Capítulo 15

8.3K 810 65
                                    


Boa leitura!! 


A semana passou num borrão. Na faculdade os alunos estavam eufóricos, pois o final do primeiro semestre chegava ao fim, então eram provas e mais provas, entregas de trabalhos, escolhas do tema pro TCC, e sem contar, as aulas extras que eu lhes aplicavam sobre o bullying e o resultado estava sendo o mais positivo possível.

Antônia não se aguentava de ansiedade por causa da sua festa, eu e Helena participamos de todos os preparativos, das escolhas dos docinhos ao seu vestido de princesa, mas uma coisa estava me deixando aflito. Sara. Ela vinha se mostrando distante, e um pouco diferente, procurei saber o que era e ela apenas dizia que a correria na escola.

Aqui estou eu sentado num restaurante esperando por Helena. Adiei ao máximo que pude essa conversa, mas eu preciso falar tudo o que está engasgado, pelo bem do meu relacionamento com Sara. Depois de pedir uma taça de vinho, vejo Helena chegar. Eu seria um idiota se não notasse, mas ela continua linda como sempre foi, o tempo só fez bem a ela. As vezes me pergunto se nossa vida tivesse tido um rumo diferente, será que ainda seriamos casados? Será que teríamos outros filhos? Será que ainda estaríamos morando aqui no Brasil? Deixo meus devaneios de lado quando a vejo se sentado no lugar a minha frente. Ela tira seu terninho azul claro e o coloca sobre a bolsa. Ela sorrir.


— Oi Dani, fiquei feliz quando recebi sua ligação hoje cedo. — Ela diz prendendo seus cabelos num coque frouxo, certos hábitos nunca mudam. —

O que precisamos conversar? É algo sobre a festinha da Tonton?

Eu a olho como se eu não a conhecesse. Como pode uma pessoa que você um dia jurou conhecer como a palma de sua mão, se parecer um desconhecido diante de seus olhos?

— Oi Helena, vamos almoçar e então poderemos conversar. Pode ser? — Eu pergunto chamando o garçom e ela concorda com a cabeça. — Ansiosa pra festa de Antônia, afinal de contas, é a primeira vez que você irá comemorar com ela. — Eu digo casualmente e vejo seu sorriso morrer.

— E lá vamos nós pras alfinetadas. Será que um dia você irá me perdoar pelo que fiz?! Será Daniel? Será que um dia você procurou saber os motivos que me levaram fazer o que fiz? Será Daniel? — Ela diz com sua voz morrendo no final.

— Helena o que você fez não tem explicação ou desculpas. — Eu digo e o garçom chega. Faço meu pedido e Helena faz o dela e mais uma vez ficamos a sós. — Você abandonou a sua filha de três meses, abandonou seu marido no meio da noite, e você quer que eu te desculpe por isso?

Nossos olhares travam uma batalha. Ela me olha e eu a olho. Ela pisca e eu pisco. Confesso que nunca passou pela minha cabeça que ela tenha tido um motivo pra nos deixar, mas se isso foi o caso, porque ela não me procurou? Eu era seu marido, eu enfrentaria tudo com ela. Nosso pedido chega, e mais rápido do que eu julgo ser possível, o garçom volta pra cozinha. A tensão na mesa é palpável, ela poderia ser cortada com uma faca.

— Coma — Eu digo apontando pro seu prato e ela nega com a cabeça. Eu concordo e levo um pouco do salmão até a minha boca, está bom.

— Eu fui diagnosticada com depressão pós-parto. — Helena começa a falar e ela tem toda a minha atenção. — Muitas mulheres tem, mas existe vários tipos e estágios da depressão, e eu como uma psicóloga sabia qual estágio era a minha. Era o pior. Quando você saia pra trabalhar e eu ficava com Antônia era tudo perfeito, mas ela começava a chorar e eu queria chorar junto, porque eu não sentia vontade de cuidar da minha filha. Eu só queria desaparecer e só voltar quando ela estivesse falando. Daniel, você e Antônia era tudo o que eu tinha de mais valioso. Você lembra de como esperamos por ela? — Ela diz tão baixo que eu quase preciso me levantar pra ouvi-la.

PERDAS E DANOSOnde histórias criam vida. Descubra agora