Capítulo 5

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* Oi pessoal, hoje teremos um capítulo diferente e com o POV diferente. Eu no inicio pensei em colocar Helena como uma vilã, mas eu percebi que ela teve seus motivos pra ter feito o que fez, e como eu disse que o livro retrata de amor, superação e perdão, acho que ela merece o perdão e se justificar. Perdoe-me, sou uma romântica incurável e acredito que tudo acontece por um motivo e acredito piamente na mudança do mundo e das pessoas. Mantenham a mente aberta quando lerem o capítulo e conversaremos mais nos recadinhos. *

Música do capítulo: The Reason - Hoobastank


Boa leitura!


Helena


Lembro-me como se fosse hoje a primeira vez que vi Daniel na faculdade. Lindo e sempre rodeado de muitas meninas. Não sei o que eu vi nele, talvez tenha sido o seu jeito nerd ou os óculos de armação quadrada? Ou será que foi aquele sorriso com uma leve covinha aparecendo? Eu realmente não sei, mas no momento em que coloquei meus olhos nele, meu coração falhou uma batida e eu sabia que tinha caído por ele. Ele não me notou de primeira, e eu entendi o porquê. Eu era uma magricela de cabelos lisos e que usava aparelhos, quem notaria? Mas num belo dia, ele falou comigo e a sua voz foi como a mais linda canção pros meus ouvidos, e desse dia em diante, nunca mais nos desgrudamos.

Começamos a namorar por um tempo e logo noivamos, casamos e por um tempo foi apenas eu e ele. Nossa vida era perfeita, mas ainda faltava algo. Resolvemos que iríamos nos formar na faculdade e depois iríamos tentar ter filhos, o que sempre foi o nosso sonho. Ele se formou em Economia e eu em Psicologia. Cinco meses depois recebemos a notícia de que tínhamos um bebê a caminho. Deus, aquilo foi a nossa maior felicidade. Creio eu que tenha sido a gravidez mais perfeita que uma mulher poderia ter. Meu bebê era amado mesmo quando não sabíamos o seu sexo, ou como se chamaria. Fizemos seu chá de bebê, compramos seu enxoval, suas roupinhas e brinquedos e nós ficávamos mais apaixonados por ela, e por nossa vida a cada dia que passava.

No dia 05 de Agosto eu entrei em trabalho de parto e foi ali, naquele momento em que tudo mudou. Teve algumas complicações, Antônia estava com o cordão umbilical enrolado no pescoço e por esse motivo tivemos que ir as pressas pra sala de cirurgia, onde fizeram uma cesárea. As 15:15 do dia 06 de Agosto minha filha estava em meus braços, perfeita. Com seus cabelos claros, um pulmão potente, dez dedinhos nas mãos e dez nos pés. Daniel era apaixonado por ela, e eu também, mas com o passar dos dias eu me sentia sufocada, deprimida e eu soube na hora o que estava acontecendo, eu entrei em depressão pós-parto. Eu era uma psicóloga e sabia como isso funcionava. Eu tentei não me sentir culpada, ou achar que tudo era minha responsabilidade. Eu tinha um marido maravilhoso que me ajudava com tudo, e uma filha incrível, mas a cada chorinho, eu sentia vontade de me esconder no meu guarda roupa e nunca mais sair. Tentei por um mês fingir que tudo estava bem, mas eu só piorava. Parei de cuidar de mim e da minha família, deixei Antônia em cuidado total de Daniel. Quando ela completou três meses uma súbita onda de pânico tomou conta de mim, eu achei que iria melhorar, mas só estava piorando. Comecei a ter pensamentos ruins, e em plena madrugada resolvi que precisava de um tempo. Precisava proteger meu marido e minha filha. Eu precisava me curar. Então eu fiz o que nenhuma mãe – mulher no mundo deveria fazer: EU LARGUEI A MINHA VIDA!

Assim que sai de casa eu me arrependi, mas eu precisava disse por um motivo maior. Fiquei uma semana andando sem destino, apenas com algumas roupas em uma mala, não avisei a ninguém a onde estaria. A essa altura Daniel deveria me odiar, e eu não o culpava, não mesmo. Ele merecia coisa melhor, e eu não podia dar isso a ele.

