Eu passava todos os meus dias com meus amigos, saíamos para festas e não lembrávamos a hora em que chegávamos em casa, era bebida e muita dança por todo lado, até que tudo isso acabou na noite de 23 de julho, estava frio no topo da montanha onde morávamos e por isso eu tinha acabado de sair de um banho longo da minha banheira, coloquei meu pijama quente e só permaneci cinco minutos em paz.Meu pai abriu a porta do meu quarto como se tudo estivesse desmoronando atrás dele, literalmente, estava. Eu acordei ainda com os cabelos úmidos e ele me entregou uma arma, tinha o cabo de madeira marrom e cano cinza, eu sabia usá-la, mas nunca tinha precisado.
Uns homens entraram na minha casa, buscando levar tudo consigo, abriam portas com chutes e empurrões com uma força que eu nunca tinha visto, um garoto másculo e bonito entrou no meu quarto, segurava uma arma e pelo jeito sabia bem como usá-la, ele falou algo com meu pai e ele pareceu concordar com tudo aquilo, o garoto veio até mim, pegou minha mão e pulou a janela comigo, eu estava assustada e quase não conseguia respirar e raciocinar tudo aquilo, sendo forçada a correr pelo meu jardim com um estranho, que era lindo demais para estar numa situação dessas. A rua estava escura, não existiam muitas casas por perto.
Quando acordei naquela manhã pensei que seria mais um dia tranquilo.
Eu estava enganada.
"Vai ficar tudo bem." Ele disse baixo enquanto nos abaixamos atrás de um carro parado na rua, a voz dele era grossa e lenta, e eu me perguntei como ele podia transparecer tanta calma numa hora daquelas. Se levantou um pouco e atirou com uma pistola pequena, em direção a minha casa.
"Meu pai está lá dentro, seu idiota!"
"Nunca mais me chame de idiota, Maurhen." Eu ouvia tiros, ele sabia o meu nome? Era isso, deveria ser mais um dos contratados do meu pai, eles estavam vindo em nossa direção. "Me ajude, porra!" Ele gritou, mas ainda sim prestava mais atenção nos seus alvos, eu via lentamente corpos caindo no chão.
"Eu não sei o que fazer! Eu não sei nem quem é você!"
"Cala a boca e atira." Ele parou, e então eu o vi sendo atingido no braço, tentei não gritar e prestar atenção em quem estava na nossa frente. Era um homem de preto, tinha olhos escuros e parecia estar com problemas na arma, eu levantei os dois braços, apontei para ele e usei todo o meu conhecimento sobre aquilo, fechei os olhos, disparei, então por um momento os tiros pararam, voltei a abrir os olhos e vi o mesmo homem agora jogado no chão, o garoto de olhos verdes estava no asfalto ao meu lado, segurando seu braço.
"Eu sou Harry." Ele sorria, tentava estender a mão pra mim, respondi ao aperto de mão. "Ai. Não aperte tanto."
"Desculpa." Eu disse, ele não parecia estar sentindo dor.
Mas estava. Sempre estava, quando eu fazia alguma merda, ele escondia muito bem o que estava sentindo.
Acho que com ele eu aprendi a ser assim também.
...
Saio dos meus pensamentos assim que escuto o meu celular tocar, não levanto minha cabeça da almofada e passo minha mão pelos lados do meu corpo procurando pelo meu iPhone de penúltima geração que estava no modo avião até minutos atrás, passei o dia sem dar notícias. Eu sinto o aparelho encostar nos meus dedos de unhas pintadas, pego.
"Alô." Quase sussurro.
"Tudo bem?" Eu escuto, solto o ar pela boca.
"O que você acha?"
"Acho que você tem que estar bem, segurar o choro e ir trabalhar esta noite, Maurhen."
"Não quero ver um pingo de sangue hoje, nem amanhã e nem nunca mais."
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city of wars
Romancea história de um jovem que matava sem dor, sem amor, mas algo o atrapalha. A história onde o tiro do amor é forte, apaixonante, e seus olhos me lembram o fervor do inferno. situação: parada/ sujeita a mudanças fanfiction escrita por Lystockholm, a...