capítulo | 04

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O apartamento destinado a Katherine Walsh não era amplo e tampouco possuía janelas que davam vista a arranha-céus. Não havia uma combinação de cores eleitas especialmente de acordo a sua personalidade, nem lustres que iluminavam todo o ambiente. Era simples. Simples o suficiente para que sua identidade fosse mantida em segredo.

Ficou encarando o lugar durante alguns segundos antes de adentrá-lo e fazer uma análise mais detalhada. Não havia tantos móveis na sala, apenas um sofá de três lugares e uma pequena mesa de vidro separando-o da televisão de 40 polegadas. A cozinha americana era mobiliada apenas com uma geladeira, fogão e micro-ondas. Um pequeno corredor dava acesso ao único quarto, concluindo que ficaria ali sozinha, sem ao menos uma pessoa decente para conversar; mas, diante de tudo o que vinha acontecendo, a solidão certamente seria a melhor companhia. Abraçou-se lembrando que ainda estava acompanhada de seu segurança, que parecia tão arrogante quanto todos os outros que vinham lhe dando indicações de como se comportar. Observou-o rapidamente, enquanto o mesmo mantinha-se encostado no batente da porta, provavelmente impaciente demais.

— Acredito que suas coisas já estejam no quarto — Alex comentou, dando uma checada rápida em suas notificações no celular.

— Adeus privacidade — disse para si mesma, enfiando as mãos no bolso da calça jeans.

— Privacidade? Deveria ter pensado nisso antes de se casar com o todo poderoso Roger Walsh — o agente riu do próprio comentário, recebendo um olhar nada amigável de Kate.

— Qual o seu problema? — a garota questionou com a confusão explicita no tom de voz.

— A verdade dói — retrucou, parecendo se divertir.

— Bom, já que estamos trabalhando com a verdade, eu sinto muito se você não está satisfeito com a função que lhe deram — arqueou as sobrancelhas, dando a cartada final.

Alex abandonou a posição confortável em que estava, adotando algo mais parecido com um "como ela descobriu?". Ser desarmado daquela forma era algo que não estava no script que havia montado na noite anterior, talvez por isso a única reação que conseguiu pensar fora em abandonar o apartamento, para dar uma volta no condomínio em que estavam situados. Afrouxou a gravata vinho, livrando-se dos primeiros botões de sua camisa social; pegou o elevador e quando se deu conta, caminhava pelas ruas calçadas do local. Estava acostumado (mesmo que contra sua vontade) com o tratamento que recebia no Departamento e por algum motivo ainda desconhecido, sentiu-se completamente humilhado quando a mulher declarou a frase que ainda ruía por sua mente. Ela não sentia muito, claro que não. A conotação irônica que a mesma havia utilizado havia deixado claro que ela não guardaria nenhum tipo de desaforo e aquilo só aumentou o desconforto no peito do agente. Precisava se manter firme, precisava conquista-la, principalmente a confiança destruída da moça; a chave para o seu sucesso possuía nome e sobrenome... Só era questão de tempo para que ela abrisse a porta que o levaria ao posto de melhor agente de Nova Iorque.

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Katherine estava sentada na cama de casal que havia no quarto, olhando através da porta que dava acesso a pequena varanda do cômodo. Estar ali não era uma opção, viver toda aquela situação não estava em seus planos, perder alguém que possuía uma importância enorme em sua vida também não. Às vezes, em alguns momentos, idênticos aquele que estava vivendo, concretizava que estava no mundo apenas para sofrer todas as consequências. Sobre ela, todos os problemas da humanidade haviam sido derramados; era a única explicação. Inspirou fundo, tentando acostumar-se com ar pesado que preenchia o lugar. Se ao menos não houvessem escolhido um agente que desconfiava até mesmo do jeito que se portava... Se ao menos ele não ficasse constantemente lhe lançando comentários impertinentes... Se ao menos tudo aquilo fosse um pesadelo. Engoliu o nó criado na garganta e ouviu o estomago anunciar o quanto estava faminta.

AGENTE 030 (hiatus)Onde histórias criam vida. Descubra agora