capítulo | 14.2

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O departamento estava especialmente quieto aquele dia. Não por nenhum motivo especial, apenas agentes ocupados demais em seus respectivos afazeres. Alex já estava em sua sala, entretido com as informações que organizava em seu bloco de notas – o café extraforte ao seu lado, recheando o pequeno cômodo com o cheiro característico que exalava da caneca preta. A tela do computador brilhava em sua direção, enquanto seus olhos castanhos mantinham-se concentrados nas anotações ali exibidas. As semanas estavam passando e por mais que ele quisesse adiantar a resolução do caso, sentia-se completamente perdido. Estava em uma areia movediça, sem conseguir dar muito mais do que alguns passos em direção ao fim.

Sua noite no sofá lhe resultara algumas dores pontuais, mas o que estava tirando a sua paciência certamente era a inércia que o FBI estava mostrando diante ao caso de Roger Walsh. O diretor George havia sido claro em suas considerações quando disse para Alex se manter distante, mas de acordo com suas últimas sessões no software da academia, muita coisa estava sendo atrasada ou ignorada, dificultando o andamento das investigações.

Recostou-se na cadeira, deixando um suspiro lento e carregado de frustrações escapar por entre seus lábios. O endereço da oficina em Bedford ainda estava em evidência no canto esquerdo do monitor, com os dizeres "Josh's Service" em negrito. Esse era o nome que havia visto na lateral da caminhonete dirigida por Tyler Roy, membro da máfia Martinez e por precaução não havia dito a ninguém. Não queria que a informação se espalhasse de repente e muito menos que os agentes envolvidos diretamente ao caso lhe roubassem a frente naquela pista. Faria tudo sozinho.

As batidas na porta roubaram sua atenção e quando se deu conta, Bob e Jane já adentravam a sala com expressões pouco amigáveis. Não pareciam os mesmos Bob e Jane que ficavam trocando piadinhas no corredor enquanto Alex era exclusivamente o alvo delas. Estavam realmente irritados com algo e isso ficou ainda mais evidente quando ambos se sentaram nas cadeiras em frente à mesa de madeira, cruzando os braços sobre o peito, sem esboçar a mínima cortesia.

— O dia parece estar incrível, huh? — Alex disse, sua voz escorrendo sarcasmo.

— Fomos retirados do caso — Bob despejou, suas expressões transtornadas evidenciando o quanto estava puto da vida.

— Impossível.

— É isso mesmo que você ouviu — Jane se pronunciou, mas ao contrário do rapaz ao seu lado, seu olhar era banhado por um tipo de decepção cortante — o diretor George nos convidou para uma conversa e simplesmente jogou a bomba. Como se fossemos descartáveis.

— Mas que merda.

— Eu não entendo — Bob voltou a dizer — não chegamos a obter quase nada de informação. Ninguém foi enviado aos laboratórios de comunicação e informática em Quantico.

— Óbvio que não — Jane deu de ombros — Tenho contato direto com essa divisão. Não fui informada de absolutamente nada. Nos deixaram no escuro.

Alex manteve-se calado pelos minutos que se seguiram, apenas absorvendo todas as palavras que seus companheiros de profissão estavam despejando – tentando com dificuldade minimizar o impacto doloroso em ouvir tudo aquilo. Não duvidava da capacidade de Jane Evans e Bob Dixon em suas funções. Eles eram os melhores em atuação, principalmente no que dizia respeito a crimes organizados. Tirá-los da rota implicava em meses de atraso, principalmente quando a vítima envolvida era Roger Walsh, dono de um patrimônio incalculável. Estavam sendo colocados para escanteio.

— Eu tive acesso ao sistema do departamento — sua voz interrompeu a pequena discussão a sua frente — não há quase nada de evolução nos últimos dias.

AGENTE 030 (hiatus)Onde histórias criam vida. Descubra agora