— Aqui estão as latas de tinta e os pincéis, avisem-me se precisarem de mais alguma coisa. - O inspetor disse pondo as latas de tinta branca sobre a lona preta, onde se encontrava os pincéis.
Eu e Luhan gradecemos enquanto colocávamos as nossas mochilas no palco do auditório, descemos da instalação e nos aproximamos dos materiais de pintura.
— Isso é culpa sua. - Falei apontando para ele com um pincel limpo enquanto ele abria uma lata de tinta.
— Ya! Você que nos levou lá no terraço. - Ele revidou enquanto molhávamos nossos pincéis no líquido branco dentro da lata.
— Você... você estava muito perto, a diretora achou que estávamos namorando! - Falei começando a pintar a parede.
— Me desculpe se nessa escola há limites de distância entre meninos e meninas! - Luhan falou irônico, começando a dar as pinceladas no lado oposto ao meu.
— Não há limites de distancia! Não foi isso que quis dizer. - Disse rindo dele, voltei minha atenção para a parede e para minhas pinceladas.
Comecei a cantarolar alguma melodia mas, parei quando senti um toque sobre meu ombro, me virei e vi Luhan segurando o pincel em uma de suas mãos.
Antes que eu pudesse perguntar o motivo dele estar ali, senti a ponta do meu nariz ser pintada de branco pelo pincel de Luhan. Ele riu e se afastou.
— Você disse que não há limites de distância. - Ele disse e eu passei meu indicador pela ponta do meu nariz sentindo a tinta branca colori-lo.
— Você não fez isso... - Falei escondendo ambas as mãos atrás das costas, passei quatro dedos na tinta do pincel e me aproximei de Luhan que ria do meu nariz pintado.
Rapidamente corri meus dedos sobre a bochecha direita dele deixando quatro rastros de tinta branca em seu rosto. Ri e ele arregalou os olhos para mim passando o polegar sobre a tinta em seu rosto.
— Venha aqui! - Ele molhou o pincel no conteúdo da lata e eu tratei de sair correndo para que não sobrasse para mim. — Você não vai escapar Hazel Glier!
Eu ri apertando o passo enquanto o chinês corria atrás de mim pelas tábuas de madeira no chão do auditório, nossas risadas e respirações descompassadas ecoavam pelo local enquanto eu fugia dele.
Minhas pernas falhavam e eu sabia que era hora de parar, encontrei minhas costas na parede ainda não pintada e senti meu peito subir e descer rapidamente. Ofegante, assim como eu, Luhan fez o mesmo, parando ao meu lado e tentando controlar a própria respiração.
Mesmo assim, ele não podia deixar barato e sair no prejuízo. Ele se pôs na minha frente apoiando-se na parede, nossas respirações já se perdiam pela frequência que elas se misturavam e meu coração batia rápido por culpa da corrida pelo auditório.
Luhan encostou sua mão na lateral do meu pescoço e desceu seu polegar pintado pelo meu queixo, ergui a cabeça deixando-o fazer um rastro branco que vinha do meu queixo até o início do meu pescoço.
— Desculpe, é um local difícil de lavar. - Ele se desculpou e se afastou percebi que o clima havia se modificado mas, assenti fazendo minha respiração se normalizar.
— Tudo bem... - Sorri quebrando aquela tensão. — Vamos continuar o trabalho, se nos virem assim, levaremos outro castigo...
• • •
Entregamos as latas ao inspetor que havia nos dado-as, agradecemos e prometemos voltar no dia seguinte para seguir com o trabalho. Eu e Luhan fomos para os banheiros para limparmos nossos rostos pintadas não muito bem encarados pelo inspetor. Ao terminaremos de tirar toda a tinta, pegamos nossas mochilas e saímos do auditório.
Por acaso Luhan foi na minha frente e eu consegui ver uma mancha branca na parte de trás de seu casaco, arregalei os olhos e toquei em seu ombro fazendo-o virar.
— Luhan... suas costas, o casaco, está branco. - Avisei e ele pôs sua mochila no chão descendo o zíper do casaco e tirando-o do casaco para checar a informação.
Ele fitou o vergalhão branco que cruzava as costas de seu casaco e disse algo em chinês que eu entendi por ser algum tipo de xingamento.
— Droga, a máquina de lavar roupa lá de casa está com problema, o que vou fazer? - Ele examinou a branquidão e eu engoli seco.
Por um impulso, peguei o casaco de suas mãos e dobrei-o sobre meus braços dizendo:
— É culpa minha, eu devo ter encostado o pincel no seu casaco por acidente, eu lavo e te trago.
Ele me olhou ainda duvidoso e eu apertei a peça em minhas mãos. Então, em seu rosto, um sorriso fechado apareceu e ele pegou a mochila que estava no chão.
— Tem certeza? Eu posso deixar em uma lav-
— Está tudo bem, eu vou lavá-lo pra você. - O cortei abrindo um largo sorriso.
— Se não se importar, por mim tudo bem, obrigado. - Ele agradeceu e nós continuamos nosso caminho até a saída da escola.
Luhan me levar até em casa já havia virado rotina mas, era algo que eu não reclamava, era ótimo. Era muito bom ter alguém como ele par preencher os dez minutos de caminhada, antes vazios, que eu percorria até chegar em casa.
— Te vejo amanhã? - Ele perguntou enquanto eu ficava mais alta que o chinês por estar sobre o degrau enfrente a porta da minha casa.
— Sem dúvidas, levo seu casaco amanhã mesmo. - Ele assentiu e se despediu de mim com uma piscadela.
Me virei e entrei em casa, minha mãe ainda estava na escola e me pai na empresa, o que resultava em uma tarde de filmes e pipoca. Após o almoço e rapidamente corri para o meu quarto a fim de encontrar algum filme que me agradasse no Netflix.
Tirei as roupas que em mim estavam e entrei no banho, cantarolei alguma melodia rápida e desliguei o chuveiro após terminar meu trabalho, sequei-me e voltei para o quarto, meus olhos encontraram a peça que não era minha sobre a minha cama.
Ainda de toalha, peguei o casaco e examinei-o ressaltando a presença da mancha branca que eu não fazia a menor ideia de como me livrar. Senti um aroma masculino vindo do agasalho e, consequentemente, aproximei-o de meu rosto sentindo um perfume diferente mas, gostoso.
— Esse chinês... - Comentei respirando fundo, sentindo aquele aroma mexer com meus sentidos. — O que ele usa? Ele tem um perfume tão bom.
Hazel, o que diabos você tá fazendo? Minha consciência perguntou indignada com a invasão de privacidade que eu estava exercendo sobre Luhan. Me afastei avidamente da peça e respirei ar puro fazendo meus sentidos voltarem ao normal.
Lembrei-me que eu tinha a responsabilidade de lavar aquela peça e suspirei vestindo um short e uma blusa qualquer. Caminhei até a área de limpeza e olhei para o tanque e para a peça em minhas mãos.
Certo, o que eu faço agora?
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AMERICAN SKY 》 Luhan
Fiksi PenggemarLuhan, aos seus 16 anos se encontra sem saída junto com sua família, que vê seu negócio ir a falência no interior da China. Com a falta de dinheiro, os pais do rapaz o transferem para a casa da avó materna nos Estados Unidos para passar um tempo lá...