Certamente, essa era a vida que Alexander Keller mais havia desejado nos últimos tempos.
Mirar o revolver em direção ao alvo, acentuar precisamente o alinhamento do braço estirado, manter-se em uma posição segura, mas sem perder o foco. A respiração estava rápida. Seria revigorante sentir nas veias a adrenalina fazendo o seu trabalho, ocasionando a série de reações que tanto estava acostumado, quando ainda treinava para ingressar no Departamento. Mal pôde se conter no dia que alcançara o que tanto vinha lutando para ter: ser o trigésimo agente naquela pequena lista dos mais renomados. Nomes como Joe Keller (seu avô), Robert Keller (seu pai), John Cowen e outros que se seguiram faziam daquela conquista algo fantástico. Mas, Alex não contava com o peso de seu sobrenome. Ser um Keller era uma grande merda e o que poderia ser o trabalho dos sonhos, não estava passando de uma droga de tempo perdido. Relaxou os ombros e puxou o gatilho, vendo a bala atingir exatamente o círculo vermelho no centro daquele alvo inútil. Era assim que vinha gastando suas munições: na sala de treinamento do Departamento 8.
Suportar as piadinhas era algo que vinha exercitando durante os últimos três meses, desde que colocara os pés naquele lugar. Arrependeu-se no momento em que dissera seu nome completo a um dos secretários que ficava na sala de gerenciamento de casos; a partir de então, sua vida havia sido resumida em alguns jogos que baixava pelo notebook, idas a sala de treinamento e algumas horas na cozinha, roubando todos os cookies que Eleanor, uma senhora de setenta anos, fazia. Quantidade de casos concluídos? Nenhum. Idas ao necrotério? Zero. Perseguições com seu conversível? Negativo. Ali ele era apenas mais um agente qualquer, que havia entrado no Departamento por motivos exclusivamente corruptos e influenciáveis. Nem ao menos lhe davam a chance de mostrar o quão bom poderia ser acertando a bala na cabeça de um bandido ou arquitetando algum plano de apreensão. Alex simplesmente não existia.
Caminhava pelo corredor sem muitas pretensões para aquele dia, carregava um copo de café na mão esquerda, enquanto mantinha-se atento ao smartphone. Os boatos que circulavam durante a semana pelo local eram preocupantes; alguém estava bastante disposto a tirar a vida do delegado Ryan, responsável pelo 16º distrito policial de Nova Iorque. Ele poderia estar incluso no caso? Poderia. Mas, o diretor do oito havia dado um discurso pleno alegando não ser o momento ideal para Alex. Nunca era o momento ideal e ele estava começando a ficar extremamente incomodado com toda aquela situação. Talvez, se abandonasse o distintivo, poderia conseguir algum bico num desses supermercados. Seria mais interessante, provavelmente.
— Pensando no fracasso, Keller? — ouviu a voz familiar soar em seus ouvidos e ergueu os olhos para encarar Jane.
Jane Evans. A única pessoa com quem consegue manter uma conversa durante vinte minutos ou mais; loira, cabelos longos, alta, com uma expressão facial de dar medo a qualquer bandido que a encontrasse pela frente. Nunca quis ser rude, mas o pensamento que passa pela cabeça de Alex a maior parte do tempo é: o quanto deve ser difícil tê-la como esposa. Não que ela seja comprometida, mas o homem que tiver o desprazer de realizar esse feito ganhará sua admiração para sempre.
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AGENTE 030 (hiatus)
Romance[book two] Alexander Keller, ou agente Keller - como é conhecido no Departamento 8, se tornou o trigésimo agente nomeado ao cargo entre todos que estavam na disputa. Seguindo a linha da tradicional família de agentes da qual veio, precisa provar a t...