Era aula de física quando minhas mãos escorregaram para o bolso traseiro da minha calça e eu senti a presença de um objeto ali. Puxei o cujo dito para fora e vi que era o cartãozinho do restaurante daquela senhora.
Olhei para Vincent, que estava sentado à minha frente, apertei o cartãozinho em minas mãos e respirei fundo. Não será tão mal se eu sair com ele, afinal, somos amigos, não?
Assenti tentando convencer-me de que aquele pensamento estava certo e que daria certo. Peguei uma folha do meu caderno e a rasguei escrevendo, à caneta, a seguinte frase:
Estou te devendo um sorvete, vamos no Lanterna De Papel comigo hoje à noite?
Dobrei a folha e tomei um gole de coragem antes de tocar no ombro do rapaz sentado a minha frente e entregar o bilhete à ele. Vincent pegou o papel de minhas mãos e leu-o enquanto minha aflição era presente em todo o meu corpo.
Vincent escreveu uma resposta que eu não pude ver até ele me devolver o bilhete e eu abrir.
Fechado, as 8:00 enfrente ao restaurante.
Meu coração disparou no mesmo momento que terminei de ler aquela frase, eu segurei minha animação pois, o motivo dela estava a minha frente e a professora certamente me retiraria de sala.
O restante da aula foi calmo. O sinal avisando o final do dia soou e todos os alunos saíram apressados de suas salas, Vincent sorriu para mim piscando antes de sair da sala.
Sorri para o chão envergonhada e sentei-me de volta na carteira. Perdida nos meus pensamentos e fantasias com Vincent nem mesmo percebi uma presença ao meu lado.
— Vai embora agora? - Uma voz doce e masculina tirou-me dos meus devaneios e pisquei roído sentindo a realidade me atingir, virei meu rosto encontrando o dono da voz: Luhan.
— Ah sim, só vou arrumar meu material. - Falei tratando de colocar meu estojo e meus livros dentro da mochila.
— Vou te acompanhar até em casa. - Ele disse e eu levantei meu olhar para o moreno sentado sobre a carteira à minha direita.
— Não precisa, você terá que voltar para pegar o ônibus. - Expliquei e ele agachou ficando na mesma altura que a minha.
A mão dele encontrou o zíper da minha mochila antes que a minha e ele a fechou pegando-a em seguida e a colocando no ombro livre.
— Luhan-
Me levantei após ele, tentando impedi-lo de carregar minha mochila.
— É perigoso uma menina andar sozinha por aí, vamos. - Ele foi na frente não me dando chances de protestar.
Apertei o passo até encontrá-lo na saída da sala, sorrindo involuntariamente e sem motivo exato, enquanto eu e ele descíamos as escada, senti olhares de estudantes curiosos sobre nós, ignorei-os mas, Luhan logo disse:
— O que eles tanto olham? - Ele perguntou olhando para mim, que não pude deixar de gaguejar na hora de dar a resposta.
— Ah... é que aqui na escola, garotos tem costume de carregar as mochilas das namoradas. - Expliquei desviando meu olhar do rosto delicado dele.
Diferente do que eu esperava, Luhan apenas riu fraco e ajeitou minha mochila em suas costas continuando o caminho pelo corredor. Sorri fechado acompanhando ele até a saída do colégio.
— Foi difícil se acostumar com aqui? - Perguntei puxando algum assunto.
— Um pouco, foi um choque cultural e tanto mas, acho que posso me adaptar enquanto meus pais resolvem seus problemas na China.
— Você vai voltar pra lá? - Perguntei novamente sentindo algo em meu estômago, uma sensação ruim.
— Algum dia, quando meus pais estabilizarem novamente o negócio deles. - Ele respondeu levantando o olhar para o céu.
Minhas palavras recuaram e eu não pude dizer nada a não ser baixar meu olhar para o chão. O que é isso? Foram apenas poucos dias mas, eu não conseguia imaginar aquela escola sem aquele garoto. Era estranho.
— Olhe! Um balão. - Ele apontou para o céu e eu ergui meu queixo encontrando um balão colorido a cruzar o céu azul, que antes fora o tema da minha conversa com Luhan.
— Que lindo! - Falei sorrindo enquanto olhava abobada para a beleza do balão.
Distraída com a beleza e ternura do balão, meus pés encontraram um obstáculo chamado canteiro de flores. O que resultou no meu tropeço mas, antes que eu pudesse encontrar a calçada, um par de braços segurou-me pela cintura impedindo minha queda.
— Cuidado! - Luhan disse, me fazendo sentir e notar, estranhamente, seu hálito de frutas vermelhas por estar tão perto.
— P-Parece que eu me distraí. - Minhas bochechas ferveram e mas, eu me mantive entre os braços do chinês, que eram, surpreendentemente confortáveis.
— Evidentemente, eu falei, você não deveria vir sozinha. - Ambos rimos constrangidos mas, ainda sim tirando o proveito da situação para rir de nós mesmos.
Assim que aquela onde de risadas se cessou, assim como as palavras que se esvaíram de nossas bocas, aqueles segundos que, pareceram uma eternidade de uma cruzada de olhares fez meu estômago revirar mas, por culpa de um nervosismo bom.
Antes que qualquer um de nós dois pudesse agir, ouvi a buzina de um carro ecoar pela rua. Virei meu rosto para o lado e encontrei um civic preto parado na rua perto de nós, o que fez meu coração vir a boca foi quando o vidro fumê se abaixou mostrando a figura séria do meu pai e seus olhos semicerrados para eu e Luhan.
Meus olhos se arregalaram e me afastei de Luhan, o mesmo entendeu a situação e engoliu seco ajeitando os fios negros. Voltei meus olhos para meu pai e ele fez sinal para que eu entrasse no carro.
— Preciso ir. - Falei rapidamente e Luhan me entregou a minha mochila.
— Claro, te vejo amanhã. - Ele disse e sorriu fechado.
Acenei para ele me aproximando do carro. Minha mão tocou na maçaneta quando meu corpo não obedeceu aos meus comandos e eu corri pouco até onde Luhan estava e depositei um beijo em sua bochecha.
Ele não esperava aquilo então apenas piscou rápido olhando para mim enquanto eu abria a porta do carro e entrava no mesmo, sorri completamente envergonhada e fechei a porta do carro.
Contive a minha risada estranha quando meu pai arrancou até em casa. O que me fez voltar à realidade é perceber o que eu acabava de ter feito. É, eu estava realmente frita.
VOCÊ ESTÁ LENDO
AMERICAN SKY 》 Luhan
Fiksi PenggemarLuhan, aos seus 16 anos se encontra sem saída junto com sua família, que vê seu negócio ir a falência no interior da China. Com a falta de dinheiro, os pais do rapaz o transferem para a casa da avó materna nos Estados Unidos para passar um tempo lá...