"Don't Say I Didn't Warn Ya."

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Eu iria morrer.
É oficial.
Ou isso ou eu seria expulsa da humanidade de uma vez por todas. É, me parece bom, pelo menos eu vou estar sozinha, não morta.
Enquanto Carly me levava para todos os lados na festa, eu me peguei procurando porDanger, como o chamam. Só seu nome já me fazia encolher e meu estômago afundar.
Eu não sabia por que e nem poderia explicar. Acho que meus nervos estavam tirando o melhor de mim e eu estava me preocupando com a minha vida mais do que deveria. Eu me preocupava mais com esse cara maluco do que com meus pais.
Isso de fato deveria querer dizer alguma coisa.
Eu estava perdendo a cabeça e nesse ponto, eu só queria me afastar de tudo isso. Minha cabeça não deveria estar se virando para todos os lados graças ao medo de vê-lo, deveria ser graças aos meus pais. E se eles tivessem saído de casa procurando por mim e me encontrassem aqui? E se eles tivessem um mandato de busca? E se… Ah, que diabos. Por que eu sequer me importo? Meus pais são os menores dos meus problemas.
Soltando minha mão da de Carly, esperei ela se virar.
- Eu preciso respirar, Carly! - confessei – Não vim aqui só para caminhar por aí. Eu vim para me divertir e se tudo o que vamos fazer é fugir de todos, então eu vou para casa.
Colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha, Carly riu consigo mesma nervosamente.
- Desculpe. – corou – Eu não percebi que estava sendo chata.
- Não é que você esteja sendo chata… – comecei antes de poder me impedir, mas me concentrei em terminar aquela frase de outra forma – É que desde que o Danger – fiz aspas com os dedos – falou comigo, você está com seu radar ligado e eu não aguento mais.
- Me desculpe. – Ela lambeu os lábios.
- É só que… – respirei fundo antes de continuar – …desde que ele falou comigo você tem agido como se eu fosse morrer, mas eu não vou.
- Como você sabe? – Ela jogou as mãos para o alto, apontando para mim - Eles não o chamam de Danger por nada, Kelsey.
- É, bem, Danger falou comigo uma vez. Não é como se ele tivesse me convidado para sair ou algo do tipo. – sacudi minha cabeça – Você está exagerando e sabe disso. E ainda por cima você nem o conhece!
- Eu sei o suficiente para saber que ele é má notícia. – ela tentou soar convincente, mas tudo saía como um bando de touros apressados.
- E você acredita em tudo o que os outros falam? – Eu ergui uma sobrancelha enquanto ela assentiu vigorosamente – Carly, nem tudo o que as pessoas falam é verdade. As pessoas exageram muito nos dias de hoje. Você não pode acreditar nas merdas que elas falam. Você deveria saber disso melhor do que ninguém – Eu a lembrei da época em que Danny Jergins começou um boato de que Carly tinha transado com ele. Depois disseram que ela estava grávida e que tinha abortado. Levou séculos até tudo se acalmar e outros novos boatos serem espalhados.
- Isso é diferente. – Ela tentou argumentar.
- Como? – Eu coloquei as mãos nos quadris. – Cite um motivo para que isso seja diferente. – Eu batia o pé no chão enquanto esperava pela resposta.
- Simplesmente é, ok? – Ela murmurou – Todos sabem sobre ele, Kelsey. Ele não espalha essas merdas sobre ele mesmo. Pessoas já sabiam sobre ele.
- É, sobre merdas que outras pessoas falaram. Não importa quem começou, Carly, a verdade continua a mesma: ninguém sabe de nada. A única pessoa que sabe alguma coisa é o próprio Danger e quando ele mesmo admitir, então será verdade. Até então, tudo o que você ouvir é falso.
Após alguns segundos em silêncio, ela finalmente se rendeu.
- Tudo bem, mas depois não diga que eu não avisei. – Ela fez um beicinho e apontou para mim antes de unir nossos braços e nos levar para uma parte da festa que envolvia pessoas de verdade e dança. Uma coisa que eu achava que não veria pelo resto da noite.
