Capítulo 18

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ESSA MÍDIA DO LYNN KKKKKKKKK


-x-

    Alene

    Meu irmãozinho Valentim assistia um de seus desenhos da Cartoon Network — qual não fazia sentido nenhum pra mim, como sempre —, e eu estava deitada no sofá, olhando para o teto lembrando do que ocorrera na tarde do dia anterior.

    A imagem do garoto de cabelos cacheados e olhos verdes, pintando, enquanto eu estava deitada e olhando para ele aparecia toda vez que eu vegetava, ou seja, a todo instante. Lembro que eu falei uma coisa e outra sobre a casa na árvore em seu jardim para disfarçar, pois meus olhos se fixavam exclusivamente nele. Nele e em sua imensidão de mistérios. Eu não sabia o que ele pensava, não conseguia saber o que sentia através de seu olhar, e aquilo me cativava mais. Me instigava querer saber mais e mais sobre ele. Coisas ocultas sempre atraiu minha atenção, assim como foi quando eu escutava Harry ensaiando em seu quarto e eu achava que era um fantasma. Agora, esse mesmo não-fantasma, atraia bem mais de minha atenção de quando eu achava que ele era o ser sobrenatural.

    Como ele conseguia ser tão incrível?

    As pinceladas eram tão serenas. Parecia tudo tão profundo para ele. 

    Seus cabelos se moviam devido ao vento e dançavam como as ondas do mar faziam. Eu estava fascinada por aquela imagem. Depois de um tempo, eu percebi que eu olhava demais para Harry, e me reprimi. Foi então quando eu perguntei a ele o que pintava. Não sei se foi o maior erro que fiz, ou a melhor, porque quando aquele garoto falou que pintava a Alene Wren, meu coração acelerou tão rápido como nunca antes. Olhei para aquele quadro de Harry, e havia um lindo pássaro vermelho, com sombreados laranjas. O céu azul e lilás, deixava tudo mais intenso. O pássaro estava em movimento, e suas asas se abriam. Ele voava. Não sei para que destino Harry mentalizara para pássaro voar, mas deveria ser um para um lugar bom. Por um momento queria ser, realmente, a Alene Wren, para voar. Mas não queria ser um pássaro vermelho solitário. Porque ele não voaria comigo? 

     — Você está surda?

    Olhei para o som de onde veio a voz, e vi a criança ruiva olhando com indignação para mim.

    — Desculpe, o que disse? — meu irmão revirou os olhos em resposta.

    — Perguntei se você pode me levar para assistir a um filme no cinema. — ele fez uma cara de gatinho choroso, quase me convencendo que era um anjinho em todos os momentos.

    — Por que eu?

    — Porque você é a minha irmã favorita! — Exclamou e vi Valentim se levantando e correndo do sofá até o outro onde eu estava. Pulou em cima de mim e me apertou em um abraço. O que deram para essa criança beber? 

    O abracei de volta, porque, querendo ou não, ele é o meu irmão, mas eu não cedi. Eu conhecia aquele truque. Enquanto ele deixava o seu rosto ao lado da minha bochecha, e me enchia de beijos, aproveitei para curtir o momento amoroso dele, antes de estragar tudo.

    — Talvez porque eu seja a única?! — finalmente respondi e evirei os olhos.

    Meu irmão ergueu seu corpo, ainda sentado em cima do meu ventre, e fez uma cara de zangado.

    — Papai ou mamãe não querem te levar, não é? — ergui minha sobrancelha, enquanto eu segurava seus pulsos e o prendia sobre o meu colo.

— Estão ocupados demais com o trabalho... — revirou os olhos.

— Aquele papo de irmã favorita então... — comecei, entrando em uma brincadeira.

He Can't See Me • h.sOnde histórias criam vida. Descubra agora