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— Victoria, nossa filha estava agarrada com um garoto no meio da rua e você não vai fazer nada?! - Meu pai exclamou apontando para minha figura encolhida sentada sobre o sofá da sala, com os joelhos dobrados perto do meu queixo.

— O que eu deveria fazer? Ela mesmo disse não foi nada, foi um acidente, o que mais posso fazer? - Minha mãe perguntou já sentindo-se cheia das acusações do meu pai.

— Pai, eu já te expliquei, não foi nada do que você pensou, eu e Luhan... nós somos amigos, ele estava me levando até em casa porque achava muito perigoso uma garota como eu andar sozinhas pelas ruas da vizinhança. - Falei e meu pai grunhiu ainda sem mudar de opinião, diferente da minha mãe.

— Está vendo Jonathan? O rapaz ia levar ela em casa, que cavalheiro, pare de bombardear a garota com essas acusações, se ela disse que foi apenas um acidente, acredite nela. - Ela retrucou meu pai tirando os olhos do livro que estava a ler e pousando-os no semblante irritado de meu pai.

— Tudo bem! Victoria proteja nossa filha sempre, pra mim já deu. - Meu pai falou afrouxando a gravata e caminhando na direção da escada. — E você Hazel, eu não quero você agarrada com garotos na rua.

Me pai subiu as escadas feroz batendo pé em cada degrau que percorria. Suspirei e minha mãe fez o mesmo fechando o livro e tirando os óculos de seu rosto.

— Quem era o rapaz, Hazel? - Ela perguntou em um tom cansado.

— Era Luhan mas, eu juro, não aconteceu nada, eu tropecei e-

— Eu acredito em você, filha, seu pai está estressado, acabou de sair do trabalho, não leve em consideração o que ele disse a pouco. - Minha mãe falou se levantando da cadeira de se aproximando de mim.

Recebi um beijo em minha testa e ela perguntou:

— Vamos almoçar?

Se sentaram na mesa eu, meu pai e minha mãe. Meu progenitor começou a conversar com minha mãe sobre seu trabalho e como estressante era ser um engenheiro químico. Me desliguei no mesmo momento que ele começou a envolver a matemática na conversa.

Em vez de prestar atenção nos números intermináveis que saíam da boca de meu pai, meus pensamentos me levaram, por alguma razão, até Luhan. Meu macarrão esfriava enquanto eu me lembrava da cena de hoje mais cedo.

Nós somos amigos, eu não entendi o motivo de meu pai se exaltar tanto, nem mesmo estávamos tão perto, estávamos só... um pouco próximos. No entanto, aquilo não era motivo para meu pai me acusar de algo que eu não fiz.

Mas Luhan, como ele deve estar? Ele deve pensar que meu pai é super protetor e que eu sou uma garotinha mimada. Isso não pode estar acontecendo...

— Hazel, você está meu ouvindo?! - A voz do meu pai cortou meus pensamentos sobre o chinês e eu me virei para ele impaciente.

— O que foi? - Perguntei percebendo que meu macarrão ainda estava inteiro em meu prato.

— Sua prova de matemática, como foi?

— Não sei, não recebi o resultado ainda. - Respondi seca começando a comer a refeição contra a minha vontade.

— Se tivesse estudado ao invés de ficar andando com qualquer um pelas ruas...

— Deus, pai! Nós somos amigo e ele não é qualquer um, olhe suas palavras! - Falei largando os talheres na mesa. — Estou cansada disso, eu eu não fiz nada demais.

Por impulso, me levantei da mesa me sentindo farta de todas aquelas acusações e daquela cisma que meu pai tinha comigo. Estava cada vez mais impossível conversar com ele.

— Hazel! - Ele tentou se levantar e vir atrás de mim que já me encontrava no meio da escadaria.

— Jonathan. - Minha mãe falou segurando meu pai e fazendo-o voltar para a cadeira.

Cheguei em meu quarto e me sentei na cama correndo a mão pelos meus fios castanhos e tentando entender o que estava acontecendo comigo. Aquela acidez entre meu pai e eu era antiga mas, eu nunca havia me retirado da mesa num momento como aquele.

Alguns minutos se passaram e eu ouvi passos na escada e minha porta ranger, eu estava em minha cama, lendo um livro qualquer, tentando me distanciar da realidade quando minha mãe entrou no quarto.

— Hazel. - Ela chamou sentando na cama, me fazendo largar o livro de lado e prestar atenção nela. — Você sabe que não devia ter saído da mesa.

— Eu sei, eu só... só estava farta do meu pai e da desconfiança dele em mim.

— Ele não desconfia de você querida, ele apenas quer te proteger demais, eu entendo o lado dele, ele é seu pai e tem medo que você seja roubada dele, entende? - Ela explicou. — Eu sei que Luhan é apenas um amigo seu mas, para seu pai, ele pode tirar você dele.

— Ele é super protetor. - Falei revirando os olhos e cruzando as pernas sobre a cama.

— Ele apenas zela demais por você, eu conversei com ele e disse que ele não precisa se preocupar porque você e Luhan são só bons amigos, tudo bem? - Ela falou e eu suspirei aliviada.

— Obrigada mãe. - Agradeci abraçando-a e depositando um beijo em sua bochecha. — A propósito, Vincent me chamou para ir num restaurante chinês aqui perto as oito, eu posso?

Minha mãe riu se desfazendo do abraço e olhando para mim, então, ela suspirou e falou:

— Pode, eu direi ao seu pai que irá com uma amiga.

A agradeci pelos favores realizados e senti aquela preocupação se esvair de mim. Minha mãe era simplesmente a melhor pessoa que eu já conheci neste mundo, eu puxei muito à ela. Não só pelo fato de ser humanas e meu pai ser de exatas mas, o jeito e a personalidade também.

•    •    •

Eram sete horas quando eu entrei no banho, demorei algum tempo até sair com os cabelos molhados do box. Sequei-me e passei pouca maquiagem até porque não era o meu forte. Coloquei um conjunto íntimo e busquei alguma roupa que me agradasse no meu armário e acabei pondo um short jeans e uma blusa branca.

Cobri-me com uma jaqueta jeans clara e calcei um par de botas negras. Peguei um pouco de perfume emprestado da minha mãe e desci a escadas a encontrando assistindo algum programa na televisão.

— Meu pai tá em casa? - Perguntei e ela negou com a cabeça.

— Ele teve que ir à empresa por causa de uma reunião. - Ela falou e se levantou do sofá ajeitando minha franja e jaqueta. — Você  está linda, não se preocupe, eu aviso a ele que você saiu com sua amiga e não voltará muito tarde.

Agradeci-a e me despedi dela saindo de casa.

AMERICAN SKY 》 LuhanOnde histórias criam vida. Descubra agora