Boa leitura!
Acabo de deixar Antônia na escola, e sigo pra faculdade onde preciso enfrentar as feras que eu chamo de aluno. Eu nunca pensei em ser professor, na verdade, eu pensava em trabalhar pra uma empresa grande, mas quando eu fiquei com minha filha eu precisava agir rápido, então procurei um antigo amigo de faculdade e me indicou a vaga pra professor, e hoje estou aqui.
Gosto do que faço, é claro. Além disso, é com esse salário que eu consigo manter minha vida no ritmo e ter uma condição boa pra que Antônia possa desfrutar de tudo o que quiser.
Assim que estaciono o carro na minha vaga ouço meu telefone tocando, e me assusto ao ver que é da escola.
— Alô? — Eu atendo e sinto meu coração falhar uma batida, com certeza aconteceu algo.
— Daniel, aqui é a Sara, a professora da Antônia — Ouço a voz calma de Sara e vozes ao fundo.
— Estou ouvindo — Eu digo e depois percebo que soei grosso, não era a intenção.
— Estou ligando pra informar que estou indo com Antônia pro Hospital das Clínicas, ela caiu e bateu com a cabeça no chão, houve apenas um arranhão, mas como é a cabeça, é melhor ir ao médico. — Ouço o que ela diz e nesse momento meu mundo para. Sei que não deve ter sido nada grave, mas eu nunca gostei desses pequenos acidentes que crianças sofrem, e sempre sofri ao ver minha filha machucada.
— Encontro com vocês em poucos minutos — Eu digo e estou quase desligando, mas eu me lembro de agradecer — Obrigado Sara.
— Te vejo em breve, Dani — Ela diz e desliga.
Nem cheguei a sair do carro quando recebi o telefonema, então deixo uma mensagem pro diretor da faculdade, e sigo em direção ao hospital. Demora uns quinze minutos até que eu consiga uma porra de vaga pra estacionar, e assim que faço, corro como um louco porta a dentro.
— Minha filha, Antônia Alvez— Eu digo para uma senhora que está com uma roupa branca, vejo no seu crachá que se chama Norma. Ela me olha por cima dos óculos e dá um sorriso simpático.
— Oi rapaz, sua filha está naquela salinha — ela diz apontando e escrevendo alguma coisa na prancheta e continua — ela está bem, só precisa de um pouco de repouso. Vá até ela. — Ela sorrir
— Obrigado — Eu digo e corro em direção a sala.
Assim que chego na sala meu coração se parte. Antônia está encolhida no colo de Sara. Seus olhos estão vermelhos e ela tem um pedaço generoso de curativo na testa, ela me olha e começa a choramingar. Rapidamente vou em sua direção, e a pego no colo e ai que o choro começa de verdade.
— O que aconteceu meu amor?
— E- eu fui levar o meu caderno pra ti-tia Sara e esco-correguei no lápis que estava no chão e ba-bati com a cabeça na cadeira — Ela diz soluçando e eu aperto ainda mais em meu colo.
— Ela está bem Dani, só um pouco assustada. — Sara diz sorrindo e aperta meu ombro e nesse instante sinto um formigamento na espinha, e o local onde ela toca fica quente.
— Obrigado Sara por cuida dessa garotinha — Eu digo sorrindo e ela sorrir de volta. — Vem eu vou te levar pra casa e Sara, te darei uma carona. — Eu digo e me levanto.
— Eu vou aceitar — Ela diz e me entrega alguns papeis de receita que o médico deixou com ela e saímos da sala.
— Pai, nos podemos ir ao McDonalds, por favor? — Antônia pede enquanto eu afivelo o cinto da sua cadeirinha no banco de trás do carro. Ela me olha com seus olhos pidões e mais uma vez, eu me repreendo por não conseguir dizer não a ela.
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PERDAS E DANOS
RomanceAos 25 anos, Daniel é abandonado pela esposa, e se vê assumindo a responsabilidade de cuidar de sua filha de apenas 3 meses de idade. Aos poucos, sua vida vai entrando nos eixos, e no final, ele consegue se sair como o melhor pai de todos. Com o te...