Capítulo 10

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Boa leitura! 


Capitulo narrado por Sara. 


— Tia, eu posso pintar a galinha de rosa? — Joana me pergunta enquanto tenta decidir qual cor deve pintar o seu desenho.

— Pode meu amor, a cor que você quiser.

— Eba! — Ela comemora e começa a pintar a galinha de verde. Por mais que eu estude, eu nunca vou entender a pequena cabecinha das crianças.

— Tia Sara, posso fazer xixi? — Antônia pergunta e eu sorrio. Meu coração se enche de amor por essa menininha especial.

— Pode meu amor, e lembre-se: pra trás e pra frente, sim? — Eu digo e lembro-a de como se secar direitinho.

— Sim senhora. — Ela diz e corre em direção ao banheiro.

Lembro-me como se fosse ontem Daniel chegando com Antônia à tira colo no primeiro dia de aula. Eu fiquei encantada assim que o vi, e também achei engraçado o seu jeito atrapalhado de segurar a filha, sua pasta e sua grande mochila. Aqui no Centro Educacional Crescendo Juntos, temos uma regra absoluta que é saber sobre a família da criança que está sendo matriculada, e por mais triste que seja nos tentamos sempre ajudar. Descobrimos que Daniel era um pai solteiro com uma filha de 3 anos na época, ele tinha acabado de se mudar e que começaria dar aulas na faculdade Federal aqui perto mesmo, e isso só serviu pra me deixar mais encantada por ele.

Antônia logo começou a frequentar as aulas, sempre com os seus deveres perfeitamente feitos, tudo nela era incrível, ao logo dos anos eu meio que me tornei uma amiga pro Daniel e a professora preferida de Antônia. Até que tudo mudou quando ele me convidou pra sair. Achei que eu estava entrando num mundo paralelo, porque nossa, meu coração parou. Eu esperava por esse convite há dois anos, e já estava perdendo as esperanças. Eu já o achava incrível, mas depois de conhecê-lo melhor, eu passei a admira-lo muito mais. Digamos que eu seja sua fã numero um.

Saio dos meus devaneios quando sinto uma mão puxar a minha saia e um par de olhos azuis me encarar. Joaquim, um dos meus alunos mais especiais.

— Tia, o sinal já tocou, selá que podemos ir embola? — Ele pergunta, e eu sorrio. Eu amo cada um de meus alunos, mas naturalmente acabamos criando um vinculo maior com alguns em especial. Joaquim é um desses. Foi abandonado pela mãe numa lata de lixo em frente a Igreja aos seis meses de idade, e graças a Deus foi adotado por uma família que o ama de verdade. Tem alguma dificuldade em falar, mas é uma criança especial e sou agradecida por ser sua professora.

— Pode meu querido. Vamos guardar o material, e logo faremos a fila e iremos pro pátio. Tudo bem? — Eu digo me levantando e passando a mão pelos seus cabelos loiros enrolados.

— Tudo bem tia Sala. — Ele diz e vai arrumar suas coisas juntos com seus amigos.

Depois de entregar os meus alunos aos seus pais, e conversar com alguns, sobra apenas Antônia na sala, já que o combinado era que depois da escola iríamos ao Shopping comprar algumas coisinhas pro seu aniversário que seria em dois meses, e em seguida poderíamos comer alguma besteira por lá mesmo. Claro que Daniel reclamou um pouco, porém, eu e Tonton fizemos a nossa famosa carinha de persuasão e ele não resistiu.

— Está pronta para o dia das garotas? — Eu pergunto colocando algumas coisas em minha mochila, e Antônia coloca sua mochila das princesas nas costas.

— Muito! E eu estou querendo comer no McDonalds hoje, ele estão dando brindes das princesas e eu amo as princesas, tomara que tenha a Bela, eu amo a Bela — Ela jorra animada e eu sorrio.

PERDAS E DANOSOnde histórias criam vida. Descubra agora