Capítulo 12. Eu conheço Zayn Malik?

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    Na escuridão, era onde eu estava, eu não via e nem sentia nada, mil pensamentos passavam na minha cabeça, eu realmente não sabia se ficaria viva, quem tinha me levado até aquele lugar sujo e escuro? Eu só olhei para as paredes e esperei, eu não sabia de fato o que estava esperando mas sabia que não era bom, até que algo começou a brilhar na minha visão, era como uma luz distante, mas ardente, eu via sombras que se moviam lentamente, e agora abro os olhos e vejo que se não estou no inferno, estou perto dele.

"Onde eu..." Me incomodo, ouço vozes e percebo que estou no chão com um braço amarrado em um cano velho na parede.

"Maurhen Lingson." Um homem alto de preto anuncia, com voz grossa, ele segura uma arma grande e eu me pergunto se preciso ter medo dela.

"Eu não conheço vocês." Digo, está calor, por sorte ainda estou com minhas roupas de antes. Sem sinal de violência.

"Nem precisa conhecer, mocinha, você só precisa saber o que temos a dizer."

"Ou você ouve o que temos pra dizer, quieta e comportada, ou vai se encontrar com Deus ainda essa noite." Um outro fala, ao lado dele, um pouco atrás.

"Vocês não sabem sobre minha religião."

"Nós sabemos tudo sobre você, Indiana, seu pai está morto pelo Zayn, Harry também, entre muitos outros homens de bem, não acha irônico ele não ter te matado ainda?"

"Ele não matou meu pai." Sussurro, não querendo acreditar.

"Pare de sussurrar." O rapaz diz bem perto de mim, sussurrando também, mas eu consigo ouvir, está brincando com a minha cara.

"Ele não... não." Eu balanço a cabeça, sentindo as correntes apertarem meus pulsos.

"Você conhece Zayn Malik, Maurhen?"

"Eu..."

"Ele pode te enganar fácil, você não pode deixar isso acontecer."

"Que porra, o que vocês querem?"

"Ei, coloca ela na cadeira, precisamos ter uma conversa, ela está um pouco mal educada." O rude pede para outro rapaz que se move para longe da porta e puxa uma porção de chaves do bolso, ele se abaixa do meu lado e ajunta a corrente, eu olho de canto até ser levantada pelo braço, eu me sento numa cadeira de ferro que pelo que vejo é colada no chão, ele novamente fecha as correntes, dessa vez mais apertadas, eu acompanho o andar despojado do homem voltando para onde estava, uma mancha preta no chão perto de mim me faz levantar hipóteses que alguém já morreu sentado onde estou.

"Ótimo, agora, Lingson, olhe pra cá."

"O que vocês querem de mim?"

"Nós não queremos muita coisa, apenas, que você traga o seu namorado até nós."

"Quem?"

"Zayn."

"Ele não é meu namorado."

"Pare de tentar nos enganar." Eu olho, vejo no chão que há uma sombra grande atrás de mim, olho para trás e um dos homens que segura uma arma me olha fixamente, a uns dois passos de mim, ele levanta a arma e empurra minha bochecha com o cano, me fazendo olhar para frente novamente. Estou suando, mas sei que não é calor.

"Eu não estou enganando ninguém." Falo baixo, com a cabeça erguida.

"Fale mais alto!"

"Não quero falar alto." Teimo, sinto algo gelado no meu pescoço nu, eu fecho os olhos por um instante, mas me mantenho forte. "O que vocês querem?"

"Zayn Malik."

"Então por que diabos não pegaram ele ao invés de mim? Eu não tenho culpa das merdas que ele fez e..."

"Queremos que você mate Zayn Malik."

"O quê?" Eu começo a rir, mesmo sabendo que tem uma arma colada na minha nuca.

"Você vai receber uma recompensa melhor que todas que já recebeu em qualquer assassinato comprado."

"Mas... Por quê?"

