Boa leitura!
Os dias estão se passando cada vez mais rápido, e em uma semana a minha pequena completa seis anos. Olhando pra trás eu vejo o quanto a nossa vida mudou, o quanto eu amadureci, e acima de tudo, o quão bem eu consegui criar a minha filha sozinho. Claro, que isso nunca esteve nos meus planos. Eu sempre quis seguir a risca a ordem natural da vida: você se apaixona, casa, vira pai e cuida do seu filho junto da sua esposa, mas isso comigo nunca aconteceu. Bem, não até três meses atrás.
Desde que Helena voltou minha filha é outra criança. Lógico que ela sempre foi cheia de vida, inteligente e carismática, mas eu sempre notei que faltava algo nela. Uma figura materna. Por um bom tempo essa figura foi substituída por minha mãe, mas logo depois a morte dela, foi substituída por Dorothy, nossa incrível e amada vizinha. A mulher nos acolheu de braços abertos.
Deixo meus pensamentos de lado quando ouço o sinal do intervalo tocar e vejo os alunos alvoroçados juntarem seus materiais e correr até a saída como um diabo foge da cruz. Ah, os jovens, sempre com a vida tão complicada, com seus amores frustrados. Vejo que apenas um aluno ficou sentado no fundo da sala, vou até ele.
— O que faz aí Matheus? O sinal tocou, está livre pro final de semana — Eu digo brincalhão e vejo seu sorriso de lado, mas antes noto algumas folhas de papel amassada em volta da sua mesa.
— Eu sei professor, mas eu apenas optei por ir embora depois que todos fossem. Eu não gosto de me misturar com algumas pessoas, elas são um pouco ruins comigo — Ele diz e dá de ombros enquanto ajeita seu óculos sobre os olhos e continua fitando sua mesa.
— O que você quer dizer com "eles são um pouco ruins comigo?"
Ele se mexe desconfortavelmente na sua mesa e dá um sorriso sem vida e por um momento eu sinto uma puta pena do garoto. Espero de coração que não estejam praticando bullying com ele em minha matéria.
— Professor eu sei que o senhor não vê e não o culpo por isso, mas é a aula toda, em todas as aulas que ficam jogando papéis em mim, me chamando de estranho ou até mesmo zombando sobre o meu estranho jeito de prestar atenção na aula. Eu não quero fazer disso grande coisa, mas eu realmente não aguento mais ser zoado e nunca ter feito nada com ninguém — Ele diz e se levanta, e vai embora sem me dar a chance de responder. Olho em volta e vejo as folhas de papeis amassadas e vejo o que está escrito e meu estomago embrulha.
Pego minha pasta com alguns dos exercícios deixados em cima da minha mesa e saio da sala mais determinado do que nunca. Esses imbecis que eu chamo de aluno, eles terão uma boa aula na segunda feira, e Deus permita que eu tenha a cabeça fresca para não fazer nenhuma merda.
***
Assim que eu chego em casa noto um carro diferente na garagem, talvez seja Helena com o seu novo namorado. O André até que é um cara legal, conseguimos manter uma amizade sincera desde que ele trate bem a minha filha. A regra numero um da minha vida é: trate minha filha bem, e eu serei seu amigo pra sempre. Enquanto ele se enquadrar nisso, estou bem em relação a ele.
Saio do carro e corro pra entrada de casa quando eu sinto um cheio maravilhoso de frango assado e tomilho, e esse cheio é muito familiar.
Quando eu entro sou recebido por uma Antônia ligada na pilha 220 wolts, pulando e gritando pela casa, enquanto André e Bob correm atrás dela. Helena está na cozinha e como eu suspeitava ela está cozinhando.
— Papai! Você chegou! Mamãe tá fazendo o franguinho que eu pedi, tio André tá brincando comigo e tia Sara tá chegando daqui a pouco — Antônia diz quando pula no meu colo e me abraça apertado. Já estou acostumado a chegar em casa e encontrar a casa cheia. Um dia é Sara que inventa uma janta e resolve trazer um casal de amigos, outra é Helena que faz o jantar e depois leva Tonton pra sua casa.
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PERDAS E DANOS
RomanceAos 25 anos, Daniel é abandonado pela esposa, e se vê assumindo a responsabilidade de cuidar de sua filha de apenas 3 meses de idade. Aos poucos, sua vida vai entrando nos eixos, e no final, ele consegue se sair como o melhor pai de todos. Com o te...