Eu sabia que aqueles beijos e toques estavam levando-os à algo mais sério, eu tinha a consciência de quando parar, sabia até onde se estendia o limite, mas, por Deus, no momento em que eu ouvi Luhan sussurrar aquilo perto da minha orelha, eu apaguei todos os meus sentidos.
Então eu não percebi que minha mãe havia chegado em casa, não só chegado em casa, mas como aberto a porta do studio. E entre aqueles travesseiros estava sua filha e o melhor amigo dela, ele sobre ela, beijando-a e passando a mão pelo corpo dela.
Sinceramente, eu não sei como não fui expulsa de casa naquele imediato momento.
Eu e Luhan nos afastamos no mesmo momento em que a maçaneta bateu contra a parede do studio e a figura alta da minha mãe arregalou os olhos ao ver-nos naquela situação. Luhan se levantou do colchão ajeitando a blusa e os cabelos bagunçados por mim.
Olhei para a minha mãe, me levantando do colchão e dizendo:
— M-Mãe eu não sabia que chegaria cedo.
— Sra. Glier, me desculpe, eu não sabia que a senhora chegaria, hm... agora. - Luhan coçou a nuca olhando receoso para a minha mãe.
— Boa tarde pra vocês também... - Ela falou e respirou fundo. — Bem, eu só vim avisar que cheguei e se precisarem de alguma coisa eu estarei na sala.
Movi meus olhos para Luhan e vi suas bochechas extremamente vermelhas me causarem uma risadinha baixa. Minha mãe olhou pra mim e eu logo cessei a pequena crise de riso. Ela lançou um olhar para Luhan de "se isso acontecer de novo moleque, eu juro que você não pisa nessa casa nunca mais", e para mim foi o de "conversamos mais tarde".
Minha mãe saiu do studio deixando a porta aberta. Eu suspirei um pouco aliviada, enquanto Luhan ainda mantinha-se estático tentando ingerir o que havia acabado de acontecer.
— Vamos terminar a pintura. - Falei, tirando-o de seu estado paralisado.
— S-Sua mãe, ela vai-
— Relaxa, chinês, o máximo que ela pode fazer é contar para o meu pai. - Ele virou os olhos arregalados pra mim e eu ri. — Brincadeira, ela nunca faria isso. Vem logo, vamos terminar isso.
Peguei-o pelo pulso e o trouxe para perto afim de descobrir a pintura que ele havia começado. Então, eu tirei o lano que cobria a obra no cavalete e vi a representação de um céu lilás com algumas árvores negras envolta.
— É isso o que te faz feliz? O simples céu? - Perguntei deixando um sorriso florescer em meus lábios enquanto eu olhava cada detalhe da pintura de Luhan ainda incompleta.
— Bom, sua mãe estranharia se ela visse a filha dela na tela de um aluno qualquer. - Ele disse sem tirar os olhos da pintura e eu olhei para o chão rindo fraco e sentindo minhas bochechas esquentarem.
Abracei-o pela lateral de seu corpo, fazendo-o sorrir e passar um dos braços por cima dos meus ombros. Então, ele disse:
— Vamos terminar essa pintura hoje e não se preocupe, eu te ajudo.
Então as próximas horas foram preenchidas com movimentos lentos do pincel sobre a tela. Luhan se mantinha atrás de mim, com uma das mãos em minha cintura e a outra sobre a minha mão guiando meus movimentos.
Ele dizia o que eu devia ou não fazer para obter tal efeito, explicava as cores diferentes que eu deveria usar, as tonalidades adequadas, os movimentos certos, mas eu só conseguia prestar atenção em sua voz e em seu toque sobre a minha pele.
Estávamos quase acabando, Luhan me ajudava a fazer os últimos detalhes quando ouvimos três batidas na porta, nos viramos e vimos minha mãe encostada no batente segurando duas canecas.
— Chocolate quente? - Ela perguntou. Eu e Luhan nos entreolhamos e sorrimos indo até a minha mãe.
— Obrigada, mãe. - Agradeci e peguei uma das canecas enquanto Luhan fazia o mesmo.
— Obrigado, Sra. Gli- Victoria. - Luhan se corrigiu fazendo minha mãe sorrir fechado.
— Está chovendo bastante lá fora e está esfriando, então, se quiserem mais chocolate quente, tem na cozinha, tudo bem? - Ela avisou e ambos assentimos. Minha mãe ergueu os olhos para o quadro no cavalete e sorriu. — Vocês estão fazendo um ótimo trabalho, vou deixá-los terminarem-o.
Ela saiu do studio deixando eu e Luhan sozinhos outra vez enquanto degustávamos do nosso chocolate quente. Então, ele perguntou:
— Que horas são?
— Cinco e meia
— Eu prometi à minha vó que estaria em casa antes das seis. - Ele falou preocupado enquanto corria a mão livre pelos cabelos.
— Ligue para ela dizendo que você não tem como ir agora por causa de chuva, ela irá entender. - Sugeri e ele suspirou colocando a caneca no chão e tirando o celular do bolso.
Luhan discou o número da sua avó enquanto eu terminava meu chocolate quente e o colocava no chão. Assim que a mais velha o atendeu, ele explicou a situação dizendo que estava chuveiro muito e pedindo para que ele ficasse um pouco mais até que a chuva diminuísse e ele pudesse sair.
A avó de Luhan era um doce então, não ligou muito para o fato de ele ficar um pouco mais na minha casa, ele meu deu o telefone e ela perguntou à mim se não havia nenhum problema, eu neguei dizendo que Luhan era sempre bem vindo lá em casa. Ela, então, deixou o neto ficar até que a chuva parasse.
Luhan encerrou a ligação com um sorriso feliz no rosto, terminou seu chocolate quente e se levantou indo até o cavalete. Percebi que era a situação perfeita para mostrá-lo algo que eu estava para fazê-lo faz algum tempo, então, sorri e falei:
— Vamos para o meu quarto depois que você terminar, tenho algo para te mostrar.
— Você me lança umas frases que é impossível não maliciar, Hazel, me perdoe. - Ele falou ainda de costas. Semicerrei os olhos rindo e arremessando uma almofada nele. — Ya, é culpa sua!
— Ah é? - Me levantei me aproximando dele e envolvendo seu corpo com meus braços por trás, me pus na ponta dos pés e sussurrei. — Você esquece rápido das coisas que diz...
Ri fraco e ele largou o pincel sobre a mesa, beijei seu torço e ele seus pelos se arrepiaram enquanto ele dizia:
— Vamos, eu já terminei.
Ri e peguei em seu pulso guiando-o para fora do studio...
![](https://img.wattpad.com/cover/71295801-288-k64836.jpg)
VOCÊ ESTÁ LENDO
AMERICAN SKY 》 Luhan
FanfictionLuhan, aos seus 16 anos se encontra sem saída junto com sua família, que vê seu negócio ir a falência no interior da China. Com a falta de dinheiro, os pais do rapaz o transferem para a casa da avó materna nos Estados Unidos para passar um tempo lá...