Epílogo.

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5 anos depois.


— Mamãe, é a minha vez. — Ouço de longe a voz de Antônia

— Calma, ainda falta duas idas pro Miguel, e logo será você. — Sara fala com a sua voz calma como sempre.

— É! Ainda é a minha vez! — Miguel grita e logo começa a rir. Aposto que Antônia deve ter feito alguma palhaçada pra ele.

Volto aos meus afazeres e continuo ouvindo a brincadeira do lado de fora de casa. É sempre a mesma coisa. Os finais de semana são sagrados para família, porém, depois que eu assumi a direção da Faculdade Federal de Seropédica, minhas obrigações aumentaram cem por cento, mas, eu sempre coloco minha família em primeiro lugar.

Sorrio ao lembrar do passado e ver como a minha vida mudou. Desde o momento em que Sara entrou na minha vida, tudo mudou pra melhor. Construímos uma família incrível. Cada dia que passa, eu me apaixono mais por ela, me apaixono pela mulher forte que ela se tornou, me apaixono pela mãe que ela é. Eu a amo tanto que dói.

— Papai? — Ouço uma vozinha fina e sei que Sofia acordou.

Me levanto e vou em direção ao seu quarto que fica em frente ao meu escritório, e a pego no colo, olho pra cama ao lado e seu irmão dorme tranquilamente. Os gêmeos vieram de uma forma inesperada, dois anos depois do nascimento de Miguel, e eu não fazia ideia que eu poderia amar mais.

— Tá tudo bem princesa? — Pergunto a pegando no colo e beijando seus cabelinhos castanhos claro. Ela balança sua cabecinha e logo abre um sorriso cheio de dentes de leite. — Quero Tonton. — Ela pede e eu sorrio ao notar em como minhas filhas são grudadas. Mesmo com recém onze anos completados, Antônia ainda é aquela doce menininha que fora um dia. Atenciosa e apaixonada pelos irmãos gêmeos e ainda mais por Miguel.

— Eles estão lá fora brincando, vamos. — Saio do seu quarto, mas antes dou uma olhada em Rafael, e ele dorme como um anjinho.

Assim que chegamos ao quintal, vejo Sara correndo junto com Miguel e Antônia. Quem olha Miguel, nem consegue imaginar que é uma criança que nasceu prematuramente. Ele é grande pra sua idade, e de uma inteligência mágica, é uma cópia fiel de Sara, e me tem na palma de sua mão, ah, quem eu quero enganar? Todos os meus filhos me tem em suas mãos. Sofia se contorce em meu colo e logo a solto no chão, e ela sai correndo em direção à mãe e os irmãos.

— Vem papai! — Antônia me chama e vem em minha direção.

— Eu tenho que terminar umas coisinhas, e logo venho ficar com vocês. — Eu digo abraçando-a e beijo sua bochecha. Ela ainda tem as feições de criança. Cada dia que passa se parece mais com Helena. — Hoje é dia da sua mãe te ligar, não é?

— É sim, ela me mandou uma mensagem mais cedo, e disse que assim que puder, me faz uma ligação. Estou com saudades dela. — Ela diz triste e eu aperto seu corpo contra o meu.

— Ela também sente a sua falta, sabe disso, não é?

— Eu sei papai, só é difícil me acostumar com a ausência dela. — Ela diz dando de ombros e sorrir. — Vou ficar um pouquinho com Soso, e depois você vem. — Ela diz e volta pro quintal pra brincar com as crianças e Sara.

Ano passado Helena teve que se mudar pro Canadá, já que André foi transferido na empresa em que trabalhava, ela quis levar Antônia com ela, mas, eu disse que isso não era um assunto nem pra se discutir, e combinamos que ela passaria o Natal com ela, desde então, elas se falam por Skype e telefone. Sei que minha filha sente falta da mãe, mas, o seu lugar é ao meu lado.

Volto pro meu escritório e continuo revisando uns documentos, quando meu olhar cai pra foto de Dorothy em cima da minha estante. Sinto falta dela, a sua morte foi difícil pra toda nossa família. Ela era como uma mãe pra mim, e tinha meus filhos como seus netos. Por um lado, sua morte foi um descanso. Descobrimos que ela tinha câncer nos ossos e dois meses depois, ela se foi numa madrugada fria, ela foi sabendo que era amada e muito especial pra nós.

Depois de um bom tempo, termino os meus deveres e saio em direção a minha família, e acabo trombando com um pequeno serzinho que creio eu tenha acabado de acordar.

— Papai, cadê todo mundo? — Rafael pergunta com a sua vozinha de quem acabou de acordar.

— Tá todo mundo lá fora brincando, vamos? — Eu pego ele no colo, e ele encosta sua cabeça no vão entre meu ombro e pescoço.

Assim que chegamos no quintal, ele acorda de vez e pula do meu colo, e sai correndo pra brincar, vejo Sara vindo em minha direção e sorrio.

— Achei que não ia sair nunca, querido. — Ela diz me beijando carinhosamente e passa a mão pelo meu rosto. Mesmo depois de tanto tempo, eu ainda amo esses momentos de carinho dela comigo.

— Estava terminando os últimos documentos. Estava louco pra vir ficar com vocês.

— Eu sei, vem, vamos brincar com as crianças, cansa-las bastante e logo teremos a noite todinha pra nós dois. — Ela diz sorrindo e corre em direção as crianças que estão brincando com Bob, Poppy e o filhote deles.

Olho a minha família e me sinto o homem mais sortudo do mundo. Se no passado, me dissessem que eu passaria por tudo o que passei, mas, que no final teria como recompensa uma mulher incrível, quatro filhos perfeitos, eu aceitaria passar por tudo de novo, sem tirar e nem por.

Por um tempo, eu deixei de acreditar que coisas boas poderiam acontecer em minha vida, e quando eu menos esperei Sara apareceu. Eu precisei encarar demônios do passado, precisei perdoar a minha ex mulher por tudo o que ela me fez, precisei crescer antes do tempo, precisei aprender a ser pai e homem quando fui deixado sozinho. Eu aprendi que tudo, exatamente tudo o que acontece em nossa vida tem um porque, nada nunca acontece por acaso. Se hoje as coisas estão ruins, é só esperar que logo elas ficaram melhores. 

É preciso vir a tempestade, pra logo chegar o sol, a calmaria. Sara foi a minha calmaria depois de uma longa tempestade que a minha vida ficou. Sara e meus filhos, são o meu Sol, e eu nunca terei palavras o suficiente pra agradecer a Deus por nunca ter desistido de mim, e por ter me presenteado com a coisa mais importante que eu tenho na minha vida, a minha família.


Recadinhos

• Não aguentei esperar e tive que postar logo! 

• É com uma imennnnnnsa dor no coração que eu me despeço dessa linda história. Não foi uma história fácil de escrever, recebi muitos comentários negativos, mas, muito mais positivos. Tenho uma legião de leitores fieis e lindos demais, que nunca me desapontam e sempre estão comigo. Eu amo cada um de vocês! E se eu escrevo, é por que vocês me dão força pra continuar. 

Espero que tenham gostado da história, e do fim que ela teve. Terá um capítulo especial contando o final da Helena. 

Um grande beijo pra vocês, e nos vemos em breve.


PERDAS E DANOSOnde histórias criam vida. Descubra agora