obrigava a conviver juntos na mesma casa por conta da rígida etiqueta. Até que um dia a febre veio e levou os dois, juntamente com minha ex esposa. Agnes Chase.
- Nem todo casamento é por amor, vó. O seu deu sorte.
Não consegui disfarçar o desgosto em minha voz e ela percebeu.
- Agnes não era uma boa moça, filho. Vai arrumar outra.
Minha cabeça ergue e encaro seu rosto. – Vai me ajudar?
Ela faz um muxoxo. – Meu amor, a mulher que quero que se case é...
Ela fecha a boca e bebe um gole de seu chá.
- Quem é ela?
Ela cora e pesca um biscoito da bandeja. Seguro seu delicado pulso e busco seu olhar.
- Vó... Por favor. Estou quase com 35 anos. Preciso encontrar uma esposa logo ou irei morrer sem em herdeiro. – suplico. Ela tenta se soltar e resmunga. Continuo – Não irei discordar. Diga-me o nome e me casarei o mais rápido que eu puder com a moça.
Libero seu pulso e ela olha para mim. – Vai cumprir com essa promessa?
- Sim senhora. – digo firme.
Ela alisa a saia já lisa em seu regaço. – Não acredito em você.
Suspiro pesaroso. – Eu prometo, pela minha vida, que casarei com a moça que a senhora escolher.
Ela sorri, mostrando seus dentes. Um arrepio percorre meu corpo, como se eu acabasse de fazer um pacto com o demônio.
- Sabe que minha saúde está comprometida e logo morrerei.
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Cartas não Respondidas
Romance2° LIVRO DA SÉRIE 'AMOR E GUERRA' PLÁGIO É CRIME! Helena Grainville era uma mulher diferente. Antes do pai falecer e da mãe gastar toda a herança com sua irmã, ela aprendeu a arte da medicina. Por ser proibido o ensino para mulheres, ela aprendeu co...