capítulo | 15

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Bedford ficava na grande Bed-Stuy, bairro central do Brooklyn. O local era completamente diferente do que Alexander estava habituado a ver – ter o nome riscado na lista de queridinhos do diretor George só ressaltava aquela condição. Os prédios desgastados se apresentavam em fileiras, um após o outro, com cores escuras e envelhecidas. As pichações eram tão comuns quanto os olhares desconfiados que recebia enquanto o veículo preto em que estava deslizava pelo asfalto; havia trocado o seu importado em um carro popular na garagem do departamento, justamente para não levantar aquele tipo de olhar. Olhares que perguntavam o que ele estava fazendo ali.

Não se sentia orgulhoso desconhecendo a realidade dos principais bairros da cidade. Sabia da fama que o Brooklyn carregava, apesar de tudo. Sabia que o retrato do lugar nos principais noticiários não era nada amigável, mas também sabia das pessoas de caráter que vinham dali. Seu companheiro Bob Dixon era um exemplo daquele discurso.

Após dobrar algumas esquinas e redirecionar a rota do GPS uma ou duas vezes, conseguiu encontrar o endereço indicado na tela do smartphone. Diferente das ruas movimentadas que encontrou ao adentrar Bedford, aquela rua em especial parecia um pouco menos habitada. Os prédios eram afastados um do outro e os terrenos baldios se faziam muito mais presentes, deixando a mente do agente Keller em alerta. Seu olhar pousou na grande placa metálica que levava o nome "JOSH'S SERVICE" em tons vermelho, gastos pela quantidade de tempo que deveria estar ali.

Alex estacionou o veículo dois prédios antes, em frente a um grande espaço abandonado. Suas mãos estavam segurando o volante com uma força a mais do que o normal. A injeção de adrenalina que recebeu ao encarar o nome da suposta mecânica fez seu coração iniciar uma violenta onda de batimentos – não sabia o que estava lhe esperando atrás da pequena cerca de ferro que dava acesso ao local, mas de qualquer forma, não voltaria atrás. Já havia ido longe o suficiente para desistir. Abandonou o veículo, a porta sendo fechada lentamente e agachando-se logo em seguida. O canivete retirado do bolso de sua calça jeans encontrou a borracha do pneu dianteiro, enquanto todo o ar preso era liberado. Olhou uma última vez ao redor, antes de iniciar sua caminhada em direção a oficina.

A velha desculpa do pneu furado parecia uma boa ideia para abordar o seu principal suspeito. Só precisava encontrar uma segunda resposta, caso Tyler Roy lhe perguntasse o motivo de estar rondando por aquelas ruas. Alex aumentou o ritmo das passadas, tentando controlar a adrenalina que rompia pelas suas veias a cada centímetro mais perto.

O local era amplo, apesar de estar com uma aparência abandonada – semelhante a todos os imóveis daquela rua. O cercado de ferro ao redor do espaço servia apenas para delimitar o perímetro, uma vez que Alex empurrou com facilidade a pequena porta central. Do seu lado esquerdo, havia uma pilha de ferro velho bem equilibrada, recobertos por uma grossa camada de poeira. No lado direito, havia um pequeno depósito de madeira, com algumas motocicletas embaixo, tão velhas quanto as peças que estavam espalhadas pela área externa.

A oficina, propriamente dita, estava em sua frente. Ferramentas penduradas na parede de tijolos, alguns equipamentos posicionados em locais específicos e uma bancada que provavelmente era o ponto de atendimento ao cliente. Foi para lá que Alex se direcionou, apertando algumas vezes o pequeno sino sobre o balcão de mármore. Os minutos seguiram a passos de tartaruga, enquanto seu coração explodia contra suas costelas. Novamente sua mão pousou sobre o sino, dessa vez com uma força maior do que a inicial. O som agudo ecoou.

Nada.

Aparentemente vazio.

Com um suspiro denso escapando pelos lábios, Alex varreu o espaço com os olhos, tamborilando os dedos sobre o mármore frio. Havia algumas caixas de papelão empilhadas em um canto afastado, assim como alguns compressores de ar. A mecânica estava completamente em ruínas, o que apenas confirmava a teoria que rondava a cabeça do agente Keller. O nome da empresa provavelmente era utilizado para camuflar algo maior ali. Tomado pela curiosidade repentina, ele encaminhou-se para as caixas, mas antes que pudesse abri-las, uma voz suave chamou sua atenção.

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⏰ Última atualização: Sep 23, 2019 ⏰

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