Naquela noite, nossa conversa foi estendida pelas próximas horas, até que meu pai chegasse e eu tivesse que encerrar minha ligação com Luhan.
Acordei sobre o meu celular que soava uma melodia conhecida por mim como "a maldita música do despertador". Me levantei da cama e fui até o banheiro, após um banho rápido, percebi que o clima estava frio, então vesti roupas mais quentes.
Terminei de calçar meus tênis e peguei minha mochila, peguei uma barra de cereal da minha mãe na cozinha e fui comendo-a durante o caminho.
Ao chegar no colégio, adentrei pelo corredor principal mas, antes que eu pudesse seguir meu caminho para a sala de aula, Eve me parou.
Eve, a namoradinha de Vincent, a própria. Suspirei vendo a mais baixa parar-me com seu sorriso idiota e extremamente brilhante. Eve tinha uma pele morena por culpa do bronzeamento artificial e os fios castanhos cortados em forma chanel tinham alguma mechas loiras.
— Hey Hazel! - Ela me chamou e eu forcei um sorriso me aproximando dela. — Viu Vincent por aí?
— Acabei de chegar, ainda não o vi, Eve. - Informei e ela suspirou derrotada.
— Que pena, eu queria entregar algo à ele mas tudo bem... - Ela disse em um tom baixo que foi seguido de um som de algo se chocando contra o metal dos armários e o uivar de alguns alunos.
Eu e a menina nos entreolhamos e nos apressarmos até encontrar a fonte do som. Ambas nos surpreendemos ao ver um grupo de alunos em roda no meio do corredor liberando gritos de incentivo à uma possível briga.
Abri espaço entre as pessoas que seguiam os celulares para filmar a disputa e senti meu estômago revirar ao ver Luhan com as costas nos armários tentando se livrar das mãos de Vincent que o golpeava sem piedade.
Eve gritou para o namorado parar mas, eu pouco me importei pois eu já me aproximava dos dois. Vincent olhou para trás e Eve segurou o pulso do mesmo, fazendo-o largar Luhan que se encontrava ofegante e com o sangue das narinas a manchar a blusa branca.
Seus olhos transbordavam raiva e ele quis avançar em Vincent que era impedido pela namorada de continuar mas, eu o segurei sentindo seu coração acelerado contra minhas mãos.
— Você sabe que não terminamos isso ainda, chinês! - Vincent gritou rangendo os dentes.
Luhan sibilou algo que eu identifiquei como um xingamento em chinês.
Segurei em seu braço e tratei de tirá-lo daquele local, cruzamos o pátio sem dizer uma palavra e eu levei-o até o banheiro masculino para lavar aqueles machucados.
— Luhan... - Comecei vendo-o encarar o próprio reflexo no espelho enquanto trancava a porta do banheiro masculino. — O que aconteceu?
Ele não me respondeu, apenas bateu os punhos contra a pia de mármore e disse mais algumas palavras em sua língua nativa que me fizeram encolher-me pela tonalidade que ele impôs nelas.
— Tudo bem, não importa, deixe-me cuidar disso. - Disse me aproximando do chinês.
Então, lavei seu rosto com um pouco de água, dissipando aquele sangue acumulado no topo de sua sobrancelhas e na ferida aberta em seus lábios. Senti sua respiração ir se acalmando aos poucos assim como seu batimento cardíaco. Parei o sangramento em seu nariz e toquei em suas mãos vendo-as.
As feridas arroxeadas nas juntas fizeram meu coração apertar, e a curiosidade pelo o motivo dele ter golpeado Vincent atacou-me novamente.
— O que ele te disse? - Perguntei secando seu rosto enquanto Luhan observava meus movimentos e gemia nas vezes que tocava em um de seus machucados.
— Você não precisa ouvir, só... não ande com esse babaca. - Ele disse e eu senti que aquilo era o máximo que eu conseguiria tirar dele naquele momento.
— Então me prometa que você não vai se meter em mais nenhuma briga. - Falei e ele fitou meus olhos por alguns segundos.
Até suas mãos me empurrarem até a parede, onde eu senti-me corpo ser prensado pelo seu. Minhas mãos em seu peitoral queriam força-lo a se afastar mas, eu tinha medo de machuca-lo e acabei cedendo.
Foi rápido mas preciso. Um curto beijo foi roubado dos meus lábios, o que sobrou foi apenas o gosto ferroso do sangue de Luhan, a imagem dos seus olhos castanhos e suas palavras:
— Prometo.
Como esperado, Luhan e Vincent foram chamados à diretoria. Pelos burburinhos na sala de aula enquanto ambos estavam fora, eu ouvi algo relacionado à mim mas, minha preocupação com Luhan era grande e eu não tinha tempo para ouvir papo furado de colegiais fofoqueiros.
No meio da aula, a porta se abriu e os dois envolvidos na briga adentraram na classe, Luhan pegou seu material que antes se encontrava no canto oposto ao meu na sala e trouxe-o até a carteira vazia mais próxima da minha.
Senti o semi-olhar de Vincent sobre Luhan mas desviei minha atenção para o exercício que eu estava a fazer.
A aula havia finalmente acabado e um grupo de alunos se juntou envolta da mesa de Vincent para saber sobre o acontecido. Revirei os olhos e sentei-me de lado na cadeira, permitindo-me ver Luhan.
Este, focado em seu desenho, não reparou que meus olhos examinavam seu rosto e que a cada ferida encontrada ali, minha vontade era de socar Vincent.
Luhan notou que eu o fitava, então desci meu olhar para seu desenho, não fui rápida o suficiente para decifrar o que ele estava a desenhar pois ele fechou o caderno mas, havia algo parecido com um cabelo feminino.
— Ainda vejo um dos teus desenhos. - Falei e ele sorriu fechado para a mesa.
— Mostre-me seu talento, então, talvez eu te mostre meu caderno de desenhos. - Ele propôs e eu ri.
— Não tenho talento algum e, a propósito, eu queria saber do que foi que você xingou Vincent quando eu te tirava do corredor. Eu ouvi algo, creio eu, em mandarim, fiquei curiosa. - Assim que entendeu do que eu estava a falar, ele riu apoiando o rosto sobre os cotovelos.
— Ya, é uma palavra muito feia, se eu falar você vai reproduzir. - Ele afirmou e eu fiz bico pedindo para que ele contasse.
— Vamos, por favor. - Pedi e ele grunhiu depois do meu décimo primeiro "por favor".
— Certo, a aula está prestes a acabar então, digamos que eu chamei seu amiguinho de bastardo. - Ele disse e eu olhei para ele desacreditada de que o xingamento era apenas um "bastardo".
— Bastardo? Isso não é nem mesmo um xingamento, Luhan. - Cruzei os braços e o sinal avisando o final da primeira aula soou fazendo os alunos se dispersarem.
— Eu disse digamos, bastardo não foi o que eu realmente disse mas, eu não acho necessário traduzir essa expressão, não quero que por essa boquinha passe xingamentos. - Ele brincou e ambos rimos...
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AMERICAN SKY 》 Luhan
Fiksi PenggemarLuhan, aos seus 16 anos se encontra sem saída junto com sua família, que vê seu negócio ir a falência no interior da China. Com a falta de dinheiro, os pais do rapaz o transferem para a casa da avó materna nos Estados Unidos para passar um tempo lá...