Capítulo 08

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Se puderem, leiam as notas finais! ❤️
.....

Eu achei que a noite seria agradável e normal. Mas mudei totalmente de conclusão depois que Gemma saiu da minha casa.

A irmã de Harry passara o inicio da noite com um comportamento estranho. Enquanto comíamos pizza e conversávamos sobre assuntos aleatórios, como o novo lançamento do filme da Marvel, Gemma se mantinha em silêncio, somente olhando para o ecrã do celular, esboçando sempre um sorriso estranho, meio pervertido. Eu e Lynn entre olhávamos sempre, com a atitude da garota, mas ignorávamos, enquanto dávamos atenção a Harry. Bom, foi somente um barulho de notificação de celular para tudo acontecer.

— Isso! — Gemma finalmente falou uma de suas únicas palavras da noite. Deu um beijo na cabeça de Harry, bagunçou o meu cabelo e o de Lynn, como se tivéssemos cinco anos e saiu pela porta da minha casa. Eu não a impedi, não falei nada, porque foi tudo muito rápido e muito imprevisível. Nunca imaginaria que ela sairia da minha casa no meio da noite, depois de ter recebido um torpedo, e deixaria três jovens de dezessete anos, e uma criança de oito anos, sozinhos. Bom, não que precisássemos de babá. Eu acho.

O resto da pizza que tinha na mesa pareceu perder totalmente a graça para Harry. Para mim e para Lynn não, porque não era sempre que comíamos pizza na residência dos Ballard. Mas, mesmo assim, eu e meu amigo ficamos preocupados com Harry. Ficamos nos olhando várias vezes, fazendo leitura labial um com o outro, enquanto falávamos sem sussurrar, o que poderíamos fazer. O rapaz que usava óculos escuros, tinha sua cabeça abaixada, e sua mão segurando um outro braço seu. Ele ficou calado e não disse mais nada a respeito sobre sua irmã ter saído sem ao menos dizer o seu destino.

Ele parecia triste, e uma coisa que eu não suporto é ver pessoas tristes. Então resolvi que eu tentaria fazê-lo esquecer disso de alguma maneira.

Após Lynn e eu terminamos de comer a pizza, recolhi a mesa, e levei os pratos ao lava louça. Alguém precisa agradecer ao dono dessa grande invenção. Voltei para a sala, e Lynn estava levando Harry para se sentar no sofá, junto com o meu irmão, que estava ali jogando em seu vídeo-game loucamente. No caminho até o sofá, Lynn tentava puxar assunto com o Harry e o contou sobre a história dele achar que Valentim era uma criança amaldiçoada, depois de ter assistido atividade paranormal. 

  —  Tá explicado o porquê de você ter achado que eu era um fantasma... —  Harry riu, enquanto se sentava no sofá. Os segui e me sentei ao lado de Lynn, e Harry ao lado de Valentim, no outro sofá. 

— Você precisa me cobrir agora, para eu atirar nele. — Meu irmão falava não sei com quem, por um microfone conectado ao vídeo-game. Eu ficava abismada como uma criança de oito anos conseguia ser tão esperta com esses lances de tecnologia como o meu irmão. Eu nunca conseguiria matar nem uma borboleta em um vídeo-game.

— Se você pular ali, você consegue distraí-lo e pode matar mais de um. — Lynn por fim se meteu. Ótimo, dois geeks dentro de uma casa, estou me sentindo sufocada.

— Ótima ideia, miojo. — Valentim disse, mencionando o apelido que ele inventara para Lynn. Meu amigo ficou emburrado pelo apelido, mas depois sorriu ao ver que meu irmão tinha matado o tal zumbi que aparecia na tela.

— Isso não é um jogo totalmente educativo para uma criança de oito anos. — Por fim falei, olhando todo aquele sangue escorrer pela tela da televisão.

— Twitter, Instagram, tumblr, facebook... Não são nada educativos também. — Valentim falou, mencionando as minhas redes sociais prediletas. Fiquei sem o que dizer, realmente ele estava certo. As vezes eu ficava impressionada com o jeito que meu irmão falava parecendo ter uns quatorze anos, e não oito. Isso me preocupava. Eu deveria leva-lo mais ao parque ao invés de deixa-lo trancado aqui dentro de casa, jogando esses jogos de matar zumbis. Mas, ah, me lembrei! Eu não podia, porque eu também estava trancada em casa.

He Can't See Me • h.sOnde histórias criam vida. Descubra agora