Normalmente eu nunca quebrava as regras, mas só dessa vez, eu acho que vou. Abrindo eu mesma outra latinha de cerveja, eu comecei a colocar tudo para dentro enquanto caminhava de volta apenas para descobrir que Carly tinha desaparecido. Aw, droga!
Suspirando, comecei a procurar por ela, forçando meu caminho entre as pessoas que dançavam tão perto umas das outras que pareciam estar transando.
Os maconheiros fumavam um baseado, os bêbados bebiam galões de cerveja e eu ainda não havia conseguido encontrar Carly.
Alguns minutos depois e meus pés já doíam graças à toda a caminhada que havia feito hoje a noite. Eu nem sequer me sentei. Tanto faz. Era como se aquelas pessoas não conhecessem o significado de uma cadeira.
Finalmente desisti e resolvi simplesmente mandar uma mensagem, eu peguei meu celular, começando a digitar o texto.
“Onde você está? Estou te procurando por todos os lados. Me responde para a gente se encontrar. Logo tenho que ir pra casa.”
Satisfeita, pus meu celular de volta em meu bolso e uma coisa não muito longe chamou minha atenção. Chegando mais perto, percebi que era apenas um tronco. Sabendo que aquilo era o mais próximo de uma cadeira que eu veria, caminhei até ele antes de, casualmente, me sentar no mesmo. Alongando os músculos das pernas, eu de repente fiquei mais calma, relaxada.
Essa sensação não durou muito assim que notei que já haviam se passado dez minutos e Carly ainda não havia retornado minha mensagem. Normalmente ela responde instantaneamente, dois minutos se estivesse bêbada. Agora eu estou começando a ficar preocupada. Sabendo que ela não estava em lugar algum perto da multidão, eu decidi pegar a rota que levava por um grande vale de árvores.
Enterrei as mãos nos bolsos, evitando qualquer pensamento maluco que poderia me vir à mente quando percebi o quão escuro estava.
Como Carly pôde me abandonar desse jeito? Ela estava realmente chateada por eu ter feito pouco caso do fato de Danger ter falado comigo?
Ou foi outra coisa? Talvez alguém a havia convidado para ir à outro lugar… Mas mesmo assim ela me avisaria antes de ir.
Suspirando em frustração comigo mesma, eu senti minha cabeça latejar quando as três cervejas que eu havia tomado começaram a fazer efeito. O barulho das folhas também não ajudava quando eu achei que estava enlouquecendo, mas felizmente eu vi um grupo de pessoas não muito longe da trilha.
Sem pensar muito, continuei caminhando apenas para sentir o vento frio passar por mim, me fazendo olhar com preocupação e perceber que aquele grupo de pessoas não era um grupo comum de pessoas. Eles estavam vestidos em vermelho e preto e pelo o que eu me lembrava dos numerosos discursos de Carly, aqueles eram… aquelas eram as pessoas sobre as quais ela havia me avisado.
O grupo de Danger.
Sentindo meus batimentos acelerarem, eu me aproximei das árvores, tentando me esconder enquanto tentava me manter calma.
- Você é um monte de merda, Parker. – Uma voz grave veio das sombras, fazendo meu estômago dar um salto mortal e minhas mãos suarem.
- M-me desculpe – Com quem quer que aquele cara estivesse falando, ele começou a gaguejar quando o tom de voz chegou aos meus ouvidos tão baixo e frágil que eu só poderia me encolher.
- Desculpas não colam mais. Você teve suas chances e ainda assim apareceu com nada. Nós te demos outras três semanas e ainda assim você não encontrou tempo para conseguir o dinheiro?
- Por favor, eu só preciso de um pouco mais de tempo…
- É, mas seu tempo acabou, amiguinho. – E com essas palavras, eu senti meu corpo ficar dormente quando olhei para cima a tempo de ver um tiro ser disparado e um corpo cair no chão, o mesmo instantaneamente sendo coberto pelo pegajoso líquido vermelho.
O que diabos acabou de acontecer?

DangerWhere stories live. Discover now