Capítulo 17

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Boa leitura! 


Helena

— Sabia que tenho hora marcada com Sara hoje? — Eu digo enquanto André passa as mãos lentamente por toda a minha costa e traça o desenho da minha tatuagem. Tínhamos acabado de fazer amor, e como sempre, ele gostava de me segurar contra seu corpo. E eu amava isso.

— Aconteceu alguma coisa? — Ele pergunta curioso, assim como eu fiquei.

— Eu não sei, ela apenas disse que queria uma hora comigo, como paciente e não como a namorada do meu ex-marido. Confesso que eu não entendi bem, mas eu fiquei curiosa. Sara é uma boa pessoa, e espero de coração que eu consiga ajuda-la.

— Será que ela vai pra confrontar você, ou pedir conselhos sobre o Daniel? Afinal de contas, vocês eram casados. — André diz e eu sinto uma pontinha de ciúmes na sua voz. Por mais que ele não confesse, eu sei que ele não se sente tão à vontade quando eu falo sobre o Daniel.

— Eu não sei, mas se eu puder ajudar, eu farei. Você sabe, não precisa ter ciúmes, né? — Eu digo me levantando e me sentando em seu colo. Ele revira os olhos e um V se instala no meio de suas sobrancelhas. — Eu amo você André, e já te disse que entre eu e Daniel é apenas uma forte amizade, e o elo Antônia que nos liga. Nada além.

— Eu sei, eu sei. — Ele diz puxando meu corpo de encontro ao seu e me beija rapidamente nos lábios. — Mas eu sou homem, e sinto ciúmes. Processe-me por isso. E eu nunca canso de ouvir você dizer que me ama.

— Eu te amo. Eu te amo. Eu te amo — Eu digo repetidas vezes, ele sorrir. Um sorriso diabólico, então encaixa seu corpo no meu e um arrepio sobe por todas minhas costas.

— Eu te amo — Ele diz movimentando-se lentamente, e mais uma vez fazemos amor.

***

Depois de muito implorar para que André me deixasse sair de casa, eu consegui chegar ao consultório. Tinha duas consultas antes de Sara chegar. Cheguei ao consultório pontualmente ao meio dia. Assim que entrei fui recebida por minha secretária, uma senhora muito eficiente e que era meu braço direito desde que eu havia montado meu próprio negócio.

— Dra. Helena, infelizmente a Márcia desmarcou, disse que não conseguiu ninguém pra ficar com o filho, e que seria melhor pra próxima semana. — Laura diz sorridente e anota algumas coisas em sua agenda.

— Tudo bem, então eu só tenho consulta pras 14h00min e outra pras 15h00min, não é?

— Na verdade — Ela diz e olhando pro computador. — Eu fiz um encaixe, tinha uma menina que precisava muito falar com a senhora, me disse que você a conhecia. Sara Martins, o horário dela será às duas horas.

— Oh, sim, tudo bem. Assim que ela chegar, mande-a entrar. — Eu digo entrando em minha sala.

Assim que me sento em minha cadeira, eu olho em volta e penso em quanto eu lutei pra chegar aonde cheguei. Assim que passei pra faculdade de psicologia meus pais praticamente abriram mão de mim, disse que eu nunca conseguiria chegar aonde cheguei. Segundo meu pai, eu deveria seguir a sua carreira de advogado, e minha mãe coitada, submissa como era apenas concordava com ele. Batalhei muito, abri mão de muitas coisas, e graças ao estágio que eu consegui quando infelizmente abandonei minha família, consegui juntar um dinheiro e quando voltei, pude abrir meu próprio consultório.

Olho ao redor e vejo as fotos de Antônia que decoram o local. Uma é de quando ela tinha acabado de nascer, eu e Daniel a olhávamos como se ela fosse a coisinha mais linda que já tínhamos vistos, apesar dela parecer um joelhinho de tão enrugadinha que estava. A outra foi quando eu, ela e André fomos viajar para Penedo, ela estava visitando a casa do Papai Noel e ficou encantada com tudo, e a terceira foto é no dia do seu aniversário, eu ela e André. Sorrio ao lembrar em como o André ficou encantando quando descobriu que eu tinha uma filha. Ele havia sido casado por muito tempo, mas acabou se separando pois ele e a esposa tinham sonhos diferentes. Ele queria filhos, ela, queria apenas gastar o seu dinheiro com viagens e roupas. Cada um seguiu o seu caminho, e graças a isso, nos encontramos e ele praticamente adotou Antônia como sua filha. 

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