— Pare o carro... Por favor... Tyler...
Estavam em alta velocidade. Apesar da dor insuportável que parecia estar quebrando todos os seus ossos, ainda percebia que o carro ia além do permitido. A sirene ao fundo, invadindo os seus ouvidos, causando-lhe mais e mais desespero. Mais dor. Mais contração. Um grito ecoou de sua garganta, as lágrimas se misturaram ao suor espalhado pela sua face; precisava de um hospital. Precisava ter o seu filho. Ali certamente ela morreria, pois já não aguentava mais a sensação de estar sendo rasgada de dentro para fora.
Tyler, por sua vez, sentia a adrenalina correndo pelas veias enquanto pisava fundo no acelerador do carro. Era uma fuga. Precisava sair da rota dos policiais o mais rápido possível e Katherine lhe enchendo a paciência no banco de trás só atrapalhava a situação. Maldita hora em que a fodeu sem proteção. Maldita hora em que ela engravidou. Ouviu-a gritar novamente e apertou os olhos, impaciente. Precisava despistá-los. Foi então que avistou uma pequena rua se abrir ao lado esquerdo da pista e sem pensar duas vezes, girou o volante e se enfiou na estrada desconhecida.
Katherine se olhava no espelho. Os olhos fixos em seu reflexo, a mão direita pousada sobre a barriga. Vez ou outra, a lembrança daquele dia vinha lhe atormentar e nos últimos dias, depois de tantos acontecimentos, aquilo havia se tornado corriqueiro. Pesadelos, memórias, sentimentos loucos que invadiam seu coração fazendo-a respirar fundo para não perder o controle. Desde o dia da morte de Roger, quando vislumbrou uma tatuagem muito parecida com a do ex-namorado, vinha sofrendo desses ataques de pânico, choros sem aviso prévio, medo de ficar sozinha. Queria poder compartilhar todos aqueles segredos com alguém, queria um ombro amigo para se apoiar e derramar tudo o que vinha enchendo a sua cabeça ultimamente, mas infelizmente se via sozinha naquele mundo. Novamente. Porque no momento todos os que estavam ao seu redor só tinham interesse em uma coisa: arrancar qualquer informação que fosse de dentro dela. Ela faria isso de bom grado, se não fosse tratada como uma qualquer por cada agente que lhe dirigia a palavra. Principalmente um em especial.
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Pedir ajuda a Ashley Cowen certamente havia sido uma ideia e tanto; sabia das habilidades da mulher, mas a cada encontro se surpreendia mais. Em menos de três horas ela havia conseguido boas informações sobre os três gerentes da máfia Martinez, o que conferia ao agente Keller uma boa vantagem sobre os demais que se mostravam envolvidos no caso. Informações valiosas que poderiam ser completadas caso conseguisse ter uma boa conversa com Katherine, o que deduziu ser a sua tarefa mais difícil naquele dia. Ainda passava os olhos sobre os arquivos de cada um, como se deles dependesse a sua vida – e de certa forma, dependia realmente. Aquilo estava mais para uma mina de ouro no fim do arco-íris, qualquer bom detalhe extraído lhe daria pontos extras dentro do departamento.
— Agora me diz, por que a urgência? — Ashley questionou, analisando o rapaz sentada em sua frente.
— Um caso complicado que chegou — se desprendeu dos pensamentos, encarando a loira — E eu meio que fiquei por fora de tudo, então cada informação que eu conseguir será importante.
— "Meio que ficou por fora? " — a agente repetiu, unindo as sobrancelhas. Afinal, tinha conhecimento da dificuldade em que Keller possuía para ser notado — Ainda te deixam em segundo plano?
— Sempre — ele afirmou com um sorriso fraco nos lábios — Sabe como é, ser filho de quem eu sou não me coloca no topo de pessoas favoritas.
— Mas você parece bem informado sobre o caso, de algum modo está inserido dentro dele ou estou enganada?
— É — ironizou — Me colocaram para ser o segurança particular da testemunha. Bem importante, não acha?
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AGENTE 030 (hiatus)
Romance[book two] Alexander Keller, ou agente Keller - como é conhecido no Departamento 8, se tornou o trigésimo agente nomeado ao cargo entre todos que estavam na disputa. Seguindo a linha da tradicional família de agentes da qual veio, precisa provar a t...