Correr. Correr. Correr.
Mais rápido. Mais passos. Respiração ofegante.
Escuridão. Rua. Deserta.
Katherine corria desesperadamente, como se da velocidade de suas pernas dependesse sua vida. Ela já havia estado naquele lugar, num passado recente, mas por mais que tentasse não conseguia se lembrar. Continuou correndo. O coração batendo tão rápido que, a qualquer momento, pararia por não aguentar a adrenalina. Pôde sentir as lágrimas fazendo o seu caminho, misturando-se ao suor que escorria em toda circunferência de seu rosto; que Deus pudesse ajuda-la naquele momento, era o que implorava mentalmente. Lentamente, sua corrida se transformou em passos atrapalhados e quando viu, apoiava-se sorrateiramente por detrás de uma casa abandonada. O vento frio da noite eriçou os pelos de seu braço e um soluço ficou preso em sua garganta quando sentiu alguém envolver seu pescoço num toque suave.
— Eu disse que te acharia.
O grito foi inevitável. Olhou diversas vezes para os lados, apertando fortemente o lençol que estava sob si; alguns fios dos cabelos castanhos estavam grudados em sua testa, consequência do pesadelo que tivera segundos antes. Inspirou profundamente, tentando acalmar os seus pulmões descompensados que trabalharam de forma drástica naquela situação. Sentiu-se fraca, sozinha, abandonada e com medo. Desde o assassinato de Roger, tudo aquilo havia começado. A sensação de estar sendo vigiada, os pesadelos constantes, a insegurança de ficar sozinha em algum lugar; crises e mais crises que pareciam não ter fim. Alguns minutos depois, voltou a se deitar e afundou a cabeça no travesseiro, liberando o choro que estava guardado há muito tempo. Soluços e mais soluços, lágrimas e mais lágrimas, a dor de ter que viver tudo aquilo novamente. Precisava ser forte, mas até que ponto estava disposta a ir por uma vida que nunca mais lhe traria paz?
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Alex havia levantado cedo naquele dia e já estava prontamente bem vestido no Departamento. Havia passado na cozinha para pegar um café fresco e agora mantinha-se parado em frente ao elevador, aguardando o sinal do mesmo. Teria que apresentar-se ao Diretor e logo mais partiria em direção ao condomínio que fica sob proteção do FBI. Lá passaria um dia monótono ao lado de Katherine Walsh, principal suspeita, de acordo as suas recentes investigações. Não pode negar, que na noite anterior, sentiu pena ao vê-la tão nervosa pelo simples fato de ficar sozinha; parecia realmente assustada com toda a situação e o medo que brilhou no castanho de seus olhos foi algo que não passou despercebido a observação de Alex. Mas, ainda sim, ela era a primeira de sua lista negra.
— O que faz tão cedo aqui, Keller? — ouviu a tão conhecida voz de Jane invadir seus ouvidos.
— Tenho que apresentar um relatório ao George e depois vou exercer meu papel de segurança — ironizou a última frase, arrancando um riso leve da companheira.
— E como anda a nossa protegida? — questionou, dando breves olhadas ao redor. Alex uniu as sobrancelhas, estranhando a atitude.
— O que foi? Está proibida de falar sobre o assunto?
— Talvez eu tenha informações importantes sobre o caso — disse sem olhá-lo diretamente, apenas encarando a porta metálica que ainda não abrira.
— E o que você está esperando para contar? Que eu ajoelhe?
— Não seria má ideia, Keller — riu novamente, arrancando uma expressão impaciente do companheiro. — Não posso dizer antes de confirmar alguma coisa. Preciso me encontrar com ela.
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AGENTE 030 (hiatus)
Romance[book two] Alexander Keller, ou agente Keller - como é conhecido no Departamento 8, se tornou o trigésimo agente nomeado ao cargo entre todos que estavam na disputa. Seguindo a linha da tradicional família de agentes da qual veio, precisa provar a t...