No fim eu não tinha mais escolha, porque enquanto eu decidia, Justin abriu minha porta e esperou ao lado dela para que eu descesse. Saindo, eu fechei a porta antes de caminhar até o seu lado. Eu estava prestes a falar alguma coisa quando Justin me cortou.
- Me segue! – ele apontou para o armazém.
Assenti sem dizer uma palavra sequer, o seguindo quando ele começou a caminhar. Abrindo a porta, Justin entrou, a segurando aberta para mim e a fechando suavemente atrás de nós quando entrei.
Quando ele se aproximou de mim para fechar a porta, percebi que seu maxilar estava relaxado e ele havia se acalmado.
Franzi as sobrancelhas. Como alguém poderia ir de normal para a raiva e então para a calma no período de uma hora?
- Você vem ou não? – saí dos meus pensamentos para descobrir que Justin já estava do outro lado do local.
Olhando ao redor, eu comecei a andar lentamente, sem dizer uma palavra. As paredes estavam rachadas, alguns pedaços do telhado caídos me fazendo questionar o que diabos havia acontecido.
- O que aconteceu aqui?
Justin não se virou. Ao invés disso, continuou caminhando.
Por um segundo, pensei que ele estivesse me ignorando e eu estava prestes a perguntar novamente quando ele parou do lado de fora (depois que já havia atravessado a porta dos fundos) e colocou as mãos nos bolsos dos jeans, olhando para o céu.
Eu tirei meus olhos dele e vi o que ele olhava. Instantaneamente, meus olhos se arregalaram.
Estávamos no topo de uma colina, o céu tingido em rosa, laranja, amarelo e roxo. As nuvens passeavam, o sol se pondo na nossa frente. Dava para ver metade da cidade daqui de cima. Era incrível.
- Legal, huh? – ele perguntou, calmamente.
Não desviei os olhos da linda vista à minha frente.
- É, sim, – respondi. – É esplêndido. Nunca tinha visto nada parecido.
Ele assentiu.
- Como encontrou esse lugar, se me permite perguntar? – finalmente tirei meus olhos do céu para olhá-lo.
Ele ficou ereto, em perfeita postura.
- Depois que esse lugar quase virou cinzas, – isso respondia minha pergunta. – eu vim checar e quando eu cheguei aqui, vi isso, – ele gesticulou para a vista. – e me apaixonei instantaneamente. – se virou para me olhar, um expressão solene em seu rosto.
Eu coloquei uma mecha de cabelo atrás da minha orelha.
- É legal, queria ter um lugar como esse. – admiti, enquanto olhava para o céu mais uma vez.
O silêncio nos envolvia até que Justin falou mais uma vez.
- Agora você tem. – Ele falou alto e claro.
Olhando para ele, percebi que agora ele olhava para a cidade.
- Obrigada… – sussurrei, sentindo meu coração pular e meu estômago se encher de borboletas.
Ele realmente quis dizer aquilo?
Eu não sabia, mas esperava que sim.
Ele apenas assentiu, mostrando que havia me ouvido.
Nós ficamos lá o resto do tempo, num silêncio puro, sem nada além do vento fazendo barulho ao nosso redor, de vez em quando um pássaro fazia algum som e alguns esquilos faziam bagunça perto de nós.