"Você deve amar muito aquele seu irmãozinho, ah, o Louis. Ele é a única lembrança viva da mamãe Maurhen, não é?"

"Ele não é meu irmão."

"Claro que sim, mas filho de outro homem, hum, eu posso sentir cheiro de  uma família de merda."

"Cala a merda da sua boca!"

"Wow... você disse que não falaria alto, Maurhen. Que vergonha, esse nome é mesmo digno de orgulho pra você?"

"Se você falar mais uma vez da minha mãe eu..."

"Você não pode fazer nada, se fizer, pode esquecer de ir visitar seu irmão quando ele está passando a tarde com vagabundas baratas, será que elas fazem ele se lembrar da mamãe?" Eu tento pular da cadeira e avançar no homem nojento a minha frente, mas as correntes me puxam de volta para trás e eu sinto meus pulsos doerem, eu não posso fazer nada agora.

"E se não fizer o que queremos, ele vai morrer mesmo assim, você só não vai ganhar a sua recompensa, uma recompensa que vale muito mais que uma maleta de dinheiro, é importante como uma vida, você tem seis meses, se estivermos vivos até lá ou não, ele morre de qualquer jeito, pense nisso."

Olhei fria e fixamente para o chão, pensando que tudo aquilo seria uma besteira.

Por que eles queriam o corpo de Zayn Malik?

E foi então que eu ouvi dois toques na porta.

Eu levantei minha cabeça, me perguntei quem seria em uma situação dessas. A minha pergunta recebeu uma resposta rápida, e eu pulei.

"Zayn! Não!"

...

Zayn PDV

O velocímetro marca 200km e meu corpo ainda acha que estou indo devagar demais, depois que deixei Maurhen no merda do Louis, ela não apareceu mais, a minha mente se encheu de todas as possibilidades de algo ter acontecido, até que então tudo ficou claro, eu entrei no carro e peguei a rodovia que ia até Cambridge, cidade pequena capaz de esconder vários segredos, não é distante da capital, pode ser um ótimo esconderijo para alguém que quer fazer seu jogo, não para mim.

Eu saí do carro rápido, atrás de uma casa logo na entrada da cidade, já com a arma na mão direita, decidi ir para os fundos da casa velha, assim que avistei dois dos idiotas que andam me seguindo nos últimos anos, colei meu corpo na parede de concreto e torci para que eles não tenham me visto, fecho meus olhos e encosto a cabeça na parede, tentando pensar em algo melhor. Nada. Eu ando cuidadosamente até à frente da casa e tento olhar para dentro por uma janela, sem sucesso, eu vou até a porta e pego devagar na maçaneta, a porta se move e por um descuido está aberta, eu abro, coloco meu corpo para dentro e vejo que estou sozinho, fecho novamente e ando ao lado da parede, aciono meu gatilho, estico o dedo, preparo minha respiração, minhas botas pretas fazem meus passos curtos serem mais silenciosos, eu não ouço vozes, muito menos vejo pessoas, isso me preocupa, a sala é grande e larga, com alguns sofás cor cinza e uma televisão de tela plana desligada, tapete sujo me dando a impressão de que nunca foi lavado, a cozinha parece ser logo ao lado, mas com a porta fechada, eu não sei onde Maurhen pode estar.

Algumas vozes soam de um corredor, ao lado da sala, eu vou até ele e ouço.

"[...] Ele é a única lembrança viva da mamãe Maurhen, não é?"

"Ele não é meu irmão."

Parece ser a Maurhen. Claro que é.

"Claro que sim, mas filho de outro homem [...]"

"Cala a merda da sua boca!"

Com necessidade de fazer alguma coisa, eu dei passos largos e achei a porta onde as vozes ficavam cada vez mais altas, parei em frente dela e dei dois toques, apontei a arma para frente, na altura do meu ombro, e esperei que alguém abrisse a porta de madeira velha.

Ela era quem me impedia de fazer uma coisa dessas.

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