3 _ O mundo se acabando

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Dona acordou e abriu os olhos já em cima da ponte Rio-Niterói. Viu um avião decolando em plena Bahia de Guanabara e ficou maravilhada. Ergueu a cabeça de supetão para o outro lado como quem espera ver algo ainda mais intrigante. E viu. Era uma estátua enorme, meio longe, de braços abertos, imponente. " Claro!", ela pensou, "é o Cristo Redentor". Após reconhecer o Cristo, segurou seu crucifixo que carregava numa correntinha de ouro junto ao peito, presente de sua tia Madalena. Fez uma prece de agradecimento e pediu ao nosso Senhor que protegesse sua galinha Anita deixada para trás.

Ao chegar na rodoviária, foram para um terminal ao lado, onde pegaram um ônibus sentido São Conrado. Durante o percurso, Dona tentava observar um pouco de tudo. Viu construções antigas da época do Império, túneis sem fim, obras para os jogos olímpicos, catedrais... Ficou admirada quando viu o Pão de Açúcar. Aguçou nela uma vontade enorme de conhecer o bondinho. Mais até do que o próprio Cristo. Ficou imaginando como seria a vista lá de cima.

Por fim passaram por um último túnel. Então lá estava ela. A maior da América Latina. Com uma passarela em forma de um arco enorme bem em frente a sua entrada principal, na Via Ápe, onde disputavam espaço um mar de gente e um bando de mototaxi. Sim, era ela; a Rocinha. O céu caindo e o mundo se acabando...

Unicórnios, Vestidos Vermelhos e um Mar Bem PertoOnde histórias criam vida. Descubra agora