Já em Iduméia, Dona se viu num acampamento de guerra com Gárgulas descansando na beira de um rio. Viu mais ao longe um imenso Minotauro afiando a ponta de sua lança. O acampamento estava entre o rio e uma floresta densa formada por Árvores que pareciam andar entre si. Viu, na entrada da floresta, uma jaula de madeira onde se encontrava encarcerado um ser todo azul, com cabelos de serpentes (como a medusa) deitado sobre um tambor que carregava no pescoço. Era um Drummer. Havia sido arrastado, violentamente, pelo Minotauro na Batalha de Golem. Estava ferido, com sede e com fome. Sentenciado a morte, aguardava desamparado por sua hora final.Dona se aproximou sorrateiramente da jaula. Teve medo de se aproximar do bicho ferido. O medo foi substituído por um sentimento de pena. Esticou o braço e colocou o ramo da Árvore da Vida sobre o moribundo. Tão logo foi tocado, sentiu seu corpo se revigorar. Aquela jaula podia deter um Drummer ferido quase até a morte, mas não deteria um Drummer curado e a todo vigor.
Quebrou uma madeira fina pra não fazer barulho. Era o suficiente pra passar junto com seu tambor. Era só ganhar a floresta e escapar. Talvez ganhassem uma hora de vantagem antes de notarem sua
falta...- Peguem a gosma azul! - Gritou o Minotauro - Não deixem-o escapar!
Não ganharam nem um minuto. As Gárgulas alçaram vôo atrás de Dona e o Drummer, que corria batendo - por hábito das batalhas - seu tambor. As chamas foram lançadas sobre os dois atingindo algumas Árvores que despertaram contra- atacando as Gárgulas em um gesto de autodefesa. Enquanto os dois corriam, a floresta estava em chamas e as Árvores catavam Gárgulas no ar como crianças catam borboletas. As Gárgulas que eram atingidas fatalmente pelas Árvores ressurgiam das cinzas, como a Fênix ressurge. As Árvores que estavam em chamas se dirigiam pro rio. Embora a urgência das chamas lhes exigiam velocidade, Árvores são vagarosas no andar. Minotauro e suas Gárgulas estavam pressionadas entre uma floresta viva em chamas e o rio, enquanto viam seu fugitivo azul, cada vez mais, se distanciar.
Quando finalmente saíram da floresta e ganharam campo aberto, uma Gárgula ainda estava prestes a fritá- los. Foi quando viram surgir dois Unicórnios que lançaram juntos um feixe de luz que saiam de seus chifres de marfim. A Gárgula recuou. O Drummer, em um movimento ágil, colocou Dona em cima de um dos Unicórnios com ele ainda em movimento enquanto montava no outro. Galoparam em alta velocidade até não poderem ser mais alcançados.
Chegaram a um campo aberto onde Dona viu um exército inumerável de Unicórnios. Sentia uma verdadeira simpatia por eles. Viu também um gigante de ferro, uma criatura robusta e assustadora. Olhou pro lado e notou, detalhadamente, que aquele ser azul - o Drummer - era mesmo caprichosamente feio.
Aproximaram-se. Golem, agora que não estava correndo ferozmente em sua direção como da última vez, até que parecia amigável. Enquanto admirava o gigante de ferro, um velho encapuzado se aproximou de Dona, colocando a mão num alforje curtido em couro de dragão.
- Sente- se - Ordenou tirando a mão do alforje.
Dona sentou- se aos pés de Golem. O velho lançou sobre ela um pozinho, desses que brilham e fazem pi-ri-pli-plim. Dona não teve tempo de perguntar "Que lugar era aquele?", ou, "Quem é você?". Tão logo o pó caiu, adormeceu.
Pi-ri-pli-plim.
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Unicórnios, Vestidos Vermelhos e um Mar Bem Perto
Fantasy#Wattys2016 ¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤ Capa por @RodolfoSalles, autor de "Absolutos". ¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤ 'Unicórnios, Vestidos Vermelhos e um Mar bem Perto' Quando uma luz te conduz para um novo mundo... Dias atuais. Zona Sul do Rio de Janeiro, Rocinha. Don...