Capítulo 15

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......

― Parece que alguém está se divertindo, não? — me aproximei dele, quando aquela bagunça cessou.

Harry se direcionava à frente do jogo, e eu olhava seu perfil.

— Alene? — vi um sorriso crescer em seus lábios. — Por onde esteve?

— Isso é o que eu te pergunto. — ri.

— Harry, vamos fumar, quer nos acompanhar? — Penny nos interrompeu, pousando sua mão no ombro de Harry, enquanto a outra se ocupava segurando a mão do rapaz de cabelos brancos. Os mesmos me olharam rapidamente, confusos, e depois voltaram a atenção para Harry. O garoto de cachinhos moveu seu rosto para o lado onde Penny estava, e balançou a cabeça negativamente.

— Não, Penny, estou bem, obrigado. — não era de se esperar o contrário de Harry. Eu nunca conseguiria vê-lo com um cigarro entre os lábios.

O grupo que esperava Penny e seu namorado, saíram da sala junto deles, e ficamos somente eu e Harry. Quer dizer, estavam todas aquelas pessoas ao nosso redor, nas quais nem sabiam quem éramos ou nem ligavam para o que fazíamos.

— Alene? — Harry me chamou. Respondi com um "hum", e ele continuou. — Me desculpa pelo Niall. As vezes ele banca de idiota, mas eu juro que ele é um cara legal na maioria das vezes. — ele carregava decepção e vergonha em sua voz, e na medida que mencionava cada palavra, mexia em seu cabelo para tentar esconder seu rosto tímido.

— Está tudo bem. — ri do jeito que ele tentava disfarçar a vergonha, mas seu rosto estava tão corado que ele já devia desconfiar.

Ficamos um tempo em silêncio sem saber o que dizer, até Harry quebrar aquele momento com um sorriso.

— Você viu o que eu fiz? Eu acertei os dardos! Eu não sei como, só sei que consegui. — seu sorriso estava tão largo que era fácil ver suas covinhas se afundarem em suas bochechas coradas.

— Eu vi. — sorri orgulhosa.

— Acho que você deveria tentar.

— Harry, eu não sou um tipo de super-humano, como você é. — debochei e ri. Harry franziu o cenho por debaixo dos óculos escuros.

— O que está acontecendo com você? — ele apertou os lábios.

— Como assim? — foi a minha vez de franzir o cenho.

— Você está chatona como a minha mãe e minha irmã. Eu não sou especial, só não me imponho limites. Se eu ficar colocando obstáculos na minha frente sempre que eu quiser fazer algo que eu gosto eu vou me tornar um infeliz. Por favor, pare com isso. — aqueles momentos que Harry falava sério demais me deixava com um pouco de medo. Não medo dele, mas medo de mim mesma. Ele me fazia refletir tanto que as vezes eu me pegava pensando se eu realmente saberia como era viver. Era como levar um tapa na cara com o livro de argumentos que era Harry Styles.

Eu sabia o que era viver quando eu me reprimia de fazer amigos quando entrei em uma escola nova? Eu sabia o que era viver quando reclamava de levar meu irmão ao parque? Eu sabia o que era viver quando eu subestimava Harry sempre, somente porque ele não enxergava? Por que eu achava tão especial e diferente um pintor cego? Por que um cego não poderia pintar lindas obras? Era uma sequência de "por quês" que estava me deixando louca. Harry estava me deixando louca. Mas, talvez uma loucura levada ao bom sentido.

Peguei os quatro dardos do alvo e coloquei na mão de Harry.

— Você começa. — dei um sorriso amarelo.

He Can't See Me • h.sOnde histórias criam vida. Descubra agora