Mudei-me pra São Paulo onde comecei um tratamento com terapias, remédios. Que irônico, uma psicóloga formada, precisando de ajuda. Mas é assim que a vida funciona você nunca esta imune a nada.

Um ano foi o tempo que levou pra eu me curar e perceber a merda que eu tinha feito. Um ano perdido da vida de minha filha e meu marido. Um ano que eu havia jogado tudo pelos ares. A única memória que eu guardava de
Antônia e Daniel, era uma foto que ficava na minha carteira de quando estávamos na maternidade e ela estava mamando no peito pela primeira vez. Era a única coisa que eu tinha da minha filha, e essa foto foi o que me deu forças pra seguir em frente e me curar por ela. Eu os amava demais e faria tudo por eles.

— Você está pronta pra voltar para sua família Helena. — Dizia o Doutor Roberto.

— Eu me sinto pronta e espero que Daniel me perdoe.

— Ele irá. Pode demorar anos, mas ele irá.

Mas eu me enganei. Voltei pra casa e fui informada que Daniel havia se mudado para o Interior do Rio de Janeiro, com seus pais e minha filha. Daniel tinha recomeçado a sua vida e eu não podia fazer nada contra isso.


Foram meses, anos de procura por Daniel e minha filha, e por fim ou por destino eu os encontrei perto de uma cidade que eu estava. Eu por uma semana fiquei os observando pelos cantos. Daniel estava mais maduro e com uma postura mais rígida, mas seu olhar era o mesmo por qual eu havia me apaixonado. E Antônia, meu Deus, ao olha-la pela primeira vez eu chorei como uma criança pequena. Chorei porque ela estava linda, crescida e parecia feliz e por um momento eu me chutei internamente por ter perdido todos esses anos da via dela. Será que ela sabia quem eu era? Será que ela tinha alguma foto minha? Será que ela tinha uma pessoa a quem chamava de mãe? Eu a amava demais e não iria suportar que tivesse outra mulher em meu lugar, não ocupando o espaço de mãe para minha filha.

Uma bela noite eu tomei coragem e apareci na porta de Daniel e me arrependi na mesma hora que toquei a campainha, mas nada em todos esses anos me feriu mais do que o seu olhar de desprezo pra mim. Suas palavras eram duras, e com um ódio que eu nunca tinha visto nele. Ele não era mais aquele menino doce da faculdade. Ele era um homem diferente agora. Ele pediu pra que eu nunca mais voltasse para sua vida e para vida de Antônia, mas eu nunca poderia fazer isso. Eu estava ali pra reconquista-lo e faria isso. Custe o que custar.

— Você será meu novamente Daniel, e Antônia também. — Eu digo olhando pra foto que eu nunca tirei da minha carteira. Essa foto me lembra um momento em que eu era feliz e não soube aproveitar. Lágrimas grossas escorrem pelos meus olhos e meu coração se aperta de saudade.

Pego meu telefone e disco o numero que agora é tão conhecido e espero a chamada completar. Um toque. Dois toques.

— Alô? — Uma voz que eu imagino que seja da Antônia atende. Fico em silencio. É patético, eu sei, mas é o único jeito que eu consigo de ficar perto deles.

— Desliga meu amor, deve ser engano — Ouço Daniel ao fundo falando.

— Ok papai. Tchau engano — Antônia diz e a ligação é encerrada.

Depois dessa tentativa patética de ficar perto da minha filha e do homem que eu amo, eu me deito e trago a foto pra perto e aperto contra meu peito, como se de alguma forma, isso fosse aliviar a dor que eu sinto. Um momento depois eu caio num sono profundo onde eu sonho com uma linda menininha de cabelos loiros, sorriso fácil e seu pai ao seu lado. Sonho com a minha família.


Recadinho. 

Espero de coração que tenham gostado. Eu amei escrever esse capítulo, amei dar uma chance pra Helena se explicar.

Comentem muito e vote, preciso saber o que estão achando. 

Volto quinta feira. Beijocas e vocês são demais! ♥

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