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Em seguida da conversa que tive com Harry, entreguei o envelope à ele. O rapaz o pegou e o colocou em cima da mesinha, a mesma onde estava a tinta azul.
— Então, eu já vou indo. — tentei me aproximar dele para cumprimentá-lo, mas ele se afastou ao sentir minha presença.
— Espera. — deu um meio sorriso. — Eu também gostaria de fazer as minhas perguntas.
Fiquei surpresa ao ouvi-lo falar, porque, até então, eu era o ser humano curioso e ele era o ser humano questionável.
— Vá em frente. — cruzei meus braços, curiosa pelas perguntas que estariam por vir.
— Ontem fiquei surpreso ao ouvir falarem o seu nome, Alene. Fiquei intrigado. Você é a menina do parque, estou certo? — ele perguntou, levantando as sobrancelhas.
— Sim. — sorri lembrando de como na segunda vez que eu o vira, e não sabia que era cego, me tornara intrigada que o rapaz ao menos me olhara.
— Certo... — ele colocou as mãos no bolso e abaixou a cabeça. — Você mora na casa ao lado, não é mesmo?
— Sim.
— Pelo que eu me lembre, antes da cegueira tomar conta de mim, a minha janela tinha a vista para outra janela. Mas a casa não era habitada por ninguém. Nunca foi. Ultimamente, ouvi uns ruídos estranhos, até uma voz falando "eu vou te matar antes que o fantasma daquela casa nos mate!" — ele encenou e imitou a entonação de voz e me lembrei das palavras de Lynn quando fomos "investigar" a janela vizinha.
Eu coloquei a mão na boca para segurar o riso da cara confusa de Harry e o deixei prosseguir.
— Fiquei assustado. Por acaso, foi da sua casa esse som? — levantou a cabeça com os olhos fechados.
Olhei para ele sem reação. Não sabia as palavras certas para responder a estranha situação, que era de eu e Lynn estarem investigando a casa vizinha — no caso a dele — e presumir um suposto fantasma nela — no caso ele —.
— Bom... Foi sim. — Harry soltou um suspiro de alívio ao ouvir-me falar.
Encaixando todas as peças, tudo começou a fazer um pouco mais de sentido para mim. Se Harry ouvira a voz de Lynn a gritar, obviamente, ele estaria no quarto. E ele disse que o quarto era dele. Harry era cego. Quando se é cego não se vê absolutamente nada, então não existia motivo para a luz estar ligada. ISSO EXPLICAVA MUITA COISA. Tudo passou a ficar mais claro e com sentido.
— Estava pensando no pior ao ouvir aquele som. — ele por fim soltou suas palavras me surpreendendo.
— Eu também. — Arqueei as sobrancelhas ao responder.
— Pensei que fosse... Eu não sei... Alguma espécie de—
— Fantasma. — Completei sua frase.
— Exato. — Ele riu e balançou a cabeça, direcionando—a para baixo.
— Então, isso significa que você é o meu vizinho de janela? — Ri.
— Acho que sim. — Ele levantou a cabeça novamente, e soltou um sorriso largo mostrando suas covinhas.
— Hum, melhor que um fantasma. — Brinquei e Harry se juntou a mim nas gargalhadas altas.
—x—
Na segunda-feira, peguei minha bicicleta e fui para a escola. Mesmo minha mãe me oferecendo me levar de carro, eu preferi ir de bicicleta, porque eu me sentia um pouco mais independente. Sem contar que eu podia parar no momento que eu quisesse para admirar a linda paisagem da Carolina do Sul, mesmo que isso me custasse chegar atrasada na aula.
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He Can't See Me • h.s
FanficHarry Styles é um jovem pintor que ama pássaros. Porém, não é um rapaz tão comum assim. Excêntrico é a palavra que o descreve. A menina ruiva, Alene, que adora pedalar, conhece o garoto de cabelos cacheados na Carolina do Sul. Ninguém imaginaria...