26

5.4K 634 263
                                    

Senti um vento frio percorrer me corpo, ainda que coberto pelo edredom azul marinho e movi minha mão a procura de algum contato com o corpo de Luhan. Entretanto, ao invés disso, senti um vazio ao meu lado.

Abri meus olhos de vagar e tive certeza de que Luhan não estava lá, ainda estava escuro, me movimentei no colchão me esticando para pegar meu celular na mesa de cabeceira, vi que eram quatro e pouca da manhã, esfreguei meus olhos e olhei para as cortinas de cetim brancas balançando, por culpa do vento, na porta que dava para a pequena varanda.

Ela estava aberta e as correntes frias por ali entravam, me espreguicei e levantei da cama ainda costumando a sola dos meus pés com o tablado frio, dei alguns passos até a varanda e olhei para esquerda tendo uma visão de Luhan com os cotovelos apoiados no guarda corpo de ferro da varanda e um cigarro entre seus lábios.

O vi tragar uma vez o conteúdo e dei um passo para dentro da varanda. No momento em que o chinês me viu, se assustou e ameaçou apagar o cigarro no guarda corpo mas eu o impedi.

— Não precisa... - O tranquilizei e ele suspirou abaixando a cabeça. — Eu não sabia que você fumava, desde quando?

— Os 15. - Ele disse em tom de tristeza, tragando outra vez.

Me aproximei dele apoiando-me ao seu lado e vendo a vista que ele tanto apreciava, o céu estava rosado por culpa do sol ainda não nascido e da lua e estrelas já deixando seu posto. A vista não era uma das melhores, mas permitia-nos ter uma maravilhosa visão do degradê laranja-rosa que o céu americano carregava naquele momento.

— Por que? - Perguntei e ele virou o rosto para o outro lado por um momento para que a fumaça não me incomodasse. — Geralmente, as pessoas começam a fumar por algum motivo.

— Eu gostava. Era algo que eu era proibido de fazer, então eu gostava. - Ele suspirou.

— Seus pais sabiam? - Perguntei e ele riu fraco em um tom irônico.

— Nunca se importaram comigo. - Luhan tragou uma última vez e apagou o cigarro guarda corpo jogando-o da varanda.

Engoli um nó que se formou na minha garganta e suspirei pesado. Empurrei o corpo de Luhan contra a parede da varanda e ainda com as mãos em seu peitoral quente encostei nossas testas, olhando em seus olhos e dizendo:

Eu me importo.

As mãos dele descansaram na minha cintura e seus olhos, ilegíveis por mim, desceram até meus lábios aproximando os dele instintivamente dos meus. Minhas mãos subiram pelo seu pescoço e pararam em sua nuca, entre seus fios de cabelo bagunçados.

Então, eu fechei os olhos deixando que meus lábios encontrassem os dele. Senti suas mãos frias buscarem a cintura por baixo da minha blusa e puxa-la para perto. Cedi passagem para seus lábios enquanto puxava levemente seus cabelos.

— Não deveria.

Ele disse separando nossos lábios pela necessidade de oxigênio. Eliminei todo o espaço restante que separava nossos corpos e falei:

— Me impeça. 

Vi um pequeno sorriso florescer em seus lábios e sua doce voz dizer:

— Nunca.

Desci minhas mãos pelo seu peitoral e parei-as em seu abdômen, aconcheguei minha cabeça em seu pescoço sentindo seu perfume masculino me fazer suspirar. Ali fiquei, ouvindo as batidas calmas de seu coração enquanto ele acariciava meus cabelos e fazia voltar  o sono que eu antes tinha.

— Vamos voltar pra cama. - Ele disse e se inclinou juntando minhas pernas e erguendo-me, me colocando em seus braços.

Eu tentei protestar dizendo que eu era muito pesada, mas eu estava sonolenta e Luhan ignorou todos os meus protestos. Ele me pôs de volta na cama e deitou-se ao meu lado deixado que eu usasse seu peitoral de travesseiro, então eu fui rendendo-me ao sono até que eu finalmente fechasse os olhos.

•     •     •

Era de manhã quando eu senti uma luz incomodar minhas pálpebras e, por isso, as abri. Percebi que ainda dormia ao lado de Luhan, que por sinal continuava adormecido.

Limpei meus olhos e me inclinei por cima de Luhan sem acorda-lo para ver as horas no meu celular. Eram oito da manhã, grunhi por ter acordado tão cedo e bocejei me espreguiçando.

No mesmo momento eu ouvi algumas batidas na porta do quarto de Luhan e uma voz feminina dizendo algo incompreensível. Supus que era a avó de Luhan chamando-o para o café da manhã e decidi acorda-lo.

— Luhan. - Chamei-o, mas não obtive resposta. Suspirei e balancei de leve seu corpo. — Luhan, acho que sua vó está T chamando para o café da manhã.

O vi grunhir e se mexer no colchão virando-se de costas pra mim e dizendo, abafado pelo travesseiro:

— Ainda está cedo, só mais cinco minutinhos...

— Sua vó esta te chamando, Luhan, obedeça. - Falei rindo do seu pedido e o ouvi gemer em reprovação.

Entretanto, ele se levantou bocejando e limpando os olhos, saímos da cama e ele vestiu uma blusa enquanto fechava o zíper das jeans que vestia. Antes de sairmos do quarto eu segurei seu pulso dizendo:

— Sua vó, ela não vai achar mal eu ter dormido com você hoje? Quero dizer-

— Claro que não, ela pensa que seu neto é um bom garoto. - Ele me lançou um sorriso seguido por uma mordida no lábio inferior e eu ri fraco enquanto ele abria a porta do quarto.

— E você é um bom garoto? - Perguntei e ele ergueu o olhar para mim questionativo.

— O que você acha? - Ele deixou um sorriso malicioso escapar e eu fiquei muda abaixando meu olhar para o chão parcialmente envergonhada.

Quando ergui meu olhar novamente vi a figura da idosa vó de Luhan colocando os talheres na mesa da sala, eu tive certeza que aquela mulher era a mesma da lojinha de conveniência quando percebeu nossa presença e olhou para nós.

— Bom dia, vó. - Ele falou e me fez dar um passo à frente. — Essa é a Hazel, ela dormiu aqui em casa ontem à noite, porque estava muito tarde para voltar sozinha para casa.

— Bom dia, Luhan, bom dia querida. - Ela falou sorrindo. — Desculpe a pergunta, mas já nos conhecemos de algum lugar?

— Sim, eu encontrei a senhora na lojinha de conveniência aqui perto há algumas semanas atrás. - Sorri e ela expressou que se lembrou de mim.

— Oh, sim, que coincidência! - Assenti enquanto Luhan nos olhava confuso. — Sentem-se, eu vou trazer o café.

Obedecemos à mais velha e sentamos nas cadeiras. Luhan questiono-me sobre o que sua vó havia dito e eu expliquei que havia a conhecido na lojinha de conveniência há algumas semanas quando eu ia comprar macarrão.

Durante a refeição eu pude conhecer um pouco mais sobre a vó de Luhan, que por sinal, era a idosa mais engraçada que eu já conheci, eu e Luhan conversamos sobre o trabalho de artes que era pra ser entregue naquela semana entre outros assuntos. O tempo passou rápido e eu percebi que tinha que ir embora ao receber uma mensagem da minha mãe perguntando que horas eu sairia da casa de Eve...

AMERICAN SKY 》 LuhanOnde histórias criam vida. Descubra agora